09 | Ever since Veneza

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Catherine

Eu não poderia ceder, com Harry sinto que minha queda seria muito pior do que com Haydan. Ele seria meu fim. Os olhos dele e sua voz eram como uma chave magica que abriam algo que eu queria deixar muito bem trancado.

Era como se estivesse à beira de um penhasco durante toda minha vida e, finalmente, com Harry, senti confiança para pular novamente. Uma confiança extremante perigosa e danosa.

Se eu me permitisse ter confiança novamente e tudo desse errado... Isso me mataria. Haydan não conseguiu acabar comigo, mas Harry conseguiria. Ele é lindo. Familiar e confortável, como uma lembrança que perdi uma vez. Mas não havia dor no mundo que teria justificado não aproveitar ele pelo menos uma vez.

Minha mente estava confusa e lenta, eu estava sonhando com penhascos e Harry. Foi difícil abandoná-lo e acordar. Lutei contra enquanto minha mente ficava mais alerta, concentrando-se na realidade. Estava tão perto de acordar... a qualquer segundo...

— Oh! — disse ofegante, e cobri os olhos com os punhos. Levei menos de um segundo para perceber que o avião já havia pousado e todos estavam se retirando.

A fila se movia lentamente enquanto as pessoas à minha frente tentavam retirar suas malas grandes nos compartimentos superiores em miniatura. Por que as pessoas simplesmente não despacham suas malas para que possamos entrar e sair a tempo?

Eu estava atrasada. ATRASADA!

Pulei dentro de um táxi, corri para casa, tomei um banho de gato na pia do banheiro e apliquei quantidades impiedosas de um desodorante debaixo dos braços, e hidratante perfumado em todo o restante. Corri pelo apartamento procurando roupas. Depois de cinco segundos de ruminações usava uma saia xadrez da burberry com pregas, uma blusa preta básica e botas de couro pretas cano alto.

Consegui abrir caminho pela multidão de gente indo para o trabalho e só precisei de três segundos para percorrer o corredor sinuoso, atravessar para o departamento de moda e já querer voltar para casa. O lugar estava um caos, como sempre. Pelo menos aqui nada mudara. Assistentes arrumavam as roupas freneticamente nas prateleiras, nas paredes, e editoras disparavam para suas salas.

Lana ao me ver desceu rapidamente o corredor, os quadris bem marcados silvando para a frente e para trás, na calça Seven de veludo cotelê, colada à pele. Ela já tinha me dito que eu devia pensar seriamente em comprar uma ou dez dessas, pois estavam entre as únicas calças de veludo cotelê que permitiam ser confortáveis.

— Tão bom ter você de volta — ela diz colocando os braços em volta de meu pescoço e me abraçando forte.

— Parece que está tudo, sei lá...pior — dou de ombros — Só fiquei fora um final de semana.

— É que você se desacostumou.

— As pessoas sempre me encaravam ou eu só desacostumei também? — Sussurei paralisada quando notei que muitos me encaravam. Eu fiquei absolutamente paralisada no meio do movimento, minha mente agindo rápido o bastante para perceber como eu devia parecer ridícula, mas não rápido o bastante para me mover. Os olhares de todos se moviam para cima e para baixo, de um lado para o outro, por toda a minha blusa, a minissaia, as botas. A tensão foi insuportável.

— Ah, Cathy, deixe essas invejosas para la. Conte-me tudo, mal consigo esperar.

— Contar o quê?

— Fala sério! — ela estava guinchando, o que parecia seu único método de comunicação. — Como foi... — Pausa. Inspiração profunda. — Harry?

— Harry? O que foi que você disse? — sussurrei — Lana, o que quer dizer?

Como ela já poderia estar sabendo?

Ever since Veneza | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora