28

1 0 0
                                    

CAMILA

- Porque é que me estás a agarrar com tanta força? - não só a mão que agarrava a do Daniel fazia uma força tremenda, como aquela que agarra a mala também o faz.

- Não sei - estávamos quase a chegar a casa dos pais do Daniel. A viagem foi das coisas mais longas que alguma vez fiz na vida, já para não falar no quão desconfortável foi a primeira parte da mesma. Vir à Austrália, não se trata, apenas, de conhecer a família do meu namorado; é o realizar de um sonho de infância, o sonho de uma criança que queria ver cangurus e coalas. E essa criança vai poder fazer tudo isso agora, aos 28 anos e com a melhor pessoa do mundo a seu lado.

- Não estás assim porque vais conhecer o resto da família, pois não? - parámos junto dos degraus que dariam acesso ao alpendre da casa, com o Daniel a soltar a minha mão e colocá-la no fundo das minhas costas – shortie – puxou-me para ele, fazendo com que acabasse por rodear o meu corpo com o braço - não fiques nervosa – riu-se de forma tão ternurenta, começando a acalmar o meu coração - além de que eu tenciono dormir assim que entrar em casa.

- Só estão os teus pais?

- Sim. A Mick está a trabalhar e os miúdos estão na escola – e, só de mencionar os sobrinhos, abriu ainda mais o sorriso – depois vamos buscá-los e jantamos em casa da minha irmã.

- Estou a ver que tens tudo demasiado programado...

- Nem tu sabes o que te espera, Cami – voltou a beijar-me, agarrando a minha mão logo de seguida – vamos entrar, porque aposto que há uma Grace atrás daquela porta a assistir a tudo – rimo-nos os dois e, depois de o beijar outra vez, subimos os degraus e a porta abriu-se logo de seguida – o que é que eu disse? - fez-me rir, aproximando-se da mãe logo de seguida.

- Que saudades, meu menino – o Daniel estava abraçado à mãe, curvando-se sobre ela.

- Ainda há duas semanas estávamos juntos – eles riram-se – pensava que já te tinhas habituado, Grace.

- Quando é que uma mãe se pode habituar a ter o filho sempre longe?

- Oh Grace – voltou a abraçar a mãe - o filho agora vem e traz companhia, já viste? - olharam os dois para mim e a Grace abriu logo os braços, dando alguns passos na minha direção.

- A minha Camila - abraçou-me, passando com a sua mão pelas minhas costas – nem sabes como é tão bom ter-te aqui – o olhar do Daniel diz-me tudo. Agora ele está bem. Sem pressão, sem ter de pensar constantemente em dados, em performance, em melhorar constantemente. Os olhos dele estão, finalmente, em paz. E eu também - como é que correu a viagem? - perguntou, olhando-me logo de seguida.

- Foi demasiado longa - tínhamos saído de Abu Dahbi depois da última corrida, indo até Londres para ir buscar as minhas coisas e despedir-me da minha família. Ainda fomos ao Mónaco, para que o Daniel adicionasse mais algumas coisas à sua mala e, só depois, começámos a viagem para aqui. Sendo que começámos com alguma turbulência na viagem até ao Dubai e, ao mudarmos de avião para apanhar aquele que nos trouxe até aqui, foi quando consegui descansar alguma coisa – e o seu filho não me deixou dormir.

- Eu só zelei pelo teu bem – defendeu-se – se tivesses dormido àquela hora, agora ia ser complicado – senti que revirei os olhos, de forma totalmente involuntária, acabando por me rir.

- Sejam bem aparecidos! - o pai do Daniel surgiu à porta, cumprimentando o filho com um longo abraço. Não há qualquer dúvida de que o Daniel é a fotocópia da mãe, contudo, olhando para os dois juntos, conseguem ver-se algumas parecenças entre os dois – desculpa não ter ido às últimas corridas – pediu o Joe, olhando para o filho – isto aqui estava um bocadinho caótico.

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora