PAI E FILHO

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Depois que jurei isso, me virei olhei para o meu pai, e fomos em direção a saída, quando estávamos quase indo embora, minha avó veio na minha direção e disse:

 - Vai com Deus, e vê se não me mata do coração.

 Eu sorri e fomos a pé pra sorveteria, no caminho, ele me fez perguntas como:

 - E aí, quantos anos você tem?

 - Dez.

 - O que você mais gosta de fazer?

 - Treinar Kung Fu, pena que não treino mais

 Ele sorriu e acho que seus olhos se encheram de lágrima, não conseguia ver direito por conta dos seus óculos. Então ele disse:

 - Treinei várias artes marciais minha vida inteira, hoje sou lutador de MMA.

Eu olhei para ele pensando: "Meu Deus, eu mal conheço ele e minha admiração por ele já é enorme" porque naquela época tudo o que eu mais queria era ser lutador de MMA, eu assistia todas as lutas, e saber que o meu próprio pai era um lutador, era um sonho realizado.

  - Qual é a sua categoria? – perguntei.

 - Peso médio.

Depois que ele falou isso nós chegamos na sorveteria. Lá percebi que nós éramos muito parecidos, pegamos os mesmos sabores e coberturas. Estávamos conversando e rindo como se nos conhecêssemos a anos, quando do nada entraram dois homem mascarados, um com um revolver e outro com uma faca e um saco, bem alto um deles gritou:

 - Isso é um assaltado, relógios, dinheiro, celulares, e jóias dentro da bolsa, seus lixos.

  Eles foram passando de mesa em mesa, para pegar de pertences de cada um lá presente, eu fiquei chocado com a agressividade deles, eles davam coronhadas e socos em todos que ficam com medo deles ou demoravam para entregar as coisas, quando eles estavam uma mesa na nossa frente, vi meu pai fechando os punhos, já tinha certeza do que ele ia fazer.

 Quando o ladrão chegou perto dele apontando a arma em seu rosto, ele seguro o punho do cara, torceu até ele soltar a pistola, quando soltou ele começou a dar socos diretos em sua barriga e rosto, quando o outro ladrão que estava com a faca observou o que acontecia, foi pra cima do meu pai com a faca em direção a suas costas, eu rapidamente me levantei da cadeira e dei uma rasteira nele, ele caiu, dei um chute em sua mão e a lamina foi para longe, em cima dele apliquei socos em diversas partes do seu corpo, quando os dois estavam inconscientes, meu pai me ajudou a levantar e todos nos aplaudiram de pé, então meu pai disse:

 - Todos venham aqui pegar seus pertences.

 Eles vieram com sorrisos e agradecimentos em nossas direções, eu estava me achando o máximo, estava me achando como os heróis que via quando lia as minhas HQs. Fomos em direção ao caixa pagar e a dona falou:

 - Você está louco? Você salvou minha loja! Nunca mais precisará pagar aqui.

 Então saímos felizes. Eu não sei explicar, me sentia tão bem por estar finalmente em contato com meu pai, e principalmente por ter orgulho dele, porém aquela fase da minha vó: "Não toque no meu neto seu canalha! Eles morreram por sua culpa eu sei!" ainda me assombrava. Meu pai falou:

 - Filho

 - Fala pai!

 - Não comenta nada com a sua avó tá? Lembra que ela falou pra você não matar ela do coração?

 - Lembro!

 Nós começamos a rir, e conversamos até a porta da casa da minha avó, chegando lá ele perguntou:

 - Você disse que não trinava mais Kung Fu não é?

 - Sim, pois minha mãe não tinha mais condição de me pagar.

 - Certo, me encontre amanhã naquele lugar abandonado na esquina da Rua Machado de Assis com a Paulo Lício Rizzo ás 13h.

 - Por quê? – Perguntei

 - Você saberá.

 Confuso, porém ansioso me despedi do meu pai, e entrei em casa.

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