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DANIEL

Há qualquer coisa nesta mulher à minha frente, que não me permite deixar de pensar nela. Ou de a olhar. Porque, para além de ser uma mulher linda, é tão misteriosa ao mesmo tempo. Enche-me de curiosidade a sua história, o que ambiciona, o que faz no dia-a-dia. Há um sentimento novo a crescer dentro de mim, sendo que o poderia assemelhar a uma paixão..., mesmo que me pareça tão impossível. Não é, apenas, o desejo a falar porque esse não falaria com o coração.

- Podias dar menos nas vistas... - comentou o Michael, chegando ao pé de mim naquele momento. Chegou há pouco tempo à festa, mas, claro, conhece-me demasiado bem e já deve ter percebido muita coisa – daqui a nada a rapariga acha que a vais comer só com os olhos – ele riu-se, fazendo com que eu me virasse de costas e deixasse de ter a Camila no meu ângulo de visão.

- É assim tão óbvio? – tenho de controlar esta vontade toda de estar a olhá-la.

- Nem um bocadinho – olhou-me, com aquele seu típico ar de gozo – não estavas à espera que ela fosse tão parecida contigo, pois não?

- E tão diferente, ao mesmo tempo – a Camila é uma pessoa divertida, tem sempre aquela piada pronta para lançar na ponta da língua. Contudo, é uma pessoa fechada e que não partilha grande coisa sobre ela própria. Vistas as coisas desta forma, se calhar até somos mesmo mais parecidos do que penso.

- Mas a que nível é que está esse encanto por ela? – talvez encanto seja a palavra ideal para descrever o que sinto.

- Nem te ponhas com esse tipo de pergunta – claro que ele só se ria. O Michael conhece-me bem. Sabe que eu posso olhar para várias mulheres, comentar com ele o que acho sobre elas, mas são poucas as que me deixam neste estado – não é que eu esteja apaixonado por ela – virei-me, de novo, de costas para a janela e perceber que ela já não estava no mesmo local – mas aquela mulher é especial.

- Estás apaixonado e, ou muito me engano, vais querer ficar no simulador mais vezes do que precisas.

- Não sejas parvo – reparei que ela estava ao lado do Lando e, olhando para os dois ao lado um do outro, há qualquer coisa que os faz muito parecidos – olha lá – o Michael virou-se para mim – eles são família? – apontei discretamente para eles, fazendo com que o Michael os olhasse também.

- Não sei – encolheu os ombros – são um bocado parecidos, mas acho que não. Caso contrário, tinham avisado...

- Ou não – olhou-me – podem querer passar despercebidos. Mas são parecidos, não são?

- São Daniel – riu-se, começando a caminhar pela sala e ir ter com uns dos meus engenheiros de corrida.

O Lando estava demasiado à vontade a falar com a Camila, olhando à sua volta enquanto o fazia. Quando, passado algum tempo, a Camila ficou sozinha, foi a minha oportunidade de me aproximar dela.

- Engenheira – ela riu-se, bebendo um pouco da bebida que tinha no copo – será que poderia combinar consigo mais sessões para a semana?

- Sr. Piloto, aproveite o momento e não pense em estragar os meus pedais – pelo sorriso nos seus lábios e o tom rosado nas bochechas, acho que as bebidas que já ingeriu a devem estar a deixar demasiado solta – eu acho que já estás muito à vontade com o simulador. Daqui por duas semanas já treinas no carro a sério, se calhar basta marcarmos apenas uma sessão para a semana.

- Isso é tudo vontade de te veres livre de mim?

- Claramente – aproximou-se de mim – sabes que aturar-te é das coisas mais difíceis que faço na vida.

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora