Capítulo 46

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Os dias passavam, horas de incansável trabalho para Serkan , e minutos de dor para que Eda fizesse Kiraz se acalmar. A mansão ficava praticamente abandonada, Serkan passava as noites bebendo, enquanto durante o dia mandava e desmandava no hospital. Aydan não tinha mais controle nenhum sobre o "filho", Ayla e Ozan se mudaram para uma cidade vizinha com Sanem, não aguentavam mais saber das ultimas notícias de Serkan que ou estava bebendo e arrumando confusão em bares badalados da cidade, ou estava passando as noites na casa de alguma "amiga". Selim continuava em coma, Serkan chegou a ir visitá-la no hospital, mais não tinha coragem de olhar no rosto dela, a mulher descarada que sempre se jogava em cima dele, que foi capaz de cometer as piores loucuras alegando "amar" demais, estava agora imóvel e quase sem vida em cima de uma cama de hospital.

"Talvez seja mesmo verdade que aqui se faz aqui se paga...".

Bárbara e Eda resolveram contar a Pedro sobre a gravidez de Eda , no começo foi difícil, Pedro não olhava para a filha, vivia recluso e quieto nos cantos da casa, e só dava atenção a Kiraz, que era tão apegada ao avô quanto era apegada ao pai, com o tempo Pedro foi aceitando e gostando da idéia de ter outro "anjinho" correndo pela casa. Eda havia conseguido um emprego em uma loja de animais, estava dando duro para entrar na faculdade e dar um futuro melhor aos seus filhos, a pequena Kiraz e ao menininho que Eda carregava, agora com cinco meses em seu ventre.

-Eda sabe que não deve pegar muito peso... -Disse Sabina à ajudante na loja. -Isso é serviço pra mim.
-Nada disso Sabina, eu sou capaz de fazer tudo normalmente. -Colocando as caixas no lugar.
-Como está Kiraz ? -Perguntou a moça sorrindo.
-Está bem, cada dia pior com suas travessuras.
-Ela parou de perguntar pelo pai?
-Não... Ela nunca vai parar, ele é pai dela. -Disse séria. -Ela nunca seria capaz de esquecer o pai... E talvez eu também nunca seja capaz disso. -Disse esgotada.
-Disse alguma coisa Eda ? -Perguntou estranhando.
-Não... Só reclamei porque a gaiola está muito suja... -Despistou.
-Deixa que eu cuido disso.-Disse a moça sorrindo.

Aydan resolveu fazer uma visita a seu filho, que estava morrendo de dor de cabeça deitado na cama. Tinha bebido a noite toda e a ressaca estava forte pela manhã.

-Feche a cortina Fátima! -Gritou se cobrindo até a cabeça.
-Oh! Me chamou de Fátima! -Disse a mulher indignada. -Eu peço demissão Serkan.-Saindo ofendida.
-Pelo amor de Deus Fafá... Traga um café pra mim e pare de drama... -Resmungou. -Fafá... Fafá! -Chamou gritando.
-Ei o que está havendo aqui Serkan ? -Perguntou entrando no quarto e abrindo as cortinas.
-Mãe! Fecha essa droga! -Gritou zangado.
-Cale a boca seu malcriado... -Disse ela sem dar importância. -Levante já dessa cama.-Tirando a coberta dele. -Vá tomar um banho e fazer essa barba. -Dando uma chinelada no traseiro dele.
-Você enlouqueceu! -Gritou ele possesso.
-Cale a boca e vá agora mesmo pro banho. -Disse ela séria.
-Mais...
-Agora Serkan ! -Gritou ela nervosa.

Serkan levantou e ficou olhando o rosto de Aydan , que estava séria e zangada. Ele nunca tinha visto ela daquele jeito, ela nunca tinha dado uma só palmada nele, sempre lhe deu tudo que pedia, sempre o encheu de mimos e carinhos, sempre foi a melhor mãe pra ele, mais ele nem sempre foi um bom filho pra ela, nunca disse "eu te amo mãe", nunca agradeceu aos cuidados que ela teve, as noites em que deixava de dormir pra protegê-lo de seus pesadelos, nunca foi um "filho" para ela.

-Você não me considera nada Serkan , mais não me importa meu filho... -Olhando nos olhos dele. -Eu vou amá-lo do mesmo jeito... -Ajeitando a roupa. -Agora tome seu banho, pois quero conversar com você.
-Mãe...
-O que é? -Perguntou ela sem olhá-lo.
-Eu te amo mãe... -Ele disse a abraçando forte. -Estou perdido mãe.
-Só irá se encontrar quando encontrar sua outra metade Serkan. -Olhando nos olhos dela. -E você sabe onde encontrá-la.
-Não sei se devo...
-Mais vale a tristeza de ter perdido que a de nunca ter tentado... -Disse ela sorrindo. -Vá atrás dela, ajoelhe-se, peça perdão, faça o que for preciso, mais não desista. -Abraçando o filho.
-È o que farei mãe... -Disse ele enchendo a mãe de beijos. -Vou buscar o amor da minha vida! -Gritou ele girando a mãe.
-Serkan não sou novinha mais meu filho. -Disse ela tonta.
-Não sei o que seria da minha vida sem você minha mãe... -Segurando o rosto dela. -Você é minha mãe, é um pedaço de mim. -Enxugando o rosto dela.
-Serkan... Faça a coisa certa meu filho... -Disse ela emocionada. -Não perca Eda, não perca sua filha... -Abençoando o filho. -Arrume-se eu vou preparar um café forte sem açúcar pra você.
-Acho que eu mereço... Mãe eu chamei Fafá de Fátima... -Disse assustado. -Ela deve estar péssima mãe.
-Serkan você sabe o quanto ela fica sentida quando faz isso.-Indo atrás dela.

No interior Kiraz estava toda feliz se arrumando pro primeiro dia na escolinha. Vestida com a camisetinha da escola e uma saia rodada azul ela exigiu que a mãe fizesse "malia chiquinhas" com grandes laços de fita azul marinho.

-To lindona mamãe... –Disse a menininha passando batom.
-Kiraz isso é da vovó... –Disse pegando o batom. –Olha só parece um palhaçinho.
-Ensina eu mamãe... –Pediu ela fazendo bico.
-A mamãe tem isso pra você olha... –Se ajoelhando na frente dela. –É pra boca brilhar. –Limpando o batom dela.
-Mais eu quelo vemeio... –Reclamou a menina.
-Mais é mais bonito assim transparente... –Passando um pouquinho nela. –Mocinhas da sua idade usam assim.
-Poquê vovó usa vemeio? –Perguntou ela indignada.
-Porque a vovó já é casada... –Explicou acabando de amarrar o tênis da filha.
-Eu quelo um namolado mamãe. –Disse  decidida.

Eda olhou pra filha com os olhos arregalados e caiu no riso, a menininha estava com os braçinhos cruzados batendo um dos pés no chão e com um bico esticado. Exatamente como ela quando ficava brava.

Boa leitura!!

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