Capítulo XXXIII

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     Will andou ao redor do Cálice, sem passar da linha etária.

— Deve ser horrível, não é? Quero dizer, carregar toda a sua escola em uma competição...e ainda arriscar a sua vida, ter tanta atenção em cima de você...por que os Weasley querem tanto participar desse torneio terrível? Além disso se eles conseguirem só um deles pode ser escolhido, eles não se irritaram um com o outro? Brigar com seu irmão por causa de uma competição? Ridículo. Tudo aqui é R-I-D-Í-C-U-L-O.

     Quando Will se virou para olhar os amigos, se viu encarando três pessoas fingindo dormir.

— Odeio vocês! — Disse Will, mas com um sorriso no rosto. Ele estava com saudades daquilo.

— Acho que todos querem a mesma coisa: o dinheiro — Disse Rô — Quer dizer...talvez alguns desejam a glória eterna, mas não sabem as consequências disso.

— Sério? — Disse Jack — Vamos ter que fingir dormir pra você também, Roberta?

     Rô ergueu uma sobrancelha.

— Virou meu pai? Roberta, onde já se viu? É , meu querido. R-Ô. .

Por que chamamos a Rô de Rô e não de Berta? — Luna perguntou — Pensando bem, Berta não é nada legal. Agora, eu acho que todos querem provar que são capazes de participar do torneio.

— Mas ninguém da a mínima pros riscos? — Will espiou por cima do ombro. Os gêmeos Weasley desciam as escadas erguendo dois frascos com um líquido dentro — Vocês não roubaram do meu tio, né?

— É claro que não! — Disse um dos gêmeos.

— Não somos trombadinhas — Disse o outro.

— Sabem que não vai funcionar, né? — Will sorriu e cruzou os braços.

— Ah é?

— Por quê?

— A linha etária, meninos — Will respondeu como se estivesse falando com uma criança mimada— O próprio Dumbledore que fez. Acham mesmo que ele não pensou numa ideia tão ridícula quanto uma Poção de Envelhecimento?

— É exatamente assim, Will.

— Uma ideia ridícula. 

     Will virou de costas e subiu as escadas; Rô, Luna e Jack correram atrás dele.

— Eles são dois bestas.

— Pare com isso, Will! Você sabe que eles não vão conseguir, por que se irrita com isso, então? — Luna foi a primeira ao alcançar.

— Olha, Luna, nem eu sei...

Nossa! — Exclamou Luna — Luna? Você está mesmo irritado!

— Gente, por favor, não vamos falar sobre isso. — Pediu Will.

— Will, você devia ir ver seu tio — Will ergueu uma sobrancelha para Jack — Você anda meio estressado ultimamente, Will, acho que tem haver com você descobrindo mais sobre a sua família...

— Jack, por favor, cale a boca!

— William — Falou Rô. Sua expressão era fria e seu queixo estava erguido em determinação — Você precisa de uma poção para calma. Com tem sido o seu sono?

     Will fechou os punhos. Ele não ia responder aquela pergunta. Ele não estava conseguindo dormir, passava a noite acordado pensando em seu pai correndo na direção do castelo, seguido por diversos dementadores. Quando ele conseguia dormir, ouvia gritos de dor e agonia de Heather Black.

— Will, isso é sério! — Falou Luna. Luna falando de seriedade, o que diabos está acontecendo? — É a sua saúde!

Eu estou bem, ok? Não preciso de poção nenhuma!

— William — Falou uma voz fria, quando os quatro amigos viraram a esquerda. Severus Snape encarou Will com toda aquela cara de desgraçado-serio-para-caramba. — Venha comigo! — Snape agarrou o braço de Will e desceu com ele até as masmorras, chegando na sala do professor. O bruxo finalmente se virou para o sobrinho — Por que não me contou?

— Não contei o que? — Rosnou Will.

— William Black, fale direito comigo! — Brigou Snape — Vou lhe dar uma poção pro sono. Quanto a raiva...

— Pare com isso! — Gritou Will — Não sou um doente!

     A expressão de Snape suavisou um pouquinho.

— William, pare com isso. Ninguém te acha fraco por ter problemas completamente normais. Você só está estressado pelo que passou no último ano...aquele...encontro...não lhe fez nada bem.

     Will se jogou nos braços de Snape e se debruçou em chorar. Ele chorou tanto, tanto, que sua garganta ficou seca. Ele estava com raiva, nervoso, com medo, com felicidade, com dor...ele estava uma confusão de emoções. Ele não sabia onde começava e quando tudo acabava. Ele não aguentava mais nada. Não queria mais encarar a realidade. Ele queria fugir. Fugir pra bem longe, em algum lugar onde pudesse ser abraçado por alguém que o amasse. Como está sendo abraçado nesse momento.

      Will não queria saber mais, mas mesmo assim se viu na obrigação de perguntar:

— Ela chorava muito?

      Snape o encarou.

— Só vi Heather chorar três vezes em toda a vida. A primeira: com catorze anos. A segunda: com dezesseis anos. A terceira: com vinte anos.

— Por que?

     As camadas de defesa se ergueram novamente no rosto de Snape. Ele ergueu o queixo com ar de superioridade. Snape caminhou pela sala e parou diante de um armário, onde ele pegou um frasco com um líquido branco e um frasco com líquido azul-bebê.

— Will, tome aqui!

— Poção de Sono e de calma?

— Sim. A melhor que tenho.

     Will ficou encarando o frasco que segurava. Entoa fez a pergunta que estava trancada a semanas.

— Pode me moatrar outra memória dela?

— Desculpe, William —  Respondeu Snape — Não posso fazer isso. Não peça novamente, por favor.

— Tudo bem — Sussurou. Will se virou e saiu da sala.

     Naquela noite, antes de deitar, Will bebeu um pouco da poção do frasco. Ele dormiu a noite inteira e, o melhor: não sonhou com nada. Talvez Will estivesse precisando mesmo daquelas Poções.

O filho de Sirius Black:William S. BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora