O filho de Sirius Black:William S. Black

Capítulo 93

       William se afastou mais de todos, depois daquela noite. Provavelmente a maioria achava que era por conta da morte de Olho-Tonto, mas os mais inteligentes sabiam que era por conta do ataque de Snape a Jorge.

— Will? — Gina bateu na porta do quarto de Rony, onde William se manteve alojado.

— Gina, ele sempre mentiu, Gina. — Os olhos da Weasley se arregalaram ao encontrar Black. Seu longo cabelo estava bagunçado, ele tinha o olheiras profundas nos olhos e estava extremamente pálido.

      Gina correu até o amigo, foi quando Will saiu de seu transe e encarou os olhos castanhos marejados da garota.

— Will, por favor, você está ficando doente. Saia daqui, acorde, por favor! — Uma lágrima escorreu por seu rosto sardento. — Eu sei que agora você detesta Snape, mas não se detesta, então saia daqui, tome um banho e coma alguma coisa.

      William se levantou e cambaleou até o espelho, encarando seu reflexo.

— Quero cortar o cabelo.

— Quê?

— Quero cortar o cabelo. Sua mãe pode fazer isso?

— Sim, mas por quê?

— Não sei. Só quero acordar.

      Naquela mesma tarde, a Sra. Weasley sentou William em uma cadeira no jardim e começou a cortar seu cabelo, lentamente como se temesse que o garoto se assustasse com a mudança.

— Por que quis cortar o cabelo, Will?

— Mudar, sabe, sra. Weasley? Faz anos que estou com o cabelo desse jeito, cansei.

— Entendo.

      A mulher trouxe um espelho para que William pudesse se olhar. Seus cabelos estavam perfeitamente cortados na altura das orelhas.

— Perfeito. — A Sra. Weasley soltou um suspiro de alivio.

— Hoje é aniversário de Harry, estamos dando uma festa lá fora, se quiser se juntar. William sorriu e seguiu a bruxa para fora da casa.

     Todos viram ao mesmo tempo: mas não para olhar William. Um rastro de luz cortou o jardim e parou sobre a mesa, onde se transformou em uma doninha prateada que se ergueu nas patas traseiras e falou com a voz do sr. Weasley:

— O ministro da Magia está vindo comigo.

     O Patrono se dissolveu no ar, deixando a família de Fleur assombrada, olhando para o lugar em que o bicho desaparecera.

— Nós não devíamos estar aqui — disse Lupin na mesma hora. — Harry... lamento... explicarei outra hora...

      E, agarrando Tonks pelo pulso, levou-a embora; ao chegarem à cerca, os dois a transpuseram e desapareceram. A sra. Weasley demonstrava espanto.

— O ministro... mas por quê... Não estou entendendo.

      Não houve, porém, tempo para discutirem o assunto; um segundo depois, o sr. Weasley apareceu ao portão acompanhado por Rufo Scrimgeour, instantaneamente reconhecível pela juba grisalha.

     Os recém-chegados atravessaram o quintal e, com passos firmes, se dirigiram ao jardim e à mesa iluminada pelas lanternas, onde todos aguardavam em silêncio, observando sua aproximação.

— Desculpem a intrusão — disse Scrimgeour, ao parar diante da mesa. — Principalmente porque posso ver que estou penetrando em uma festa para a qual não fui convidado.