• Capítulo 3 •

748 49 9
                                    

E você diz: Enquanto eu estiver aqui, ninguém poderá te machucar
Não quero mentir aqui, mas você pode aprender a fazer isso
Se eu pudesse mudar a maneira como você se vê
Você não se perguntaria o motivo de estar aqui
Eles não te merecem

Eu tentei gritar
Mas minha cabeça estava debaixo d'água
Eles me chamaram de fraca
Como se eu não fosse apenas a filha de alguém
Pode ter sido um pesadelo
Mas parecia que eles estavam ali
-

Everything i wanted, Billie Eillish.


Tentei tocar em teu rosto e Luara, gemeu de dor, dizendo palavras que não consegui entender, peguei uma toalha jogada no chão e molhei com água para limpar teus ferimentos, com cuidado, ainda estava anestesiado pela raiva por ele ter colocado a mão nela, liguei para um dos meus homens para chamar nossa enfermeira particular para ver qual era o estado dela.


Em uns vinte minutos a Maggie entrou, com suas coisas, pediu para mim se afastar e se aproximou a examinando, limpou suas feridas corretamente, que eram só um corte pequeno na sombrancelha e um perto do lábio inferior, passou um remédio neles e fez curativos, levantou a blusa da mesma onde havia mais marcas de espancamento, aquilo fez meu sangue ferver e com apenas uma ligação mandei matar James, Maggie olhou para mim dizendo;

—Não teve fraturas, só vão ficar algumas marcas que daqui uns quatro a seis dias saí, dá próxima vez não deixe qualquer um entrar para teu bando, Hayes—fez uma cara de reprovação e saiu.

Sinceramente, eu deixei James entrar por que ele tinha uma dívida comigo antiga, como não podia pagar em dinheiro, pagava em serviço, porém depois desse acontecimento, eu quero apenas sua morte.

Chamei umas das empregadas para arrumar a bagunça do quarto e em questão de minutos uma já estava começando a organizar:

—Eu quero tudo limpo e arrumado, se ela acordar ou reclamar de dor, me avisa, tá?—dei as instruções a olhando esperando tua resposta.

—Sim, Senhor Hayes—a mesma se virou pegando algumas roupas jogadas no chão.

Saí de lá, para ir ao meu escritório, eu teria resolver mais coisas, receber mercadorias e ver como estavam minhas outras meninas.

Era um dia cheio, mesmo sendo final de semana, aonde os números de homens procurando as minhas para se satisfazer aumentava.

Minha cabeça tava a milhão, eu não conseguia pensar direito com tantas coisas para fazer, sem ver sentado na minha cadeira, vendo umas planilhas,  acabei acendendo um cigarro, para me acalmar, como de costume.

A fumaça entrava pela minha boca lentamente e junto com minha respiração funda eu a soltava, tentando ficar tranquilo.

Com a outra mão, abri os botões da minha camisa social e tirei a minha jaqueta, deixando jogada em algum lugar, coloquei um pouco de whisky com gelo no meu copo e me concentrei, parando apenas quando ouvi batidas na porta:

—Entra...—digo ríspido, dando mais uma tragada.

—E aí, chefe... Tenho uma nova informação...—fala Joshua, um dos que trabalha para mim e se senta na minha poltrona.

—Fala logo, que tô ocupado.—respondi sem tirar os olhos do que estava fazendo.

—Sabe aquele mafioso lá...um cara velho, que vem aqui pegar umas mina para fazer festinhas particulares?

—O Bhaskar?—perguntei o encarando dessa vez atento.

—Sim, ele mandou recado, dizendo que precisa de um serviço nosso...—ele passou as mãos na sua barba rala e ajeitou a blusa.

—Qual serviço?Para de enrolar—dei um gole na minha bebida, sentindo o líquido queimar minha garganta.

—Artigo 344*—finalmente o homem na minha frente desenrola, olhando para mim com uma expressão séria, aguardando minha fala.

—Hum... fácil, dependendo do sujeito, eu mesmo faço, tô precisando descontar minha raiva mesmo...—me levanto da cadeira, terminei meu cigarro jogando ele no lixo, dou um último gole no whisky, pego minha jaqueta, as chaves de um dos meus carros—Já vou lá saber quem é, você vem comigo e Styles também.

                  ***************

Luara narrando:

Abri os olhos novamente, desejando que tudo tivesse sido um sonho, porém percebi que não era.

Meu rosto doía e minhas costelas também, rapidamente lembrei de um cara enorme me batendo e fiquei aterrorizada ao pensar que aquilo poderia ocorrer comigo mais vezes.

Tentei me levantar, mas as dores impediram, por incrível que pareça não conseguia nem chorar mais, de tanto que já tinha feito, lá no fundo havia esperança de que alguém viria atrás de mim ao notar minha ausência.

A porta se abriu devagar, esperando o pior, fechei os olhos, porém uma voz feminina estridente soou:

—Ooooi, você é a novata, né?—a moça me perguntou, chegando perto de mim, mostrando nítidamente o teu rosto.

Afirmei com a cabeça ainda desconfiada.

—Prazer, sou Melanie, trabalho para o Hayes, igual você irá trabalhar também—a loira sorriu e se sentou ao meu lado—Caraca, o que aconteceu com você?—questionou analisando meu rosto.

Melanie tem cabelos loiros longos olhos azuis claros, boca pequena e rosada, contém malícia em teu olhar, pele clara com algumas tatuagens e um piercing no nariz pequeno.

—Um cara me bateu—respondi com a voz baixa

—Acredito que não foi o chefe, porque ele não é desses—riu—Mulher, você tá des-tru-ida.

—É...—sorri sem graça me sentando na cama com um pouco de dificuldade—Você citou que eu trabalharia para ele, de que forma?

—Ah, bobinha...Não está na cara?—ela se levantou mostrando teu curto vestido vermelho com um decote, diria que seria uma roupa para usar a noite—De acompanhante para homens solitários ou até mesmo casais—riu de novo.

—An? Como assim? Prostituição?—fiquei surpresa.

—Eu não diria exatamente "prostituição", porque não somos contratada apenas para isso, sabe? Podemos ser chamadas para apenas dançar numa boate qualquer, para ir em lugares com os clientes ou para dormir com eles, depende do que eles escolherem—ela responde tranquila, deve estar acostumada com essas coisas, arrumou o micro vestido no corpo e me encarou.

—Mas...?—tentei formular uma pergunta, mas vários pensamentos tomava conta da minha mente, porque esse tal chefe me escolheu e me perseguiu, me trazendo a força, o que aconteceria comigo a partir dali?
Como esses fatos iriam mudar minha vida?

Eu estava desesperada, não queria trabalhar com meu corpo, quero minha casa, minha família, minha amiga, sem nada de prostituição.

Senti minhas mãos formigar, minha cabeça doer como se tivesse alguém apertando, estômago revirando, falta de ar, Melanie me chamava, porém sua voz parecia estar longe, minha visão foi ficando embasada e perdi a consciência...

                          *-*-*-*-*-*-*
*Artigo 334, seria assassinato, matar. (criado por mim, a autora)

Destinado a acontecer 🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora