O NASCIMENTO

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Eu estava dirigindo o Mustang pelas ruas quase desertas de Osasco por conta da hora.

Mas as casas ainda estavam bem iluminadas e cheias de vida, bom, eu acho que é isso que chamam de espírito de Natal.

...

Estava em lugar que não reconhecia direito, era um bairro bem pobre, e nas ruas existiam algumas pessoas suspeitas.

Passei perto de um beco e ouvi:

- Não! Por favor não!

Eu me assustei e freiei o carro muito rápido. Saí dele e fui na direção da rua.

Existia uma van estacionada na viela, me escondi atrás dela para escutar o que estava acontecendo, escutei o seguinte:

- Vai logo! Cadê o dinheiro? - uma voz masculina dizia.

- Eu não tenho... me dêem mais tempo. - uma voz feminina reapondia.

Quando olhei para a cena vi o seguinte: dois homens armados com revólveres, gritando com uma mulher com roupas bem simples. E os homens, eram dois Ternos Brancos.

Minha reação imediata foi o susto. Eu não sabia o que fazer, fiquei ofegante. Quando voltei ao normal, tive uma ideia, saí correndo até o carro. Lá, abri o porta-malas e peguei a máscara, e um par de luvas que Leo usava para dirigir, e as vesti.

Voltei para o beco e fui novamente para atrás da van, fiquei escutando os gritos da pobre mulher, até que resolvi agir.

Me levantei, e comecei a andar cautelosa e silenciosamente, do jeito que eu sempre fiz. Enquanto eu estava indo na direção dos bandidos, fiquei pensando como eu poderia agir: "Bom, eu posso bater cabeça com cabeça, mas não vai dar certo pois um é maior que o outro, eu também posso começar a bater neles com velocidade e força, mas aí um iria me dar um tiro... já sei!"

Eu percebi que tinha um homem perto da parede e outro perto da moça. Com uma boa estratégia, poderia acerta-los sem verem quem os

Na minha maior velocidade, saí correndo até o primeiro homem, o que estava perto da mulher, dei uma rasteira nele. Quando seu parceiro olhou para trás, dei com sua cabeça na parede, com força suficiente para desmaia-lo, não para mata-lo, ele caiu inconsciente no chão.

O outro começou a levantar. Eu segurei em seus ombros, e com minha perna direita puxei a dele de mesmo lado, e o empurrei contra o chão, e ele desmaiou.

Eu fiquei olhando para os dois até lembrar da mulher. Quando voltei para onde a moça estava, eu percebi que ela já tinha ido embora.

Eu fiquei refletindo sobre o que eu fiz, se era certo ou errado. Eu estava com muito medo, já tinha feito isso antes há muito tempo, em uma sorveteira com o meu pai, mas ele não estava comigo ali naquela hora.

Eu fiz o que achei que era certo, liguei para a polícia como denúncia anônima e falei o que tinha acontecido.

Eu voltei para o carro antes que a polícia chegasse, e fui para a casa.

...

Acordo mais ou menos 1h da tarde, e saio do quarto, sentei no sofá do quarto e ligo a TV em um canal qualquer que estava passando um jornal, estava quase dormindo quando ouço:

- Atenção senhoras e senhores! Ontem de madrugada, aproximadamente 3 da madrugada, um homem mascarado deteve dois marginais, vamos ouvir o pronunciamento deles:

- Bom... eu e o meu parceiro estávamos ameaçando uma mulher que nos devia dinheiro, quando do nada eu sinto uma mão no meu rosto, e depois minha cabeça foi direto pra parede, caí na hora. Eu me entreguei para a polícia quando acordei, prefiro ficar na cadeia do que ficar com aquele homem lá fora. Eu juro que fui atacado por uma SOMBRA!

Eu fiquei boquiaberto, eu fiz aquilo com ele, e se eu fosse preso? E se me procurassem e me matassem como fizeram com o meu pai?

E o âncora do jornal continuou:

- Também temos uma foto.

E na TV aparece o momento em que acertei a cabeça do homem na parede, a foto era do ângulo da mulher que salvei, ela tirou a foto sem eu perceber. A foto estava meio escura pela falta do flash, mas ainda sim tava para ver que o homem era mascarado.

- Bom senhores telespectadores - falou o apresentador. - não sei vocês, mas, eu me sinto mais seguro sabendo que um homem está tentando nos ajudar... já tenho até um nome pra ele: Sombra!

- Sombra? - ouço uma voz familiar.

Olho para trás e vejo Leo. Eu tento disfarçar e digo:

- Pois é... confia nele?

- Não! Ele é burro! Não pensa!

- Nossa, ele salvou a vida daquela mulher!

- Nossa Lucas... você mente muito mal! Eu vi a foto, a máscara é a que você ganhou da Lara, e você tava usando a roupa de ontem.

- Ok... era eu.

- Eles estavam armados, e se você levasse um tiro?

- Cara, eu não levei, eu tô bem não tá vendo? Assunto encerrado! Eram Ternos Brancos, você sabe do que são capazes!

Ele suspira, olha pra baixo, e fala:

- Ok! Mas na próxima, eu vou com você.

- Certo, Sombra é muito bom, muito bom mesmo...

- Sim, mas você não quer continuar com isso sem armas e proteções apropriadas certo?

- Sim... vamos pra caverna.

- Vou ligar pro Alexandre.

- Beleza.

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