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CAMILA

Residem borboletas na minha barriga. Por mais que o meu cérebro as tente expulsar do meu corpo, acho que são demasiadas para que isso aconteça. É impossível descrever aquilo que sinto, sendo incapaz de colocar por palavras tudo aquilo que senti naquele dia no Mónaco. Ou o quanto esse dia me mudou. Apenas sei que saí de lá uma Camila renovada, com a cabeça sempre a pensar mais do que deve, mas com o coração em paz. Com a certeza de que ainda tenho tudo para viver.

Sei que estou diferente, porque me sinto uma típica adolescente. Alguém que pode estar concentrada a fazer algo, mas que basta ouvir a voz dele para que os meus olhos o procurem. Alguém que se fica a rir sem qualquer controlo de cada vez que o vê, ou que o tenta apanhar mais sozinho, mesmo que isso esteja a ser quase impossível hoje. Ou que em cada som de um andar a aproximar-se do meu escritório, desejo que seja ele.

- Camila? – olhei para a porta, vendo a Charlotte a espreitar. A Charlotte é uma das responsáveis pela comunicação dos pilotos, sendo que neste momento acompanha o meu irmão a todas as entrevistas e o prepara relativamente ao que ele deve ou não dizer – muito ocupada?

- Não, hoje eles estão a deixar-me em paz – rimo-nos as duas.

- Estive eu a aturá-los! – disse, rindo-se ao mesmo tempo que entrava no meu escritório – claro que já se sabia que, juntando os dois, íamos ter de contratar babysitters – voltei a rir-me, recostando-me na cadeira – como é que tu te tens sentido por aqui?

- Ao início foi difícil, eu já conhecia muitos de vocês, mas foi estranho entrar aqui como uma de vocês – assentiu-me que sim com a cabeça – mas quanto mais tempo passa, mas em família me sinto.

- E ainda pensas voltar à aviação?

- Acho que não – ri-me – eu saí da minha zona de conforto, achando que já haviam poucos desafios que pudesse aceitar na minha área... e olha só a bela surpresa que tive.

- Tu ficas muito bem aqui – esticou os seus braços sobre a mesa, alcançando as minhas mãos – e ainda melhor quando o Daniel está por perto – é impossível eu estar a ouvir isto. Sinto o meu coração a bater na garganta, percebendo que a minha respiração estava completamente alterada.

- Charlotte...

- Não é óbvio, o Lando não sonha e vocês não dão nas vistas – garantiu – mas eu reparo em coisas, sobretudo em sorrisos. Aqueles que ele faz quando cruza os olhos dele contigo – e o Daniel está a vir na direção do escritório – ou o que tu estás a fazer neste exato momento – olhei-a, abanando a cabeça quase como numa tentativa de afastar esta sensação quente que começa a percorrer o meu corpo – não te preocupes, o vosso segredo está seguro comigo.

- Mas nós não..., ó meu Deus – levei as mãos à cabeça, tentando respirar como deve ser.

- Ainda.

- Charlotte – olhei-a – é que nós, aliás eu, só hoje é que sinto que poderei estar a demonstrar alguma coisa. Porque ele mexeu com cada nervo do meu sistema nervoso desde que aqui cheguei – ele estava na zona de trabalho partilhado, a rir-se à gargalhada com os meus colegas – e agora faz-me rir feita tola só porque ele se está a rir – apontei para ele, fazendo com que a Charlotte se risse. Andas a ficar ótima a falar sobre os teus sentimentos, não haja dúvida.

- Minhas senhoras – os meus lábios reagem de impulso, sorrindo ainda mais do que aquilo que já estavam a sorrir. A Charlotte sorriu, olhando para trás e dar de caras com um Daniel encostado à porta de vidro do escritório – Charlotte, eles estão a chamar-te – apontou para o fundo do corredor, onde estaria a decorrer a reunião deles.

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora