Ever since Veneza | H.S

06 | Eu acho que gosto disso

Catherine

Eu deveria trabalhar. Eu deveria dormir. Deveria fazer qualquer coisa, menos pensar nele, naqueles lábios, naquele cheiro, naquele cabelo castanho bagunçado e sempre puxado um pouco para trás, naquele maxilar, nos seus olhos verdes, nas tatuagens que o deixavam absurdamente sexy.

Calor tomou conta de meu corpo, e fiquei tensa.

Engatinhei por cima da cama e me enfiei debaixo da colcha. Lençóis frios e ásperos me envolveram como a mão fria de alguém. Mas meu tremor vinha de outra coisa, totalmente diferente.

O som de meu nome em seus lábios desfazia qualquer defesa.

Mas e se eu o beijasse e gostasse demais? E se eu quiser mais? E se eu me apegasse e acabasse frustrada e assombrada?

Deslizei a mão lentamente entre minhas pernas para acabar com esse desejo maluco quando de repente, em algum lugar, ouvi aquele toque.

De onde estava vindo? Olhei em volta, o som ficava mais alto a cada segundo. Br-rrring! Br-rrring! Aquele toque de celular... tudo voltou voando, eu me esqueci completamente de entregar a porra do artigo. Sabia o que iria encontrar antes mesmo de puxar o celular da bolsa, mas não deixei de ficar chocada ao ver aqueles dois nomes na telinha: Anna Wintour. Eu não vou atender. Não posso. Respiro fundo e aperto "ignorar", como um impulso joguei o celular na cama. O toque recomeçou quase que imediatamente. Meu coração começava a bater mais rápido e ficava cada vez mais difícil encher os pulmões. Inspire, expire, instruí a mim mesma. O telefone tocou de novo. Seria completamente imprudente ignorar a segunda ligação. Eu simplesmente não podia. Tremendo fui para onde meu celular estava e quase aos prantos, toquei na tela e disse alô.

— Catherine? Já faz uma eternidade que estou esperando seu e-mail. Só vou lhe perguntar mais uma vez. Cadê. O. Artigo?

— Sinto muito, Anna.

— Quero imediatamente. É só o que eu tenho a dizer — E, antes que eu pudesse dizer mais uma palavra, a ligação foi encerrada.

Como se todo o efeito Harry Styles estivesse passado pulo da cama e pego meu notebook e anotações.

— Certo, vamos lá — inspirei fundo e liguei a tela — Você consegue garota. Você é foda, excepcional — Dispersa precisei de mais cinco minutos para reunir energia. Pensei em apoiar minha cabeça no tampo para colocar a cabeça em ordem, mas a voz de Anna invade minha mente.

Joguei sobre a cama a pilha de anotações que eu tinha feito. Beatles tocava alto nos alto-falantes presos ao meu notebook. Então comecei a escrever.

Antes do sono me levar embora, trabalhei disciplinadamente as duas horas seguintes, só parando para ligar as vezes para Anna. Por volta das duas da manhã consigo enviar o que ela havia me pedido e um pouco mais - para compensar o atraso. Uma descrição resumida do desfile, somente um pouquinho maior do que um release, dois artigos de 500 palavras falando sobre as tendências que eles traziam e como usar as peças mais bafônicas, e a história e o conceito da coleção de duas mil palavras.

Acordei frustrada, perdida e ansiosa.

Luz do sol entrava pela, iluminando os dourados do quarto diante de mim.

Estava me consolando com a promessa de um café quente e talvez, só talvez, um gelato com gotas de chocolate. No restaurante do hotel eu parecia divertir o atendente enquanto tentava agradecer pelo café da manhã com meu italiano enferrujado.

Me levantei da mesa carregando um pote cheio de gelato, está era a solução. Estava prestes a virar o corredor para ir ao elevador quando me esbarrei com Harry.