CAMILA
- Aqui era um bom sítio para perderes o medo do mar – ri-me perante a afirmação do meu irmão. Já se sentem os dias de verão a aproximarem-se, com o sol a ficar mais quente, o ar mais caloroso e as pessoas com outros sorrisos nos lábios. Aqui, no Centro Tecnológico da McLaren, os dias tornam-se ainda mais bonitos com o lago que rodeia parte do edifício, a espelharem o sol nele.
- Até porque tem mesmo tudo a ver, não haja dúvida – acabámos por nos rir os dois, contemplando o sol que estava quase a pôr-se. Já não estavam assim tantas pessoas a trabalhar e o Lando, estranhamente, tinha-me pedido que viesse com ele até aqui fora. Sei que ele andou por aqui durante o dia, mas não estivemos juntos até há pouco tempo – porque é que aqui viemos?
- A Amelia foi lá a casa hoje de manhã – Amelia, a mãe do Patrick – eu tentei perceber o que é que ela queria, mas insistiu em falar a sós com a mãe no escritório – só me passa uma coisa pela cabeça neste momento e, por todo o bem-estar que eu tenho andado a sentir, pelo bem da minha força neste momento..., só espero estar errada – a mãe ficou incomodada com o que possa ter sido aquela conversa...
- Estamos a chegar ao terceiro ano da morte do Patrick – falta cerca de dois meses para se cumprirem os três anos desde a morte do Patrick – ela, de certeza, que o quer levar para Glasgow – virei o meu corpo para o Lando, percebendo que ele me olhava naquele momento.
Sei que isto iria acontecer a qualquer momento a partir do dia em que fosse possível fazer a transladação do corpo. A família do Patrick é de Glasgow, sendo que o Patrick era muito novo quando se mudaram para Sheerwater. Devo ter sido das primeiras pessoas a ir ter com ele, quando estávamos no refeitório, e me sentei ao lado dele a falar sobre a sua mochila d' A Carrinha Mágica. A partir daí, fomos os melhores amigos nas horas livres, já que ele tinha mais um ano do que eu e estava noutra turma.
Não imagino a minha vida sem ele. Porque eramos demasiado próximos, mesmo antes de o sermos na realidade. Eu ia aos jogos de futebol dele, ele assistia a horas intermináveis de documentários sobre tecnologia em minha casa; eu acompanhava-o a todas as máquinas de jogos para quebrar os recordes e ele era o primeiro a saber onde é que iria existir a próxima exposição de arte; eu dava-lhe conselhos sobre as raparigas de que ele gostava e ele criticava todos os rapazes que eu poderia mostrar interesse. Fomos, de verdade, os melhores amigos que podiam existir no planeta. Até ele ter ido para a faculdade e percebermos o quão difícil era estarmos longe um do outro. E, por isso, não me candidatei à Universidade de Cambridge – e se eu tinha média para entrar –, candidatando-me à Universidade de Oxford para estar no mesmo campus que ele.
- Mila... - assim que ouvi a voz do Lando, foi como se as imagens que me passam pela cabeça se dissolvessem. E estamos de volta à realidade onde não existe um Patrick na minha vida – ela..., ela não era capaz disso.
- Claro que é – cruzei os braços, numa tentativa de não me sentir tão vazia neste momento – a Amelia já há muito tempo que quer sair daqui..., o Patrick era a única coisa que a prendia a Sheerwater – o Lando olhava-me atento – ela precisa de ir para casa. Ter o filho ao pé do marido.
Já namorava com o Patrick, quando o pai dele morreu. Num acidente de automóvel, dois dias antes da nossa cerimónia de graduação. Foi a grande mudança na vida do Patrick: o sonho de sair do país por três meses para fazer voluntariado em África, ficou adiado para sempre. O Patrick passou a ser o homem da casa, a ter de trabalhar para ajudar a mãe a criar as suas duas irmãs mais novas. Foi a fase em que nos afastámos. Porque ele recusava a minha ajuda quando a mãe ficou meses em Glasgow com a família do seu marido. Ele afastou-me em todos os sentidos.
- O que é que vais fazer?
- Não sei – voltei a virar-me para o lago, inspirando tão fundo quanto me foi possível assim que os meus olhos captaram a imagem do Daniel a sair do edifício – só posso esperar que ela me diga alguma coisa.
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Always, Daniel
FanfictionDaniel Mudar de equipa é sempre um enorme desafio. E esta mudança só me veio provar que não seria diferente. Pela pressão com que entro dentro do carro, a vontade que tenho de mostrar que apostarem em mim para esta equipa foi uma boa decisão... e o...