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CAMILA

Porque é que o meu estômago parece que se está a revoltar comigo? Se eu não conhecesse esta sensação, juraria que estava com algum problema intestinal. Só que não é nada disso, o meu corpo está a reagir ao facto de estar cada vez mais próxima de o ver. Perdi a conta às vezes que já fiz o percurso todo da entrada do aeroporto, tentando perceber se o iria encontrar. Porque é que fazem aeroportos enormes?

O meu telemóvel tocou, surpreendendo-me com o nome do Lando do ecrã.

- Já não aguentas sem mim? – perguntei-lhe ao atender.

- Aguento, só queria saber quando é que chegas. Tens assim tanto que ver na Holanda? – inocente Lando..., mas de certa forma não é mentira. Só fiz um pequeno desvio, que ele não poderá nunca saber.

- Sabes que tenho de fazer medições da pista, sobretudo das elevações que há...

- Isso tudo para depois me vires chatear no simulador?

- Sim – ri-me, assustando-me com o carro azul elétrico que acabava de parar à minha frente. Daniel. Percebi que era um carro muito idêntico a um dos do Lando, com aquelas portas assassinas que sobem – se eu conseguir despachar tudo nas próximas horas, pode ser que consiga regressar amanhã – bastou o Daniel sair do carro, para sentir as minhas pernas tremerem – eu agora vou para a pista de novo, ligo-te logo – este momento é tão clichê, mas está a acontecer comigo. É quase como se ele estivesse a fazer todos os movimentos em câmara lenta, para que eu conseguisse aproveitar a visão que tinha na minha frente. Depois de fechar a porta do carro, colocou os óculos de sol na cara, começando a caminhar pela frente do carro para vir ter comigo.

- Camila?

- Desculpa, diz.

- Esquece, já percebi que estás ocupada – não, nem um bocadinho... - liga-me depois. Adeusinho.

- Até logo – desliguei a chamada, colocando o telemóvel de volta na pequena mala branca à tiracolo que trazia. O Daniel parou à minha frente, com uma t-shirt branca e uns calções azuis muito claros.

- O que é que fizeste à minha Camila? – olhou-me da cabeça aos pés, fazendo com que eu olhasse para mim mesma – é como se fosses francesa – olhei-o – porque ninguém diria que não és daqui.

- És um bocado exagerado... - a verdade é que sabia que aqui iria estar calor e o meu irmão se me visse, iria dizer que eu vou para alguma festa, mas, se vou para o Mónaco, tenho de dar o melhor de mim. Optei por um vestido já antigo, amarelo pastel de cetim, que desce até à zona da barriga da perna, tem um decote redondo com duas alças fininhas e uma pequena abertura na zona da perna do lado esquerdo. Conjuguei com acessórios em dourado e umas sandálias brancas de salto alto – não achavas que eu vinha para aqui e viesse de gorros e mantas...

- Ainda gostava de perceber como é que vieste aqui parar.

- De avião – começámos a rir-nos os dois, ao mesmo tempo que o Daniel agarrou na minha mala e a levou para a parte detrás do carro – eu ainda gostava de perceber o vosso fascínio por carros tão baixos! – o Lando responde-me sempre que se deve ao facto de serem melhores, mas só não percebo porque é que, para entrarmos neles, quase que nos sentamos no chão.

- Achas que ia ter o mesmo impacto, se eu chegasse aqui numa mini van? – depois de fechar a bagageira, ficou à minha frente – vamos almoçar no Mónaco, Sra. Engenheira?

- Italiano, por favor – ele riu-se, abrindo a porta para cima.

- Faça favor – com a prática de andar nos carros do Lando, entrei com relativa facilidade no do Daniel. Depois de fechar a porta, deu a volta pela frente do carro e entrou para o lado do condutor – da parte da tarde quero levar-te a um sítio, achas que dá?

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora