23 | A proposta

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Harry

Eu havia convencido Catherine ficar por mais alguns minutos, depois mais algumas horas. Estava muito apertado à nossa volta; Catherine e eu estávamos tão perto que parecíamos uma só pessoa. Meu coração acelerou com a proximidade dela combinada com a escuridão, isso levou a minha mente a imaginar nossos corpos juntos e suados em cima do meu piano. Tentei mudar meu foco, mas antes que eu conseguisse isso uma imagem de Catherine enterrando os dedos nas minhas costas e gemendo meu nome surgiu na minha cabeça. Afastei essa imagem da mente.

A música estridente através dos alto-falantes era uma canção que tocava muito no rádio, e eu cantei a letra junto. Era uma música mais lenta, e eu balançava meu corpo um pouco, enquanto cantava. Catherine acompanhou meu movimento.

Eu não queria parar, mas sabia que isso seria o certo. O que estávamos fazendo era tolo e perigoso. Alguém iria se machucar. Mesmo sabendo disso, meus dedos deslizaram do cabelo dela para as costas, acariciando-a. Eu queria muito deixá-los descer mais...Também queria me inclinar e beijá-la, mas coloquei de lado os dois desejos. Eu não queria que a canção acabasse, não queria que a noite terminasse, mas logicamente os dois chegaram ao fim. Ela estava claramente exausta. Cathy mal conseguia andar em linha reta.

— Vem, vou te levar para casa.

— Não Harry. Essa é sua noite, não posso deixar que faça isso.

— E eu não posso deixar que pegue um táxi sozinha, desse jeito — Segurando sua mão, eu a levei até a porta. Eu quase podia sentir Jeffrey olhando fixamente para mim; todo o lado direito do meu rosto ardia com o olhar penetrante dele, mas eu me concentrei em sair daqui. Jeffrey saiu de sua rodinha e fez uma pergunta para Mitch e em seguida, veio até mim.

— Olha só, Harry, nós vamos jogar sinuca. Você vem? — Pelo olhar em seu rosto, ficou claro que ele queria que eu ficasse.

— Não, Agora não. Preciso levar Catherine para casa — Jeffrey simplesmente olhou para mim em resposta. Ele me pareceu dividido, deu para perceber. Sabia que eu tinha razão, precisava levá-la para casa, mas obviamente estava preocupado com o que poderia acontecer se eu fosse embora sozinho com ela. Após uma longa pausa, ele finalmente me disse:

— Tome cuidado, Harry. Você não precisa de notícias suas espelhadas pela internet essa noite ... e não se esqueça de Camille — Sussurrou Jeffrey, perto o suficiente para que Catherine não escutasse.

— Não se preocupe —  Jeffrey saiu satisfeito e eu deixei escapar um longo suspiro de alívio.

Exausta, Catherine deitou a cabeça no meu ombro. Ela apagou como uma lâmpada no momento em que sai com o carro da garagem.

Minha mente rodou e travou uma batalha interna enquanto eu dirigia. Eu queria a amizade de Catherine, queria seus braços em volta de mim. Esses desejos não eram compatíveis, até eu entendia isso, e sabia que se a minha atração física por ela continuasse solta e salvagem, aquilo poderia dar muito errado. Se as coisas não fossem controladas, aquilo poderia significar o fim de tudo, isso iria destruir tudo.

Quando estacionei na frente de seu prédio, desliguei o motor e olhei para ela, que ainda dormia. Parecia muito confortável e contente. Dentro de mim foi crescendo um desejo de envolvê-la com os braços e segurá-la com força. De contar o quanto ela significava para mim; de confessar que ninguém me via do jeito que ela conseguia ver, e que ninguém se importava comigo como ela. Eu também queria dizer que gostava dela de um jeito que, às vezes, me assustava terrivelmente.

Ever since Veneza | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora