Capítulo 11 - Parte 2

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Capítulo 11 - Parte 2

"Eu juro que vou explicar tudo."

Li a mensagem em meu celular, sentindo as batidas do meu coração aceleradas. Mordi o meu lábio inferior, encucada quando algo passou pela minha cabeça.

Por que ele não está perguntando onde estou? O que aconteceu para eu ter agido daquela forma ou o que estou fazendo?

Olho para a porta do escritório do doutor, lembrando dele ter dito que ia fazer uma ligação.

Droga! Ele me delatou! Ele foi ligar para Jason e provavelmente deve estar sabendo de toda a verdade, por isso aqueles remédios... agora tudo faz sentido! Os dois estavam trabalhando juntos para que eu não me lembrasse! Meu Deus! Como ele ainda pode se considerar um médico?!

Sentindo a adrenalina correr pelas minhas veias, eu levanto e saio correndo do escritório. Passo correndo pela recepção, tentando passar despercebida, e por sorte, não chamo atenção de ninguém. Vejo o carro em que vim estacionado no mesmo lugar em que o deixei, porém ando na direção contrária, correndo o mais rápido que posso para o mais longe.

Eu realmente não sei para onde estou indo. Não me sinto familiarizada com as ruas dessa cidade, mas... por algum motivo, mesmo que sem perceber, sinto-me ser guiada cada vez mais a algum lugar. Com os passos apressados e os olhos queimando em lágrimas, talvez pelo medo de estar sozinha a essa hora da madrugada, e com medo do que pode acontecer a uma pessoa como eu, que não sabe se defender, ou talvez por estar constantemente fugindo desde que descobri parte da verdade. E isso é uma merda!

É tudo tão desgastante... e pensar que Jason estava recebendo ajuda de um médico, que sabia de toda a verdade, e ainda assim foi capaz de fazer o que fez, me deixa enojada. Sinto que acabei de cair no maior golpe de todos os tempos, mas ainda não sei o que eles querem tirar de mim.

Eu paro, esfregando os meus braços numa forma de aquecê-los ao me deparar de frente a um cemitério. Os portões estão abertos, e eu me sinto nervosa, curiosa para entrar à medida que o encaro. Eu dou os meus primeiros passos para dentro do local, sentindo a atmosfera assustadora.

O local é separado em duas partes. Do lado esquerdo temos os túmulos, os corpos que foram enterrados em seus caixões, na terra. Do lado direito temos um local mais incomum, mais arrumado, quase como uma pequena capela, porém com vários estandes, com várias urnas sobre elas. Abaixo de cada urna tem o nome do respectivo dono, dos seus familiares, a data que nasceu, e o ano em que morreu. Acima de várias urnas posso encontrar diferentes flores, ao contrário de outras que parecem ter pegado poeira. O local é repleto de velas, como se alguém constantemente viesse aqui, acender a vela que mantém a vida dessas pessoas no coração de quem as perdeu, e rapidamente, ao pensar nisso, meus olhos se enchem de lágrimas.

Talvez por instinto, eu caminho até uma urna onde o sobrenome "Pompeo" aparece na placa. E o nome do meu pai aparece...

Como se uma bomba tivesse caído sobre mim, eu me ajoelho em frente a urna, sentindo que aquelas lágrimas que fui capaz de controlar durante o caminho, agora querem desesperadamente se libertar.

— P- Pai... — Choro, sentindo algo novo se abrir em meu peito.

Eu ainda não tenho lembranças diretas sobre o meu pai, mas sempre que penso nele, o meu coração se enche de carinho e amor. Tudo o que sou capaz de lembrar sobre ele com clareza, é de quando a minha vida declinou e descobri sobre a sua doença. Quando eu tive que reprimir aquele sentimento horroroso em meu peito sobre Jason, com medo de que ele pudesse morrer apenas por saber que eu estava sofrendo. Eu lembro de como visitar ele fazia o meu coração se alegrar, de como eu queria o proteger de uma forma ou de outra, de toda a maldade do mundo, assim como ele fez comigo quando eu era criança.

REVERSO - A SOMBRA DE UM PASSADO - (RETIRADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora