33

1 0 0
                                    

DANIEL

- Já tomei uma decisão - surpreendi-me por ver a Camila levantar-se, quando o briefing terminou - não consigo explicar-vos o quão grata sou a toda a equipa - começou a olhar para todos à sua volta. Estou ainda mais surpreendido por ela não me ter contado que iria fazer um discurso hoje, ou, sequer, que já havia tomado a sua decisão - a oportunidade que me deram, desde o primeiro dia, é incomparável com qualquer outra que tive na minha vida. Estar do vosso lado da garagem..., é um privilégio enorme – estamos, apenas, reunidos enquanto equipa do meu lado da garagem, mas tenho a certeza de que ela iria falar da mesma forma se estivesse ao pé do irmão - por isso, a minha decisão está mais do que tomada e vão poder continuar a contar comigo e com o meu profissionalismo - não consigo expressar o quão feliz fico por a ouvir a dizer tais palavras. Olhou-me, do outro lado da mesa, sentando-se logo de seguida.

- É muito bom saber isso – comentou o Tom – ficamos, mesmo, muito contentes que continues a querer estar no campo e a sofrer connosco.

- Se ninguém ficar insatisfeito com o meu trabalho e os planos que tenho para a minha vida pessoal, para o ano, se mantiverem – olhou-me, sabendo exatamente a que planos ela se referia - vão contar comigo durante todo o ano.

Na noite anterior

Amanhã começam os testes no carro novo e estou demasiado entusiasmado para começar a conduzi-lo. Estive hoje reunido com a equipa toda, esperando, ainda, que a Camila chegue da reunião extra que teve só com os engenheiros de corrida. Enquanto esperava que ela chegasse, liguei por videochamada para a Bea.

- Para me estares a ligar, precisas de alguma coisa.

- Claro! Ver a minha afilhada - começou a rir-se e não demorou a virar a câmara e mostrar-me a pequena Audrey a dormir dentro da alcofa – ela tinha mesmo de ser parecida contigo - é impressionante como, de dia para dia, a Audrey fica ainda mais parecida com a Bea – o teu marido, neste momento, só tem um tema de conversa – voltou a aparecer ela no ecrã e pelo seu rosto, é percetível que está cansadíssima - estás cansada.

- Ela não dormiu muito bem de noite – confessou – ia ver se dormia qualquer coisa agora.

- Desculpa, vai descansar – a porta do meu quarto abriu-se, sabendo que só poderia ser a Camila.

- Chegou a Camila?

- É a Bea? - perguntou a Camila assim que ouviu a voz da Bea.

- É, mas ela não dormiu – e foi como se estivesse a falar para o vazio. A Camila atirou-se para a cama, agarrando no meu telemóvel e começar a falar com a Bea.

- Eu vou precisar da tua ajuda – a Camila olhou para mim, fazendo-me sinal que fosse embora.

- Mas vocês têm segredos desde quando?

- Desde agora, amorzinho – aproximou-se de mim, dando-me um beijo – eu vou lá fora, é melhor – e, depois de se levantar, saiu do quarto.

Não me surpreende a amizade que elas criaram. Conhecendo a Bea, iria ser a primeira pessoa a receber de braços abertos a pessoa que estivesse a meu lado. E, conhecendo a minha namorada como conheço, não há coração maior para uma amizade destas. Ouvia as gargalhadas da Camila, percebendo que ela tinha ficado encostada à porta e, para as apressar, levantei-me e comecei a abrir a porta devagar.

- Meninas – espreitei para elas, fazendo com que a Camila se desencostasse da porta – tanto eu quero dormir, que já são mais que horas, como tu devias descansar – falei para a Bea, que depressa me mostrou a Audrey, percebendo que já tinha acordado – pronto, adormeces a miúda outra vez e dormes logo a seguir – voltei a deitar-me na cama, enquanto elas ainda se despediram.

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora