-PoV Cosima-Depois de ir embora da casa de Delphine sem dar muitas explicações, eu evitei falar com ela por mensagem porque se a gente já não se entendeu pessoalmente, imagina em uma conversa onde não dá pra deixar claro nossos gestos e emoções? Provavelmente uma briga mais séria poderia surgir e eu não queria que isso acontecesse.
Na terça-feira tinha uma apresentação dos alunos na escola, então eu pensei que seria um momento bom pra gente conversar. A maioria das pessoas vão estar entretidas com as apresentações do palco e com certeza não haveria foco em nós duas.
Até chegar na data do evento, os dias pareciam se arrastar, Delphine também não tentou falar nada comigo e isso me deixava um pouco preocupada.
Quando cheguei na escola pra assistir as apresentações, Charlotte já estava lá porque tinha ido no horário normal com o ônibus da escola. Tentei procurá-la pra desejar boa sorte, mas provavelmente ela deveria estar se preparando junto aos outros alunos.
Percorri meus olhos pelo teatro em busca da professora que eu estava contando os segundos pra encontrar, mas também não vi nenhum sinal dela.
Passei quase trinta minutos na expectativa de ver Charlotte ou Delphine, mas a iluminação do teatro diminuiu anunciando o início das apresentações e eu não consegui falar com nenhuma das duas.
Procurei uma fileira mais vazia pra sentar, porque como havia muita criança era quase impossível ter silêncio absoluto, então eu queria pelo menos um local mais tranquilo pra conseguir assistir minha filha tocando piano pela primeira vez. Essas aulas ela tem feito apenas na escola, então nunca tive a oportunidade de ver seu avanço na música pessoalmente.
Quando a cortina se abriu, vi Charlotte no piano e mais três crianças em outros instrumentos. Eles estavam usando roupas bem parecidas com uniformes antigos de escola e lembrei que eu já sabia a música que eles iriam tocar. A escola teve todo um cuidado com o figurino e com o cenário pra combinar bem com a música clássica.
A maioria deles pareciam nervosos, inclusive Charlotte. Mas ela me viu na plateia esperando ansiosamente por sua apresentação e um sorriso enorme estampou seu rosto. Se ela estava nervosa antes, naquele momento a felicidade era bem mais nítida. Eu sempre faço questão de participar do máximo de coisas que consigo da vida dela e se ela resolver bater duas latinhas e dizer que é uma música, com certeza irei aplaudir igualmente, porque qualquer coisa que ela se esforce pra fazer me deixa nitidamente orgulhosa.
-Você vai passar muito tempo fugindo de mim? -ouvi a voz de Delphine quase no meu ouvido e meu corpo deu um pequeno salto pelo susto.
-Droga, Delphine! Você me assustou. E eu não tô fugindo de você.
-Sério? Não é o que parece. Juro que não acredito que você deixou de falar comigo por uma besteira.
-Eu não deixei de falar com você.
-Deixou sim! Você tá me ignorando desde que saiu da minha casa.
-Delphine. Você quer brigar? Ótimo! Eu também quero. Mas depois da apresentação da Charlotte, okay?
-Grossa. -ela disse levantando novamente e apesar de tentar, não consegui ver a direção em que ela saiu.
De qualquer forma, a apresentação começou e Charlotte ganhou toda a minha atenção.
Provavelmente eu devo ter sido a mãe que mais bateu palma dentro daquele teatro quando a música terminou. Eu até consigo imaginar minha filha um pouco mais velha morrendo de vergonha de mim e me escondendo os dias de apresentação só pra não pagar nenhum "mico". Mas eu não consigo controlar, Charlotte é a melhor parte de mim e cada conquista dela é como se fosse minha também.
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Meramente Amor (Cophine)
Hayran Kurgu[CONCLUÍDO]O amor é simples. Acontece. É preciso ser simples pra entender que as melhores coisas da vida não são ensaiadas, elas são espontâneas. O amor é transcendental. Você só precisa olhar nos olhos de alguém. E basta.