O ÚLTIMO DIA DE TERROR

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Leo veio pra casa correndo. Eu expliquei que a gente não poderia mais esperar, ele ficou meio assustado, porque pensava que demoraria mais alguns dias.

- Não ia ser semana que vem? - ele pergunta. 

- Ia, mas minha perna já está melhor, vamos amanhã.

- Tem certeza que está bem?

- Tenho.

- Ok, hora de reunir o time

- Com certeza.

...

Eu, Leo, Barbará, e Alexandre estamos na mesa de reunião na caverna para resolver todas as pendencias que faltam no plano. 

Ficamos conversando algumas horas, depois de algum tempo nós paramos de falar do plano e ficamos falando de coisas aleatórias, até nos conhecemos melhor, Alexandre nunca cabulou uma aula se quer, Bárbara brigava direto na escola, uma vez Leo vomitou no pé de um cuidador da Fundação Casa (ele ficou um tempo da vida lá), e eu disse que sempre roubava as balas da lanchonete da minha escola.

Eu peço licença e saio da caverna. Passo pela cozinha e vejo que Lara e Sarah estão conversando. Eu as comprimento e subo. 

Entro no quarto, apago as luzes, sento na posição de "pernas de índio" e começo a meditar. 

Tento esvaziar toda a minha mente. Mas tenho que admitir que é muito difícil, minha mente está muito perturbada nos últimos tempos, teve a morte do pai da Gwen, as brigas com a Rebeca, a faculdade tava bem puxada, e aquele sonho maldito ainda estava na minha mente.

Sempre tive a teoria de que o bem e o mal são divididos dentro de nós, as vezes a divisão é bem clara, sendo que algumas pessoas são como anjos, e outras verdadeiros demônios, nessas pessoas, essa linha é como um muro. Mas em mim, é como se fosse um barbante, nunca sei direito por qual lado eu vivo, por qual lado luto.

É horrível viver assim, tendo que se segurar a todo instante para não liberar toda a sua raiva naquele que você ama, as vezes até os machucando fisicamente, me controlo desde que eu era uma criança, e sinto que vou continuar assim até meus últimos suspiros.

Aqueles que vivem comigo me ajudam muito, me entendem, e quase nunca me deixam uma brecha para que eu libere meu lado "mau". Acho que o Sombra, é uma válvula de escape indireta, para que eu libere toda essa raiva de pouco em pouco.

Já estou meditando há algumas horas, quando de repente, batem na porta. Abro os olhos, me levanto e vou abrir. 

- A Gwen tá lá em baixo. - Lara, que estava na porta, diz.

Digo "ok", e desço. 

Vejo ela sentada em uma cadeira da mesa de jantar. Ela me olha e força um sorriso, e sorrio de volta e chamo ela para ir até a garagem.

Sentamos em uns banquinhos e eu pergunto preocupado:

- Tá melhor?

- Vou melhorar...

- Vocês eram muito próximos?

- Não eramos muito, mas quando vim para o Brasil, começamos a ser. Mas quando justamente estávamos muito bem, aquela doença vem e me tira ele... doença filha da...

- Ei! - interrompo - calma amor, isso é normal, todo mundo passa por isso. Como você já sabe, perdi praticamente todos os que eu amava, mas com o tempo eu superei, e você também vai!

Ela sorri e diz:

- Está pronto para amanhã?

Eu suspiro e digo:

- Tenho que estar, uma cidade inteira está contando comigo, mesmo sem saber.

- Mas quero que você me prometa uma coisa.

- Tudo o que você quiser.

- Se amanhã, você sentir que vai morrer, vá embora, fuja! Acabei de perder meu pai, não posso perder você também..

- Mas Gwen...

- Me prometa Lucas!

- Certo, eu prometo!

Ela me abraça e diz: 

- Obrigada, te amo!

- Também te amo!

Lara aparece na garagem e diz:

- O Leo tá chamando todo mundo.

Eu e Gwen seguimos minha irmã.

Todos estão na sala, sentados, e Leo e Sarah de pé.

- Bom, gente - meu amigo começa - chamei todos aqui para fazer um anuncio importante. 

Ele olha no fundo dos olhos de Sarah e começa a falar um monte de coisas bonitas pra ela. No fim, ele tira uma caixinha do bolso, se ajoelha e diz pra ela:

- Casa comigo?

A ruiva cai no choro e só consegue balançar a cabeça dizendo sim. Leo põe o anel no dedo de Sarah e eles se beijam

A gente aplaude, e enquanto todos vão cumprimentar eu desço até a caverna.

Pesquiso um pouco sobre o Marcos, nada sobre ele aparece. Nem uma notícia, um paragrafo, uma palavra se quer.

Procuro um pouco sobre o assassinato do meu pai. Não acho muita cosa, mas vejo um padrão. Muitos assassinatos em Osasco e na região, nunca são esclarecidos, e em sua maioria, causados por mais de um homem, bem vestidos, e não deixam uma pista se quer.

É por isso que a polícia nunca teve conhecimento deles, e por isso que eles são tão bem organizados, pois são um grupo muito grande pelo visto, e Marcos deve ser brilhante, para conseguir liderar um grupo enorme como esse. 

Do mesmo modo que tenho ódio deles, eu de certo modo os admiro, eles mandam em Osasco, tudo esta nas mãos deles, desde a igreja, até a prefeitura. 

Cerca de 20% da polícia deve ser infiltrada deles. Tomar que os justos se sobressaiam.

Acho que quando Natália, a filha do prefeito, foi sequestrada, ele deveria ter algum tipo de dívida com eles, como por exemplo, eles tivessem ajudado ele na campanha, com suborno e marketing , e o prefeito, não conseguiu pagar a dívida. O coitado deve sofrer ameaças até hoje.

Talvez cerca de 700.000 moradores da minha cidade, apenas 1.000 saibam da Máfia.

Me pergunto se ninguém de bem não os caça assim como eu. Ou talvez, os que tentaram, não sobraram para contar história.

Tenho medo de não conseguir amanhã. Mas eu preciso! Para proteger a cidade, e para fazer justiça contra aqueles que mataram toda a minha família! 

Não tenho vergonha de falar que quero mata-los, não tenho um pingo de pena, nem de compaixão por eles! Quero esmagá-los, destruí-los, faze-los clamar por misericórdia, quero ouvir o choro deles! Principalmente o de Marcos!

Viu? Minha linha de separação sendo destruída por alguns segundos? Sempre que penso nesse malditos, eu perco a cabeça. 

Mas esta chegando a hora da minha vingança! Na verdade...

Não é vingança, é justiça!

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