• Capítulo 4 •

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Procurando as respostas, talvez eu saiba uma vez que for mais velha
...
Eu só quero desaparecer
Me leve pra longe daqui
Eu não quero enfrentar meus medos
Eu só quero desaparecer
-
Disappear, Eli.

Despertei com Melanie passando água em meu rosto com todo cuidado, afastei tua mão e levantei indo ao banheiro, precisava de um banho, a poucos minutos tive uma crise de ansiedade e isso não é nada legal.

Ligando o chuveiro, ouvi a porta sendo fechada, deduzi que a loira tinha saído do quarto, tirei toda a minha roupa, sem se importar com a situação que estava.

Enquanto a água morna caía sobre minha cabeça, parei para refletir que isso tudo eu teria de aceitar, pelo menos para não morrer, ou apanhar, apenas ser uma boa garota e obedecer.

E não focada em planos bons o suficiente para fugir, óbvio que não queria estar ali, mas se eu tentasse fazer algo ia ser dez vezes pior para mim, então tentei ir aceitando.

Enxaguei o corpo e me enrolei em uma toalha que tinha por ali, olhei meu reflexo no espelho, com uns curativos pequenos nos meus machucados, boca inchada e olho roxo, concordei com Melanie por estar destruída mesmo.

Abri o armário, encontrei coisas para higienização, achando um pente, penteei meu cabelo, sequei o mesmo e  fui ao guarda roupa, achando apenas uma cueca boxer e uma camisa masculina que ficou grande em mim quando vesti.

Mechendo mais um pouco, dessa vez sem segundas intenções, acabei encontrando um livro, entediada, peguei o mesmo, sentei na cama e comecei a ler, parecia conter um enredo bem interessante e lendo ele percebi que realmente tinha.

Não sei quanto tempo fiquei ali, eu já estava no meio dele, quando a porta mais uma vez se abriu revelando o homem que me sequestrou.

Esse ser me olhou dos pés a cabeça dando um sorrisinho, tirou teus sapatos e tua camisa social, mostrando mais tatuagens espalhadas pelo corpo, parei de olha-lo, voltando a atenção para o livro.

Era um desconhecido que me trouxe a força para um lugar também desconhecido, com intenções ruins, não sabia o que ele iria fazer comigo, num relance pensei se o objeto em minhas mãos daria para machucar-lo quase tentasse algo.

O cara entrou no banheiro e só saiu de lá de cueca boxer, acabado de tomar banho, meio molhado ainda, senti minhas bochechas corar com a visão e abaixei a cabeça.

Ouvi ele fuçando em algo, depois barulho de ventilador ligado, isqueiro acendendo algo, senti teu corpo se movendo ao meu lado e um cheiro de maconha.

Me afastei dele, tampando minhas minhas coxas com a camisa, quando fui para levantar para sair dali, ele me puxa pelo braço fazendo com que chegasse mais perto.

Sem reação nenhuma, fiquei ali quieta, sem ao menos encara-lo.

—Relaxa...—o mesmo tragou teu beck, ficando com a voz falhada por estar segurando o ar—Eu já disse que não vou te machucar—soltou a fumaça—Aliás, você tem cara de quem irá me obedecer, então só fica de boa...

Respirei fundo ainda meio assim.

—Com o tempo irá ver quem eu sou realmente, morena—riu me encarando—Tu ainda está sentindo alguma dor?

—Sim—respondi com a voz baixa e encarando a porta.

—O babaca que fez isso contigo já deve estar morto essas horas...—riu.

Ele falou com uma naturalidade que fiquei meio em choque.

Respirei fundo, para não pirar mais uma vez.

—Você irá fazer sucesso com meus clientes, por sua beleza diferenciada.Um corpo bem bonito, acho que pretendo usufruir primeiro antes deles...—ele se aproximou, olhou fixamente para mim, com teu sorriso malicioso, olhos avermelhados, colocando a mão em minha perna.

Juro que não sabia se seria uma boa ideia sair dali correndo ou apenas ficar, meu corpo parecia não responder meus comandos.

O tatuado devagarinho veio ainda mais para perto, senti tua respiração em meu pescoço, a sua outra mão passava pelo meu rosto, descendo pelo restante.

Virei o rosto, olhando para a porta, uma lágrima solitária escorria pela minha bochecha.

Do nada, lembrei de uma frase que já vi em algum lugar onde dizia para nunca desistirmos das coisas que queremos e no momento a minha vontade era de sair daquele quarto, tirar aquele otário de cima de mim.

Sem saber da onde tirei forças, com o livro que estava em minhas mãos acertei a cabeça dele, fazendo o se afastar, levantei de cama num pulo, abri a porta e saí correndo só ouvindo ele falar:

—Eu vou te pegar de qualquer jeito...

Meu coração batia acelerado, suor escorria pela minha testa, só queria sumir, estar na minha casa novamente, para minha sorte, não tinha ninguém para me impedir.

Continuei, porém achei melhor abri uma das portas do corredor, para talvez pular de uma janela.

Entrei num quarto que parecia estar sozinho, fechei a tranca, sentei na cama para dar uma respirada.

Ouvi um barulho de descarga do banheiro:

"Droga"—pensei com medo.

Levantei rapidamente, indo em direção a janela que tinha lá, com a persiana aberta olhei para baixo, vendo que era alto, mas não ao ponto de me machucar, puis uma perna e depois a outra, preparada para me jogar, uma voz masculina diz:

—Você já chegou, meu bem?—saindo do banheiro.

Fechei os olhos com força.

Senti passos mais perto de mim, a pessoa sobrepôs as mãos em meus ombros, se abaixou, colando tua boca em meu ouvido, passando tua barba, começou a sussurrar putarias, sem paciência, pulei, deixando o tal cara me chamando.

Corri para o mais longe possível dali, sem nem olhar para trás, parei me abaixando em um arbusto vendo que havia homens parados no portão com armas, o céu estava escuro, o vento soprava entre meus cachos, me deixando com frio.

Percebendo que os mesmos estavam meio dispersos, cuidadosamente fui andando para que eles não soubessem da minha presença ali, vidrada neles, acabei esbarrando em uma pedra, machucando a ponta do meu dedo do pé e batendo o joelho na parede, segurei para não grunhir de dor.

Encontrei um carro parado perto da onde me escondia, sem pensar nas consequências fui até ele, para ver se pelo menos ficava aberto.

Tentei abri-lo, em todas as portas, porém foi em vão, frustrada olhei em volta para ver se tinha alguma pessoa me observando, cautelosamente, andei para trás.

Sem me virar, bati com as costas, no que parecia ser bem maior que eu, congelei:

—Eu disse que iria te pegar—a voz que eu mais queria não ouvir falou rindo.

Passou teus braços entre minha cintura, tirando meus pés do chão, decidida a lutar para sair dali, gritei o mais alto que pude, fazendo esforços para sair de teus braços.

Chorei desesperada, gritando até minha garganta arder, como eu era ingênua, ninguém iria me ajudar a sair daquele inferno.

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