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CAMILA

- Em que é que estás a pensar? – olhei para o meu lado direito, reparando que o Lando me olhava muito atentamente.

- Estava longe, confesso – sentei-me na cama, virando-me para ele. Tem vindo ter comigo quase dia sim, dia não e acaba sempre por querer ficar a dormir cá – é tão estranho, mas sinto que estou em casa na McLaren. Sinto que me tratam como se eu lá estivesse há anos... e é incrível.

- Depois não te esqueças de me agradecer quando receberes o prémio de trabalhador do mês – agarrei na almofada, dando-lhe com a mesma em cima da cabeça. Como seria de esperar, foi a primeira pessoa a estar a meu lado na procura de emprego. Arranjando-me uma entrevista de emprego na sua equipa da Fórmula 1 poucos dias depois de chegar a Sheerwater. O Centro Tecnológico fica a poucos minutos da nossa casa, sendo a equipa de eleição do Lando desde pequeno já que, sempre que podia, o nosso pai levava-nos a passear por lá – estás mesmo bem?

- Quando é que vais deixar de fazer essa pergunta? – revirou-me os olhos, fazendo-me rir – claro que me custa, todos os dias, entrar aqui depois de um dia incrível no trabalho. Só que já começo a sentir que é a minha casa, de novo.

- Isso é muito bom – sentou-se – até porque eu estava a pensar fazer uma festa aqui no fim de semana.

- Desculpa?!

- Mana... - ri-me, sabendo perfeitamente que esta sua forma de me tratar, era sinal de que quer alguma coisa – era só para o pessoal mais próximo da equipa...

- Ainda por cima com pessoal da equipa, Lando...

- Sim, mas não precisamos de dizer que tu és minha irmã – isso é algo que queremos manter em segredo para o máximo de pessoas possíveis. Claro que muitos deles já me viram a acompanhar o Lando em algumas corridas, mas que, mesmo assim, passo despercebida na sua maioria. Ainda estou no primeiro mês na equipa e, de certa forma, quero ganhar a confiança das pessoas que trabalham comigo, por aquilo que sou enquanto profissional. E não poder ser imã do Lando. Talvez daqui por uns meses, se tudo continuar a correr bem e não me quiserem despedir, poderemos contar a toda a equipa – ninguém sabe onde eu moro..., pode ser a minha casa.

- Com fotos minhas espalhadas por todo o lado?

- Dás tu a festa...? – perguntou, quase em tom de sugestão.

- Porque é que queres dar essa festa?

- Acho que era engraçado, para conheceres mais pessoal e assim.

- Lando – sinto que ele me está a tentar empurrar, indiretamente, para uma situação para a qual eu não esperava que ele o fizesse. Sinto, e espero estar errada, que ele quer que eu comece a conhecer pessoas, mais propriamente, rapazes para começar a namorar novamente – eu não quero conhecer pessoal...

- Chata – voltou a deitar-se na minha cama, ficando a olhar para a claraboia.

- Vais mesmo dormir aqui? – perguntei, deitando-me ao seu lado.

- Não queres?

- Quero – virei-me para ele, puxando o cobertor para cima de mim – mas não me habitues, por favor – aconcheguei-me a ele, que jogava um jogo qualquer no telemóvel – quantas pessoas seriam nessa tal festa?

- Não sei..., podias convidar o pessoal do simulador, a Charlotte – que é a responsável pela comunicação e acompanha o Lando nas entrevistas e que já conheço desde que ele entrou na equipa – eu, claro, uns dos engenheiros se quiseres...

- Convida tu, é melhor... eu guardo as fotos todas no roupeiro e fazes de conta que é a tua casa.

- Ok – reparei que saiu do jogo, abrindo o WhatsApp – vou criar um grupo – pronto, ele e os 500 grupos que tem. Temos um em família, depois temos um de irmãos, de primos e de netos (onde também estão os nossos avós). E, claro, foi ele que os criou a todos – não podem ser muitas pessoas, antes que chamem a polícia e te passem uma multa – ri-me, reparando que ia adicionando algumas pessoas e, pela minha conta, já ultrapassava as vinte.

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora