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DANIEL

- Não faças isso! – adverti a Camila que, naquele momento, pegava na caixa onde tinha alguns dos seus sapatos – tu és doida, não és? – agarrei na caixa, comprovando que era mesmo pesada – tu tens noção de que ias cair com isto, não tens?

- E tu não achas que estás a exagerar um bocadinho? – comecei a subir as escadas, percebendo que ela vinha atrás de mim – eu conseguia trazer isso sozinha.

- E arriscar-te a seres engolida pelos teus próprios sapatos? – riu-se assim que entrei naquele que vai ser o nosso quarto.

Estamos em Ascot há três dias e é incrível tudo aquilo que já conseguimos fazer. Temos um quarto composto, onde já dormimos duas noites. Uma casa a ficar quente, só pela nossa presença nela e um brilho no olhar da Camila que não se desvanece.

-Tens a certeza de que não queres ficar com este lado? – olhei-a, percebendo que vinha na minha direção – ficavas com mais espaço...

- A minha roupa cabe, perfeitamente, naquele – apontei para o roupeiro atrás dela, envolvendo o seu corpo com os meus braços – além de que eu nunca pensei que tivesses tantos sapatos...

- A sua maioria estava debaixo da cama... - aproximou o seu corpo ainda mais do meu, suspirando – eu acho que vou dormir..., eu hoje já não aguento mais.

- Vamos descansar, que amanhã também é dia – coloquei as minhas mãos no seu pescoço, juntando os nossos lábios – eu vou lá abaixo desligar as luzes – apenas me assentiu que sim com a cabeça e, esta sua moleza já é sinal de que está mesmo com sono.

O piso inferior da casa é composto por uma cozinha em open space com a sala, que tem uma vista incrível para o enorme jardim das traseiras. Há ainda mais um quarto, que a Camila quer transformar num espaço para colocarmos algumas coisas que nos são importantes. E, ao olhar para o que ela aqui tem, acabo por me surpreender ao ver o chapéu que pertencia ao Patrick, da minha antiga equipa.

Sentei-me no meio do quarto, retirando do bolso dos meus calções aquilo que, nas últimas duas semanas, tem sido das coisas mais importantes que carrego para todo o lado.

- Ela, provavelmente, fala contigo quando precisa deste tipo de ajuda – e não sei o que é que me está a dar para, neste momento, também eu estar a procurar respostas – achas que ela vai gostar? – abri a pequena caixa de veludo preto. Comprei um simples anel fino, com diamantes em toda a sua volta. Não para a pedir em casamento, mas para que fiquei registado o momento em que fazemos um ano juntos – tenho a certeza de que ela vai achar que a vou pedir em casamento... e não é que não o queira fazer, mas também não a quero encostar à parede. Eu sei que não somos instáveis..., mas não quero nada que ela se sinta pressionada a estar comigo – há momentos da minha vida que gostava de falar com alguém assim, sem obter respostas, mas sentir que estou a desabafar aquilo que vai no meu coração – ela é qualquer coisa de especial, não é? – peguei no chapéu dele, percebendo que estava autografado – eras um homem com bom gosto e, se tal como ela acredita que a ouves, espero que saibas que vou cuidar dela sempre. Mesmo naqueles dias de mau feitio – acabei por me rir, voltando a ficar em silêncio a olhar para o anel na minha mão.

- Espero não interromper nada – assustei-me ao ouvir a voz dela.

- Merda, Camila - levantei-me depressa, colocando o anel de volta no meu bolso – queres matar-me de susto? Foi por isso que quiseste vir morar para aqui, vais esconder o meu corpo?

- És ridiculamente parvo – veio ter comigo e, depois de me beijar, surpreendeu-me ao mostrar-me a caixa que estava no meu bolso, nas suas mãos – e devias aprender a esconder melhor isto...

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora