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CAMILA

Férias. Daqui por duas horas estou de férias. Tanto o Lando como o Daniel já poderiam estar, mas viemos todos para a fábrica hoje e fazer reuniões antes de sairmos daqui por duas semanas. Vão ser dois fins de semana sem corridas, dois fins de semana em que vou poder aproveitar para fazer tudo aquilo que não posso fazer quando há corridas.

Além de que vou fazer anos e, pela primeira vez em três anos, sinto-me com demasiada vontade de celebrar este dia.

- Mila – olhei para a porta do escritório, reparando que o Lando espreitava com a cabeça - eu já estou despachado, queres que espere por ti?

- Eu trouxe o carro – retirei os óculos que utilizo para estar ao computador, ficando a olhar para ele – mas queres ir jantar lá a casa?

- Pode ser – abri a minha mala, retirando de lá as chaves da minha casa.

- Toma – ele veio ter comigo, pegando nas chaves – ou queres ir para casa dos pais?

- Não, eu vou para tua casa – aproximou-se de mim, dando-me um beijo no topo da cabeça - posso comer o que me apetecer até chegares?

- Não! Eu tenho cara de quem te vai sustentar?

- Tens – riu-se – posso? Pelo menos aquelas tartes de chocolate...

- Podes – acabei por me rir, já que tenho de ter sempre tartes miniatura de chocolate para ele lá em casa.

- Como é que é este ano? - sentou-se em cima da minha secretária, sem qualquer pressa – posso fazer-te uma festa de anos?

- Não - reparei que os braços dele esmoreceram um pouco – a mãe vai tratar disso.

- A mãe?! - mostrou-se bastante surpreendido.

- Sim – recostei-me na cadeira – ela já me tinha perguntado o mesmo e eu deixei-a avançar com isso.

- Nem penses, ela vai fazer um chá das cinco com as amigas. Eu vou ter de me meter no assunto.

- Façam como quiserem, porque eu tenciono divertir-me imenso.

- Tu estás tão... – cruzou os braços.

- Não digas que estou diferente – interrompi-o – porque eu só voltei a ser o que sempre fui.

- Lá está - suspirou – diferente daquilo a que eu não me queria habituar.

- Às vezes só é preciso mudar de ares – e ter alguém que acorde tudo o que estava adormecido em mim – e que tu me vás comprar fruta. Eu preciso de fruta em casa, por favor.

- Ok – saiu de cima da minha secretária, começando a sair do escritório - honestamente – chegando à porta, virou-se para mim – e não me atires com nada – riu-se – eu acho que estás apaixonada – fiquei a olhar para ele, com uma enorme vontade de lhe dizer que sim. Quase com a coragem suficiente para admitir que, neste momento, eu estou diferente porque me apaixonei – o teu silêncio diz muita coisa, Mila.

- Entende-o como quiseres - não disse mais nada, começando apenas a rir-se.

O silêncio voltou a imperar no meu escritório, dando-me aquela concentração extra para deixar o último relatório das sessões de simulador pronto.

- Hey shortie – a voz dele causa-me uma sensação estranha. Por muito que eu já me tivesse apaixonado, por muito que eu saiba o que é amar alguém, o meu corpo reage a ele de forma diferente. Porque os meus lábios ganham vida e sorriem com a maior naturalidade de sempre, porque algo se instala na minha barriga e me deixa nervosa, porque os meus olhos só o querem ver e o procuram mesmo quando não está por perto. Lentamente, sinto que o meu coração, finalmente, deu permissão ao meu corpo para amar o Daniel. Acabei por retirar os olhos do computador, olhando para ele junto da porta – ainda vais demorar?

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora