MUITAS EMOÇÕES

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Chegamos em casa e entramos, era mais ou menos 1h então minha avó já estava dormindo, Leo falou que ainda bem, e eu perguntei:

- Por quê?

- Porque assim podemos pegar gelo sem ter se explicar - ele falou jogando um saco com gelos pra mim.
Eu coloquei na minha coxa pois tinha levado uma cacetada nela, ficamos mais ou menos meia hora ali nos cuidando, depois fomos dormir, tinha sido um dia surtado, só pra recapitular:
-descubro uma super caverna na casa do meu pai.
-descubro que ele tem uma família, e eu uma meia-irmã.
-descubri que o corpo do meu pai sumiu.
-eu e Leo fomos perseguidos pela polícia.
-salvamos um casal de idosos.
-lutamos com a polícia.

Muitas, muitas emoções mesmo, em só um dia.

Acordei e minha avó já tinha ido pro hospital, ela me disse que a partir daquele dia também trabalharia de manhã para conseguir mais dinheiro, com o salário só da tarde não tava dando pra alimentar três bocas, eu ofereci meu dinheiro, porém ela recusou.

Fui me trocar, estava no banheiro escovando meus dentes e ouço:

- Lucas! - era Leo gritando.

- Fala! - eu disse saindo do banheiro com a escova na boca.

- Olha só isso - ele apontou para TV.

O âncora de um jornal dizia o seguinte: "informamos que ontem à noite, quatro jovens tiveram problemas com a polícia de Osasco, perto da 00h dois jovens com capacetes em uma moto foram perseguidos, e mais ou menos 00:30h outros dois encapuzados entraram em conflito com 12 policiais após salvarem dois reféns".

- Primeiro: não foram quatro, foram dois, segundo: caramba nós salvamos duas pessoas, será que ninguém reconhece isso não? - eu disse com tom de revolta.

Leo riu e falou:

- Pois é cara, acho que se nós assaltássemos um banco, teríamos mais reconhecimento.

Eu ri, concordei, e voltei à escovar os dentes. Falei para Leo que estava indo para escola e que falaria com Alexandre, ele disse que tudo bem. Chegando na escola, vi Alexandre lendo um jornal, me aproximei e ouvi dele:

- Meu Deus, os caras fazem o que a polícia não consegue, batem nela, e ainda são criticados.

- Se você estiver falando dos caras que salvaram o casal ontem a noite... concordo plenamente - eu disse me sentando ao seu lado.

- Estou sim, fez a lição de matemática?

- Que li... passa pra mim?!

- Claro. Porque você não fez?

- Tava batendo na polícia - falei baixinho.

- O que?

- Esqueci.

- Ok.

Ele me emprestou o seu caderno, comecei a copiar, e ele continuou a ler seu jornal. De repente ele me pergunta:

- O que aconteceu no seu rosto?

Passei a mão e percebi que estava com uma casquinha, provavelmente cortei e estava inchado.

- Caí. - respondi com um sorriso irônico

- Que chão agressivo, até parece que tinha um cacete.

- Eu que o diga.

Ele me olhou com um olhar desconfiado, o sinal tocou, e nós dois fomos para a sala.

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