Harry
Assim que encerrei nossa ligação encostei-me no banco macio do carro, deixando-o se moldar ao redor do meu corpo. Assisto a janela do prédio onde ela trabalha, sem coragem de subir e falar com ela pessoalmente. Ela iria odiar que eu aparecesse de surpresa lá. Isso iria com toda certeza piorar tudo.
O fato é que qualquer deslize meu acabaria com a segurança dela. Como quase aconteceu, claro que poderia ter sido pior.
— Que droga! — Com uma raiva bato as mãos no volante.
Era de cortar o coração saber que eu causei isso a ela.
Penso em sair, ir para outro lugar. Ocupar minha cabeça, mas para onde eu iria? Não conseguia pensar em um único lugar no planeta inteiro que me interessasse. Não havia nada que eu quisesse ver ou fazer. Porque não importava para onde fosse, eu estaria apenas fugindo.
Eu penso sobre nosso último dia juntos no hotel. Diga seu preço, hein? Só me deixe te adorar. Seria como cair, não era preciso esforço.
Mas não. Ela só queria um pouco de diversão e ao que parece gosta de manter nosso status como somente amizade. Isso funciona, afinal. Por que correr o risco de perdê-lo alterando-o?
E ela está certa, eu acho. No entanto, fingir que não tinha qualquer interesse a mais era o máximo que eu conseguia suportar. Mas ainda perdia o fôlego a cada vez que pensava nela. A garota com o sorriso mais lindo que já vi foi entrando no meu coração, bem devagar, até eu ficar completamente louco. Não sabia que a queria tanto.
Eu já estou obcecado o suficiente. É por isso que estou com meu carro estacionado em frente ao trabalho dela, revivendo toda e qualquer memoria que eu tenha sobre Catherine, porque elas inspiram a minha música.
Uma pergunta nunca saía de minha cabeça: O que Catherine está pensando agora? Será que ela está suspirando como quando ficava irritada? Ou ela está enroscando uma mecha de cabelo em volta do dedo enquanto mexe no celular distraidamente? Ou será que ela está batendo o pé no chão com ar impaciente?
Meu telefone vibra, e eu olho para baixo para ver o nome de Jeffrey na tela.
"Onde você está?"
"Eu estou a caminho." Digito apressadamente.
"Não está, você de novo deve está sentado em seu carro escrevendo letras, não é?"
Eu rolo meus olhos e desligo a tela, jogando o meu telefone no banco do passageiro.
Deixo que meus pensamentos voltem para o drama trivial de Catherine. Via seu rosto de vários ângulos, repetido em pensamento atrás de pensamento. "É só uma mulher comum" Falava para mim mesmo repetidas vezes. Será que algum dia eu realmente a vira como uma mulher de aparência comum? Pensei no primeiro dia em que a vi, no meu pouco fascínio por ela. Porém, sem deixar de admitir sua beleza.
O céu logo acima estava limpo, com o pôr do sol aparecendo, um brilho laranja em alguns pontos, rosas em outros. Elas criavam formas majestosas em contraste com o pano de fundo dos suntuosos prédios da cidade; uma cena impressionante. Maravilhosamente bela. Ou melhor, deveria ter sido bela. Teria sido, se eu pudesse estar com ela aqui.
Mas olhei para o céu por mais um instante, tentando ver além do rosto em minha mente. Entre mim e as luzes brilhantes no céu, um par de olhos escuros me olhava de volta. Os olhos de Catherine. Suspirei fundo e comecei a escrever. Era o melhor que eu poderia fazer.
Finalmente com algumas ideias prontas e depois de enfrentar um trânsito terrível chego na casa de Jeffrey, conversamos por um bom tempo até que finalmente nos concentrarmos no trabalho.
— Eu não queria abrir mão de um estilo meio Rock grunge, sabe, acho que é bem diferente e algo que sempre gostei.
— Sim, suas referências são boas.. "Sign of the Times", eu amei essa, com toda certeza tem que ser o primeiro single, ela é boa e épica... a letra é incrível
— Que bom que gostou, acho que foi uma letra muito reflexiva, eu já imagino algumas guitarras e acho que seria legal umas segundas vozes sabe...
— Acho que você não deve só se prender ao rock, faz sentido esse álbum não se ater a um gênero em particular e ser um amontoado de referências a tudo, desde folk, pop e até mesmo ao punk rock, é o que condiz com as letras que você me mostrou.
— Sim, Carolina eu pensei em ser meio folk, acho que seria legal.
— "Woman" letra bem interessante — Jeffrey então começa ler a canção — "Espero que você possa entender o estado em que fico. Enquanto ele está tocando sua pele. Ele está exatamente onde eu deveria estar, Mas você está me fazendo sangrar" — Enquanto ele lê minha mente viaja exatamente para dois dias atrés, o dia que a ideia da música surgiu. Tínhamos acabado de voltar de nosso encontro, e eu estava totalmente enciumado por causa do babaca do Christian...No entanto Catherine parecia aérea a tudo isso. — Isso tem alguma relação com a garota das fotos que estão rolando pela Internet?
— Não me pergunte. Seria vergonhoso explicar.
— Então, vamos continuar...mas antes, eu fiquei realmente interessado — o interrompo antes que estás lembranças me façam cometer algo irracional.
— É sobre ela, ok? Podemos focar nos arranjos sem decifrar a história por trás da letra? — Jefffrey deu uma gargalhada tão alto que o acompanhei.
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Ever since Veneza | H.S
RomanceQuando o caminho de Catherine se esbarra com o do queridinho da música, Harry Styles, ela se vê totalmente envolvida e imersa em um mundo de shows e encontros românticos com a realeza da música. Mas em mundo obcecado por aparências e fama, estariam...