Capítulo Oito

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-PoV Cosima-

Ouvir um elogio vindo de Delphine foi no mínimo estranho pra os meus ouvidos. Na semana passada ela parecia me odiar e hoje ela estava me acompanhando num Pub com um sorriso enorme no rosto e chegou até a usar a palavra "amiga".

Pensei comigo mesma que talvez ela fosse bipolar. Mas também pode ser que Sarah tenha razão e ela realmente esteja passando por um momento difícil e atípico.

Pra gente chegar no Pub, só foi preciso atravessar a rua, o ambiente tinha uma iluminação mais escura, mas era compensado com milhares de luminárias e velas por cima de todas as mesas.

No meio do pátio tinha um músico que tocava em seu violão alguma canção acústica que não reconheci e lá no fundo parecia ter uma entrada que dava pra outro lugar.

-Vem comigo! -Delphine chamou cortando todo o pátio a passos largos e segundos depois estávamos em outro ambiente daquele restaurante. Ali a música ao vivo chegava bem mais baixa, funcionando só como uma música ambiente e as mesas e cadeiras convencionais foram trocadas por cadeiras de praia e pequenas mesas de apoio.

De primeira, eu achei o lugar um pouco estranho, não é todo dia que você entra num Pub e senta numa cadeira de praia sendo que estamos a quilômetros de distância de qualquer uma delas.

Uma garçonete juntou melhor duas das cadeiras, posicionou uma das mesinhas de apoio ao meu lado e nos entregou os cardápios. Eu fui a primeira a sentar com a intenção de ver o que tinha pra beber, mas quando me acomodei eu entendi o objetivo daquilo tudo. Além de ser extremamente confortável, daquele ângulo era possível ver o céu inteiro, que por um acaso, estava bem estrelado.

-Vão querer pedir alguma coisa agora? -a garçonete se aproximou pra pegar nossos pedidos, mas eu ainda não havia conseguido pensar em nada além daquele céu.

Depois de quase gaguejar só pra dizer um "eu não sei", Delphine tomou a frente e começou a fazer nosso pedido. Ela apoiou uma de suas mãos livres no braço da minha cadeira e aproximou o cardápio pra nós duas vermos.

-Pode trazer uma água sem gás, uma porção de pastel com creme de provolone e batatas fritas com bacon. Você come essas coisas? -ela perguntou com os olhos fixos em mim e eu assenti.

-E a senhora? Vai querer beber alguma coisa? -a garçonete virou em minha direção mais uma vez e me esperava responder pra poder anotar.

-Ah, uma cerveja IPA, por favor. -respondi, mas dessa vez, sem gaguejar.

-Pronto, então por enquanto é só isso. Obrigada. -Delphine agradeceu e me olhou de relance enquanto se acomodava melhor na cadeira.

-Você já veio aqui antes? -perguntei por achá-la familiarizada com o local.

-Não, mas tinha muita vontade. Minha irmã já veio diversas vezes e sempre fala bem daqui.

-E por que você nunca veio com ela? Sarah é muito legal e vocês parecem se dar muito bem.

-Os amigos da Sarah são meio... "da pesada", eu acho. É assim que se diz aqui? -Delphine perguntou parecendo ter um pouco de dificuldade em traduzir tal característica pra o inglês.

-Acho que entendi o que você quis dizer. Eu também não conheço muito os amigos malucos do meu irmão. -respondi tentando deixá-la mais confortável. -Mas, mudando de assunto... -continuei. -Faz tempo que você mora aqui no Canadá? Você é francesa, não é?

-Sou. É a primeira vez que eu tô morando em Montreal e trabalhando em Ottawa. Boa parte da minha infância eu passei na França e quando vim pra cá eu morei no centro do Quebec, então foi como se eu nunca tivesse saído da França.

Meramente Amor (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora