49| Sim ou não?

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Catherine

Daqui um dia eu estaria indo de uma passarela à outra, o caderno de anotações na mão, preparando-me para retomar aos Estados Unidos e dizer à sociedade o que estariam e o que gostariam de estar usando por meio de um único post.

Umas duas horas antes de retornar ao escritório, tinha dado a Emily uma lista de designers cujos looks gostaria de ver, mesmo antes do desfile. Com os editores de sempre ela correu a organizar os books para mim. As roupas estavam sob o cabide ainda, ou na prova antes do desfile, muitas vezes ainda nem mesmo tinham sido finalizadas mas eu já pedia para vê-las. Precisava mostrar serviço. Era minha primeira semana de moda como editora chefe.

Eu ainda não podia acreditar. Eu era a editora chefe da Vogue. Quando eu precisava de ajuda, o resto do staff era obrigado a cooperar. Sim, é claro que havia um quê desconcertante na consciência de que se não fosse minha posição, essas mesmas pessoas não sentiriam a menor culpa de passar por cima. Seja como for, eles aceitavam minhas ordens.

O trabalho normal deu uma parada, e todo mundo se concentrou em me despachar para Paris adequadamente preparada. Três assistentes do departamento de moda reuniram rapidamente um armário que incluía cada peça que se pudesse imaginar que eu viria a precisar para todo evento concebível.

Talvez eu precisasse ir a um bar com um estilista para bebericar uma taça de Bordeaux? A roupa certa estaria na mala. Ir ao clube de tênis onde eu teria aulas particulares? Um traje atlético colegial da cabeça aos pés, na mala. E para eu sentar na fila da frente desses desfiles? As opções eram ilimitadas.

Também descobri que Alison, a editora de beleza, merecia de fato seu cargo, sendo, literalmente, a indústria da beleza. Em vinte e quatro horas depois de "ser anunciado" que eu precisaria de maquiagem ela tinha criado o Kit-deMaquiagem-para-Toda-e-Qualquer-Situação. Havia tudo que é tipo que se pode imaginar de sombra, loção, brilho, creme, delineador, enfim, todo tipo de maquiagem.

Por não ser particularmente boa em auto maquiagem tinha me feito tutoriais mais do que excelentes. Quando murmurei à meia-voz, a Allison, que seria impossível para mim recriar tudo aquilo, ela pareceu exasperada.

— Bem, você não vai precisar — disse ela com uma voz que soou tão tensa, que achei que teria um colapso.

— Não? Então por que tenho quase uma loja nessa bolsa? — Meu olhar intimidador era digno de Anna. 

— Isso é somente para emergências, de  última hora, e não der tempo para que o seu cabeleireiro e maquiador apareçam. Ah, a propósito, vou lhe mostrar o material para o cabelo.

Allison me monopolizou por mais duas horas até ficar satisfeita. Quando achei que poderia me livrar disso ela discou para Stef no departamento de acessórios. Eu interrompi, anunciando que sairia cedo, por volta das quatro, para passar algumas horas livres antes da grande viagem, por isso cancelei a reunião de pauta, para alívio do departamento inteiro.

Logicamente, um vôo de sete horas na classe executiva, vestida com calça de couro colada ao corpo, sandálias altas poderia ser a mais infernal das experiências. Mas não foi. Às sete horas foram em um avião particular. E foram as mais relaxantes de que me lembro.

Pegar a bagagem no Charles de Gaulle foi um pesadelo, mas encontrei o motorista elegantemente vestido, que estava acenando com um cartaz com meu nome, depois de passar pela alfândega.

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