Capítulo 41

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Win Saetang

A conversa com Macau foi uma das mais difíceis que já tive em toda minha vida, isso se não foi a mais difícil. Dizer para alguém que não sente o mesmo é duro. Pior ainda quando você quer sentir mas não consegue, porque algo dentro de você ainda sim não se permite amar alguém e ser amado.

Algo aqui ainda tem medo de me deixar amar outra vez. Mesmo que ele seja tudo aquilo que eu queria em alguém, ainda sim não consegui me apaixonar o suficiente para o amar. Por isso não posso o prender nessa confusão. Ele pode amar outra vez, diferente de mim que não consegue fazer isso denovo.

É algum tipo de bloqueio que não me permite sentir isso outra vez. Mas eu queria, eu queria mesmo que Macau fosse essa pessoa. Porque ele especial, ele é uma pessoa boa, sei que nunca me machucaria.

Mas não posso o prender a mim, sou confuso, tenho muito oque superar, tenho que trabalhar em mim, e se algum dia eu por acaso decidir ir pra longe, sei que vou deixar ele sozinho nessa bagunça. Ele merece ser amado por alguém que consiga demonstrar e sentir.

Eu tinha 15 anos quando me apaixonei pela primeira vez, no início era tudo lindo, era um conto de fadas — como alguns diriam — mas todo conto de fadas tem seu fim. Foram traições, brigas, agressões psicológicas. Minha família não era umas das melhores, desenvolvi dependência emocional nesse relacionamento. Desenvolvi transtorno alimentar e de ansiedade, fora o transtorno explosivo gerado na infância. Um ano depois sai desse relacionamento com ajuda do meu primo, Nuear. Ele usou seu nome para o colocar na cadeia, eu era menor de idade e ele já tinha 22 anos, além disso me fez desenvolver muitos problemas. Coloquei fogo no carro dele, não me orgulho, nem me arrependo.

Alguns meses depois desenvolvi bloqueio emocional, passei a rejeitar sentimentos como o de se apaixonar. Ninguém nunca despertou nenhuma paixão em mim outra vez, para mim tudo iria ser igual ao meu outro relacionamento. Então conheci Macau. De fato me apaixonei no início, mas logo me vi apagando esse sentimento. Não podia me culpar por isso.

Ver Macau se apaixonar por mim me quebrou, me fez chorar, porque eu sabia o fim disso. O ver se declarar e me dizer "eu te amo" me desmoronou, foi como se algo se quebrasse dentro de mim, porque eu não conseguia dizer o mesmo, não podia e eu não conseguia sentir o mesmo por ele mesmo querendo e tentando.

Não era o momento certo e talvez nunca aja outro momento para nós.

— Win, tudo bem? —Nuear entra em meu quarto. — Por que está chorando meu garotinho?

— Nuear, algum dia eu vou conseguir sentir isso outra vez?

— Você precisa continuar trabalhando em si mesmo, conseguir sentir algo passageiro por ele já é um avanço —Nuear se senta ao meu lado. — Não chore.

— Eu queria que algum dia ele fosse essa pessoa.

Ele sorri e me abraça.

— Quem sabe um dia —ele beija minha testa.

O ver chorar enquanto me ouvia dizer aquelas palavras me quebrou, nunca pensei que ver alguém chorar me machucaria tanto.

— A sua transferência foi feita, amanhã será seu último dia —Nuear avisa me olhando.

Eu sinto muito, Macau.

Entro na faculdade, de longe vejo Macau conversando com um garoto, eles riam, eu respiro fundo e sinto mãos em volta do meu ombro me abraçando.

— Oi, Win — Porschay sorri.

— Olá, Chay.

Ele me virou para ele, eu o abraço apertado.

Can you love me again? -KimChay (KP)Onde histórias criam vida. Descubra agora