Destinado a acontecer 🔥

• Capítulo 29 •

Eu não o conhecia e não me conhecia
Nas nuvens estava sempre fora do alcance
Agora me lembro como é a sensação de voar
Você me dá frio na barriga

Butterflies
(Kacey Musgraves)

Nicholas narrando:

De alguma forma Luara me chamava a atenção desde do dia que ficamos, mas não me permitia demonstrar algo por ela e nem me aproximar mais do que deveria.Querendo ou não ainda me sentia culpado pelo dia que a machucaram, então me permaneci distante a observando de longe.

Felizmente a mesma tinha um propósito comigo e minha família, a ser cumprido, o que casualmente não iria perder ela de vista tão cedo. Dias anteriores tive em uma reunião com minha genitora, lembro das palavras duras e firmes dela, dizendo que precisava que a morena soubesse sobre seu cargo o mais rápido possível, tínhamos uma missão juntos que dependia de manter o nosso nome nos negócios.

Porém de certo modo, me senti envergonhado por ter de contar a verdade, após tudo, fazia uns oito meses que ela morava na minha casa, uma das meninas que mais faturava sozinha com os trabalhos, única que eu não permitia dormir com os clientes, já que me incomodava imaginar a cena.

Como falar que até os pais dela sabia que estaria ali comigo, que foi tudo combinado?

Fiquei pensando por meses na abordagem dessa conversa, enquanto minha mãe me pressionava e dizia que se eu não falasse logo, ela iria pessoalmente encontrar Luara.

Agora que estamos no meu quarto, a mulher dos cabelos cacheados, dormia profundamente, após se sentir mal, eu a admirava, como sempre, enquanto terminava um copo de rum importado.

Estou decidido contar sobre tudo, percebo que está preparada para isso e que será capaz de ajudar no que deve ser exercido.

Mas sinceramente, eu não queria ver ela nessa mesma vivência, é uma vida difícil de sair. O dinheiro ganhado pode te corromper, como aconteceu comigo e com outros.

Não faço a mínima ideia de como ela reagiria sabendo da situação e isso também me assusta.

Virei o rosto, ouço um barulho dela se mexendo na cama, seus olhos se abrem e devagar ela vai despertando:

—Você está a quanto tempo parado aí?—resmunga.

—Tempo o suficiente para saber que ronca e baba—zombei rindo, me aproximei com cuidado, passando a mão em seu rosto.

—E você não?—zombou de volta—Quase se afoga na poça que faz no travesseiro—riu.

A risada dela parecia uma melodia gostosa de ouvir.

Luara narrando:

Estava tendo um sonho, aonde me encontrava num lugar escuro, com alguém preso em uma cadeira e na minha mão tinha uma arma pesada, tinha pessoas junto comigo me dizendo para atirar logo..

Despertei e vi o loiro me fitando com um leve sorriso de canto, sem camisa e de shorts.

Minha cabeça ainda latejava e percebia que não conseguia olhar para a claridade da lua  que iluminava o quarto todo.

Nicholas em minutos, estava deitado ao meu lado como quem não quisesse nada e mais uma vez reparei o quanto que seus traços são lindos.

—Você sempre morou aqui?—perguntei curiosa, já que não tínhamos nada para fazer naquele momento.

—Não...Mudei faz um ano e oito meses, por causa do meu trabalho e a pedido de uma pessoa especial —respondeu tímido.

"Pessoa especial? Será que ele já se apaixonou?"—pensei rapidamente.

—E gosta daqui?

—Não tenho escolha, Lua... não por enquanto...E o que está achando daqui?

Sua pergunta me fez refletir por um momento, o que realmente achava de estar ali, parei e fui lembrando de tudo que já havia ocorrido.

—Olha para começar, ninguém gosta de ser sequestrada...—respondi fazendo ele rir—Mas de uns dias para cá, percebi que minha rotina antes, não tinha graça igual aqui...Eu ganhava pouco, vivia cansada, apenas sobrevivendo. O que eu tiro aqui em um dia, não tirava nem em um mês...Talvez eu não suportasse aquilo e precisou acontecer da pior forma para perceber...—desabafei, me causando um certo sentimento de surpresa.

Nicholas me encarava parecendo estar reparando em todos os meus detalhes do rosto, sua mão se encontrava pousada em minha cintura de uma forma confortável, sua pouca roupa, dessa vez não me deixava sem graça e fazia tempo que não se sentia relaxada ao seu lado.

—Eu já sabia disso...—falou movendo sua mão para meu pescoço com cuidado.

—Sabia de que?—perguntei, me lembrando do que vi em seu computador.

—Que você vivia apenas sobrevivendo..—desviou o olhar—Acho que você tem de diminuir na bebida, isso atrapalha a continuar tomando seus remédios e piora sua saúde física.

—Que nada...—respondi, porém fui me recordando que no tempo que estou aqui, realmente o álcool tem feito parte dos meus dias com frequência—Mas talvez seja isso que me fez passar mal hoje...

—Pois é, conforme o passar do tempo, terá coisas que você irá ter de parar de fazer.

—Você fala isso como se também não bebesse quase todos os dias—soltei uma risada.

—Eu acabei acostumando com essa mania...—pareceu estar reflexivo—Mas e se fossemos tomar um banho?—mudou de assunto.

—Juntos?—perguntei.

—Só se você quiser...

Ele se levantou, foi até seu guarda roupas, pegando uma toalha e me jogando outra, entrou em seu banheiro e ligou o chuveiro.
Sem pensar duas vezes, tirei a minha roupa e fui.

Nicholas me olhou com um olhar de admiração enquanto molhava seus cabelos loiros, me aproximei ficando ao teu lado, deixando a água quente cair sobre minha cabeça.

Com todo cuidado, o tatuado, posicionou seus braços em minha cintura, olhando fixamente para meus olhos com um sorriso de lado.

Naquele momento queria tanto saber o que se passava em seus pensamentos, queria decifrar o que realmente sentia por mim.

Novamente eu sentia borboletas no estômago, como da primeira vez que ficamos, meu coração acelerado e em segundos, sua boca estava na minha, dando início a um beijo calmo, com carinho.

Enquanto suas mãos grandes passeava pelo meu corpo, as minhas permanecia em sua nuca.
Parecíamos estar em completa sincronia e eu que nem queria, me localizava ali mais uma vez, perdida e ao mesmo tempo se encontrando em teus lábios.

Um misto de emoções, todas boas.

—Você é tão linda...—falou ao parar de me
beijar—Ficaria horas te olhando...

—olha quem fala, Nick...—falei sem graça.

—Quer ajuda para lavar o cabelo?

Respondi com um sim e ele pegou os produtos que usaríamos, lavando meu cabelo com cuidado e me deixando ainda mais confortável.

Talvez eu realmente tivesse sentindo algo por ele...
Dava para perceber que ele me tratava de uma maneira diferente das outras, nem com a Ashley, o vi ficando, após termos transado.

Porém, tinha vezes que Nicholas, ficava indiferente, ou apenas na sua.

Isso me deixava confusa.