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DANIEL

A Camila ainda dorme. Acho que demorou imenso tempo para que conseguisse adormecer e ter uma noite tranquila, e só agora é que o está a fazer. Com a chuva que se vê lá fora, vai ser muito difícil ter uma corrida em condições e quanto mais tarde a acordar melhor. Até porque não quero qualquer ataque de mau humor.

Assustei-me quando bateram à porta e, depois de a abrir, perceber que era o Lando, só me fez querer fugir.

- Acho que houve alguém que me fugiu para aqui a meio da noite – esperava que a situação se acabasse por tornar mais embaraçosa, já que é a primeira vez que estamos juntos desde tudo se ter tornado público.

- E que ainda não acordou – dei-lhe passagem para entrar no quarto, comprovando que a irmã estava toda torta em cima da cama, com a mesma roupa de ontem e o cabelo todo em frente da cara – como é que tu estás? - sentou-se ao fundo da cama, ficando a olhar para mim.

- Está tudo bem, o braço já não me dói assim tanto – olhou para a Camila – ela estava muito assustada, não estava?

- Tenho a certeza de que nunca vi uma pessoa tão em pânico como ela – sentei-me no pequeno sofá em frente da cama, com o Lando a virar-se para mim – Lando, em relação ao que se passa entre mim e a tua irmã...

- Só preciso de te fazer dois pedidos: não andem sempre agarrados um ao outro à minha frente..., isso é serem demasiado namorados e eu vou precisar de tempo para me habituar à ideia – riu-se, dando-me logo a entender que está a brincar, adotando logo de seguida uma posição diferente. Virou ligeiramente o seu corpo para o lado, ficando a olhar para a irmã - sabes que ela é a mais velha, mas, tanto eu como o Oliver, sentimos que a temos de proteger – voltou a olhar-me - não só por tudo o que aconteceu, mas porque ela é a nossa miúda - assenti-lhe que sim com a cabeça, compreendendo-o na perfeição. Também eu tenho uma irmã mais velha e sinto que os papéis se invertem sempre – eu só te peço que não a desiludas. Ou que que, pelo menos, tentes que assim seja – sem pressão, Daniel – ela passou por demasiadas coisas que, com a idade que tinha, ninguém devia passar. Tenho quase a certeza de que nada a vai voltar a fazer sentir daquela forma, a menos que sejas um valente parvo ou tenhas um acidente como o meu – rimo-nos os dois – ela voltou a ser a nossa Camila de sempre e, só por isso, tenho de te agradecer – apesar de ser só ele a falar sobre, está a ser um bocadinho emocional demais – mas fica sabendo que tens vários pares de olhos sobre ti a partir de agora.

- Com quais é que me tenho de preocupar mais?

- Os dela - esboçou um ligeiro sorriso, ficando a olhar para a irmã - só ela é que importa.

- Podes ficar descansado – assegurei – eu quero muito fazer a tua irmã feliz - neste ponto da minha vida não há mais nada de que tenha tantas certezas. A Camila ocupa um espaço em mim que eu pensava que não pudesse existir, fazendo-o sem que eu tenha qualquer medo do que possa acontecer nas nossas vidas. Porque se alguém me perguntar o que é que eu quero para o meu futuro, a resposta só é uma: ela.

- Sabes que ela sempre gostou imenso de ti? - rimo-nos os dois – acho que ela sempre gostou mais da Fórmula 1 por tua causa – os lábios da Camila acabavam de denunciá-la, ao comprimi-los um no outro e tentar controlar-se para não se rir – e o Patrick só ajudou à festa, aquele gajo ia ver as minhas corridas com chapéus da Renault! - o Lando olhou-me, rindo-se - não sei se sabes, mas ela tem medo do mar por minha causa.

- Já soube disso – disse-lhe – mas, não sei se tu sabes, ela já não tem assim tanto medo – ficou confuso a olhar-me – ela foi ter comigo ao Mónaco quando esteve na Holanda...

- Por isso é que ela não me atendia chamadas! Há coisas que, agora, fazem muito mais sentido – rimo-nos os dois – mas ela..., entrou no mar? - apenas lhe assenti que sim com a cabeça, reparando que ela abriu os olhos.

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora