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DANIEL

Eu não quero que ela acorde. Por não saber se, no minuto seguinte, pegará nas suas coisas e sai a correr de minha casa. Por ter medo que em vez de continuar a dar passos em frente com ela, retrocedemos e tudo volte à estaca zero. O dia de ontem acabou por se tornar inesquecível. Nunca pensei que ela fosse sentir aquela vontade de entrar dentro de água, e de passar lá ainda algum tempo, sempre nos meus braços.

Assim que a campainha tocou, a realidade atingiu-me. O treino com o Michael! Antes de sair do quarto, percebi que ela não se tinha mexido nem um centímetro e corri na direção da porta, antes que o Michael voltasse a tocar.

- Ainda estavas a dormir?

- Desculpa, temos de treinar de tarde – ele olhava-me de forma estranha – surgiu uma coisa de última hora.

- Chamada Camila?

- Provavelmente... - riu-se, encolhendo os ombros – eu depois ligo-te.

- Não faças muito cardio... - gargalhou, indo na direção dos elevadores e eu acabei por fechar a porta a rir-me.

Regressei ao quarto, onde uma Camila dormia serenamente.

- Acho que devias ter ido treinar – ou então uma Camila serena, mas acordada.

- E deixar-te aqui sozinha? – deitei-me ao lado dela, retirando o cabelo que lhe escondia o rosto.

- Tens razão, acho que me perdia nesta cama enorme – riu-se, aproximando o seu corpo do meu – eu fui para dentro de água... - disse-o mais baixo, falando contra o meu peito. Tinha apoiado a sua cabeça no meu braço, mantendo-se de olhos fechados.

- Queres ir hoje, outra vez?

- Nem penses – aproximou mais a cabeça contra mim, encostando o rosto ao meu peito.

- Estás a começar a melhorar os teus acordares ao meu lado – notei que se riu – vais mesmo de ter de ir embora hoje? – apenas assentiu que sim com a cabeça – porquê?

- Uma coisa que tu não fazes: trabalhar! – os seus olhos cruzaram-se com os meus, conforme ela se ria.

- O teu trabalho é mesmo muito duro..., já viste o que é teres vindo passar um dia ao Mónaco, com estadia gratuita? – voltou a encostar-se ao meu peito, continuando a rir-se – habituava-me muito facilmente a estas visitas.

- Pois, mas eu não posso andar a fugir sempre...

- Mas queres andar sempre a fugir para mim?

- Não te ponhas com coisas – depressa me virou costas, afastando o seu corpo do meu.

- Despertei o mau humor, Sra. Engenheira? – debrucei-me sobre o corpo dela, apoiando o meu queixo nas suas costas. Está a usar uma t-shirt minha e o seu corpo está bastante quente.

- Seria demasiado foleiro, se dissesse que nada me iria deixar de mau humor, por isso sim. Estou de extremo mau humor – rimo-nos os dois, dando-lhe um beijo na bochecha – além de que devias, pelo menos, oferecer-me um pequeno-almoço antes de uma boleia até Nice.

- Mais alguma coisa?

- Acho que não, mas se me lembrar eu digo – saí da cama, vestindo uma sweatshirt e ir preparar o pequeno-almoço.

Preparei aquilo que, para mim, já seria o habitual: pasta de abacate com ovos mexidos, torradas e fruta. Fiz, também, café caso ela o deseje tomar, colocando fiambre, manteiga e queijo em cima da mesa. Como em qualquer dia, a música tinha de estar presente, tem de haver sempre uma música alegre a ser a banda sonora da manhã.

Always, DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora