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CAMILA

Sei que tenho vivido os melhores dias da minha vida, ao perceber que acordo com uma enorme vontade de sorrir. Que passo os meus dias a rir-me e a dar gargalhadas como há muito já não o fazia. E, depois do fim de semana incrível em Monza, parece que existe algo tão melhor à minha volta. Porque sinto a diferença no Daniel. Sinto-o mais feliz e mais tranquilo, dando-me a certeza de que ele precisava mesmo disto.

Viajámos até Milão na noite da corrida, passando por lá pouco mais de 24 horas. Já que o Daniel tinha programada uma viagem até ao Lago Como. E, a vista do quarto de hotel onde ficámos é de perder o folego. Mesmo que a proximidade com o lago me cause um leve aperto no coração.

- Bom dia – sorri ao ouvir a voz do Daniel, sentido o seu corpo contra o meu. Já tinha saído da cama há algum tempo, aproveitando para ver as cores do nascer do sol sobre o lago. Sentei-me no sofá no quarto, ficando virada de costas para o Daniel e de frente para a grande janela – estás bem? – apenas lhe assenti que sim com a cabeça, recebendo um beijo seu no pescoço.

- Ainda não tinha percebido que precisava de abrandar um pouco – a verdade é que, desde que comecei a trabalhar na McLaren, o meu ritmo de vida acelerou imenso. Não só por ter conhecido o Daniel, mas por toda a ginástica mental que tenho de fazer para que o meu trabalho corresponda com o que pretendem de mim.

- Os teus patrões foram bastante atenciosos ao darem-te férias – rimo-nos os dois, acabando por me aconchegar nos seus braços. Não são, ainda, férias na sua totalidade, já que dentro de dois dias terei de regressar ao trabalho. Mas, sem dúvida de que foram bastante compreensíveis ao possibilitarem-me estes dias de pausa – achas que hoje te posso levar a um sítio com muita água à volta? - e lá aperta, de novo, o coração.

- Que sítio é esse?

- Um barco... - comecei a sentir que precisava de controlar melhor a minha respiração, porque só de pensar nessa possibilidade, fico demasiado ansiosa. Talvez, a nossa vinda aqui tenha algum propósito... talvez ele esteja a querer voltar a pôr-me à prova com o meu medo. Porque desde aquela vez em que entrei com ele na água, nunca mais o fiz e nem sequer pensei que o queria voltar a fazer.

- Não sei – tinha a minha cabeça encostada ao peito dele, recebendo os seus braços em torno do meu corpo.

- Eu gostava de te levar até à outra ponta do lago, para vermos o pôr do sol.

- Tu queres levar-me a ver o pôr do sol, sempre, para sítios com muita água – ele riu-se, dando-me um beijo na têmpora – podemos começar com uma caminhada ali ao pé do lago? Para eu me habituar?

- Podemos – voltou a beijar-me, desta vez na bochecha – vou pedir o pequeno-almoço – juntou os seus lábios aos meus, acariciando-me a bochecha com o seu polegar – é tão bom estar assim contigo.

- Estás a tornar-te demasiado amoroso – estiquei o meu rosto na direção dele, beijando-o novamente. Quando se levantou, o meu telemóvel começou a tocar... e nem consigo perceber onde é que ele está – consegues perceber onde é que está o meu telemóvel? – ele riu-se, caminhando na direção da cama. E, pelos vistos, tínhamos dormido com o meu telemóvel perdido na cama.

- É a tua mommy – ri-me, ao perceber que o disse por ser o nome como tinha gravado o número da minha mãe. E atendeu a chamada – Cisca, bom dia – por mais incrível que pareça, desde que tornámos pública a nossa relação, ainda não houve a oportunidade de apresentar o Daniel aos meus pais e ao meu irmão Oliver. Só que o meu namorado já se tornou o melhor amigo da minha mãe apenas de falar com ela por chamada – a sua filha adormeceu ao telemóvel ontem e não sabíamos dele – provavelmente foi isso que aconteceu. Já chegámos tarde a Como, depois de um dia de passeios gigantes em Milão e o Daniel adormeceu primeiro do que eu, que fiquei perdida a ver todas as fotografias que tinha tirado em Milão – como é que está? – e, com a sua tranquilidade tão habitual, sentou-se ao fundo da cama para falar com a minha mãe. Contou-lhe tudo o que fizemos ontem, com a exceção do pequeno detalhe das longas horas da manhã que passámos na cama – eu vou passar o telemóvel à Cami – levantou-se, começando a vir ter comigo – fique bem, Cisca. Sim, eu prometo que quando sairmos daqui vamos ter consigo – ele sorriu e, depois de enviar beijinhos a todos, entregou-me o telemóvel.

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora