• Capítulo 12 •

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Se eu pudesse voltar no tempo
Então eu iria reverter isso agora
Eu nunca pedi para estar aqui
-Too Serious, The neighbourhood


Acordei com alguém passando água em meu rosto, olhei e vi uma mulher mais velha vestindo um jaleco, me afastei de tua mão, sem entender nada, ela me encarou e sorriu:

—Tá tudo bem, Luara, eu só vim cuidar de você, não vou te machucar—falou com a voz dócil.

Eu me encontrava deitada, no que parecia ser um quarto de hospital, tentei me lembrar do que havia acontecido para parar ali, mas não consegui:

—Você teve um surto de raiva, aonde acabou desmaiando por sua pressão ter aumentado demais...—dizia a tal enfermeira.

Eu era diagnosticada com "Transtorno de Raiva Intermitente", porém conseguia controlar com remédios diários e indo a consultas com meu psicólogo, mas como lá eu não tinha nada disso na casa dele, acabou voltando e isso iria me prejudicar, veio memórias das outras vezes que tive isso, aonde ninguém conseguia me conter e eu acabava se machucando ou ferindo alguém.

—Você já teve isso mais vezes?—perguntou trocando o soro que estava sendo aplicando em minha veia.

—Sim, mas eu as controlava com medicamentos específicos—respondi.

—Ah sim, você deve ser bem forte para ter conseguido bater em uma cara maior que você—ela riu apontando para Nicholas que olhava pela janela com um saco de gelo nos lábios.

Minha mente deu uma clareada, me lembrando que eu tinha ido para cima dele, me surpreendendo por ele não ter revidado.

—Bom, daqui mais dez minutos, já poderá ir embora.O médico irá vim vê-la—falou saindo do quarto, dando passagem para o sujeito que agredi entrar.

—Tá melhor?—perguntou se aproximando.

—Tô e você?

—Acho que sim—tirou o saco da frente da boca me mostrando o corte no lábio inchado e vermelho que causei.

Eu ri, apenas o olhando.

—Me desculpa...—soltei meio culpada, eu deveria saber se conter sozinha, no entanto eu precisava dos remédios.

—Bom, agora eu sei que tu tem a mão pesada e que sabe se defender muito bem de qualquer babaca—lembrei de ter chamado o mesmo assim—Mas terá uma punição.

—Tá, qualquer coisa tu apanha de novo—dei risadas.

Um sujeito alto, de cabelos e barbas grisalhas entrou na sala, o médico, se aproximou:

—Olá, Srt. Souza.Como está se sentindo?—falou.

—Estou bem...

—Que bom, te encaminharei para um dos psicólogos daqui, você fará exames e tratará esse teu comportamento explosivo novamente, por enquanto poderá embora apenas com a receita desse calmante que te passarei, tudo bem?

—Sim—olhei para Nicholas que estava prestando atenção no que o homem falava, pegando a receita do remédio na mão.

—Então tá—o médico veio para perto, conferiu meu soro, tirou o da minha veia e se despediu dizendo que o psicólogo me ligaria e se retirou do quarto.

Levantei com a ajuda de Nicholas, que me deu um casaco dele para vestir e saímos de lá, entrando em seu carro.

Estava frio e parecia ser umas cinco horas da tarde, ele arrancou com o veículo, parando apenas em uma farmácia, desceu do carro e abriu a porta para eu sair também.

Entramos e ele foi logo pedir o remédio, enquanto fiquei pegando uns chicletes e umas barrinhas de chocolate para comer, entreguei para o mesmo pagar e o esperei.

Após o pagamento das coisas voltamos para o automóvel:

—Você nem gosta de chocolate, né?—brincou me entregando a sacola.

—Então, eu não gosto é de dividir...

—Ah que pena, vou ter que ir no "Burguer Kaing" comer sozinho e tu ficar só olhando—ele dizia dirigindo, parecendo querer rir.

—Não vale, em.Eu quero lanche—falei.

—E eu chocolates, até porque você me bateu, né? Então preciso de algo para amenizar minha dor, morena.

Ele parecia ser outro cara, simpático, brincalhão, um amigo, que conseguia me fazer rir e eu aproveitei a situação, pois não sabia quando teria essa oportunidade de novo.

Chegamos no estabelecimento, ficando na fila, não estava tão cheio e fiquei grata por a minha saída de banho parecer uma vestido soltinho.

Nós pedimos, ele pagou e se sentamos esperando chamar nossos nomes para pegar.

—O que você realmente quer de mim, Nicholas?—soltei sem pensar, apenas falei analisando sua expressão.

—Eu quero te proporcionar uma vida melhor, cuidar de você, como faço com as outras.Tu me chamou de doente, porém não obrigo elas a fazerem nada, apenas a me obedecer...

—E por que me escolheu?

—Porque além de ser muito bonita, parecia querer sair da tua vida monótona.

—Eu gostava dela...—suspirei.

—Mas agora você terá o que quiser...

—Quero voltar para San Diego.

—Não tem como, tu vai ver como aqui será melhor para você—falou por fim e foi pegar nossos pedidos.

Fiquei pensando nessa sua última frase, querendo decifra-la para entender mais o que ele queria dizer com isso, tomei um gole de guaraná olhando em direção a janela.

Realmente parecia que não havia acontecido nada entre a gente e que se encontrava tudo bem, me parecia incomum.

O tatuado voltava com uma bandeja nas mãos com os lanches e um balde grande de batata frita, se sentando começou a comer e deu um sorriso fofo para mim.

Também fiz o mesmo, apreciando o gosto da comida, quando terminei Nicholas ficou me encarando comendo batata;

—O que foi?—perguntei limpando a boca.

—Tô tentando descobrir como conseguiu me machucar sendo tão pequena...—ele zombava.

—Ah que engraçado você, se quiser posso te mostrar agora—provoquei.

—Não valeu, quero que tu me mostre outra coisa—deu um sorriso malicioso.

Revirei os olhos pelo seu comentário.

—Vamos ali numas lojas...—falou me puxando pela mão, saindo dali, aonde entramos no shopping.

Tinhas muitas pessoas, todas bem vestida e fiquei com vergonha pelas minhas vestimentas, sem nem ver que nossas mãos se encontrava entrelaçadas.

Primeiro entramos na "Believe 31", aonde havia só roupas femininas, o preço de algumas era alto;

—Bom, sei que precisa de roupas só suas, além dessas que já deixaram para ti, então vou ter novas é só escolher—pronunciou me encarando.

—Eu tô bem com essas que tenho...—respondi sem graça, não parecia ser uma boa ideia aceitar teus mimos.

—Tá bom, então eu escolho para você—o moreno se virou indo a uns cabides, pegando umas blusas e colocando em minhas mãos.

Era engraçado o ver pegando roupas femininas como se soubesse o que estava fazendo, porque dava para ver que não sabia.

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