Capítulo Trinta e Sete

31 4 9
                                    


Capítulo baseado no episódio 3x08 de Killing Eve.

-PoV Cosima-

Normalmente quando estamos presos em algum trânsito, as horas parecem nunca passar, o que não era o caso.

Delphine já estava prestes a embarcar no avião e quanto mais eu olhava o celular, mais os minutos corriam. Porém, o táxi mal conseguia se mover no engarrafamento.

-Pode ficar com o troco! -disse com pressa entregando uma quantia em dinheiro ao taxista que parecia tão ansioso quanto eu.

Eu não consegui nem agradecer direito ou ouvir o que ele falou, porque saí correndo de dentro do carro e continuei correndo por toda a avenida até chegar ao aeroporto. Provavelmente eu corri uns dois ou três quilômetros, mas meu desespero nem me deixou sentir que foi tanto.

A única coisa que entregava todo aquele meu esforço era a falta de ar, meu pulmão parecia que sairia de dentro de mim, mas eu precisava continuar procurando Delphine no meio daquele imenso aeroporto.

Corri até o máximo de embarques que consegui e depois que cansei, continuei andando. De longe eu vi Susan e Ethan conversando com a filha e quando eles me viram, automaticamente se afastaram dela, deixando aquele curto espaço de tempo pra gente se falar.

-Você veio até aqui correndo? -Delphine perguntou notando facilmente meu estado caótico.

-Tipo isso. -respondi dando algumas tossidas logo depois e senti uma dor aguda no coração pela falta de ar.

-Não sabia que você era do tipo atlética. -ela disse com certo sarcasmo em seu tom, mas não respondi, apenas dei uma leve revirada de olhos.

-Eu acho que eu tô cometendo o maior erro da minha vida. -fui direta e o mais sincera que eu poderia ser naquele momento.

-Sou eu quem tá indo embora. -ela respondeu.

-Eu poderia ter te impedido, ou... pelo menos tentado.

-Então nós duas estamos cometendo nossos maiores erros.

Encarei Delphine por alguns segundos tentando entender a tranquilidade que ela transpassava ao dizer aquilo e depois lhe acompanhei quando ela começou a caminhar a passos curtos até uma fileira de cadeiras que estava vazia.

Delphine evitava olhar nos meus olhos, sua atenção era sempre pra frente, então eu fiz o mesmo sentando ao lado dela.

-Pelo menos a situação é romântica. Você não acha? -ela continuou com um risinho no canto dos lábios, mas com certeza era só mais algum comentário sarcástico.

-Acho que concordar com você agora torna a gente um casal bem problemático. -respondi.

-Mas nós somos, Cosima. É por isso que eu não quero mais continuar. Eu não quero mais nada disso.

-O que aconteceu com a gente, Del? Semana passada queríamos assumir um relacionamento sério e hoje estamos aqui...

Ouvi quando Delphine respirou um pouco mais pesado ao meu lado, mas ela não me respondeu, continuou olhando pra um ponto fixo à sua frente e em hipótese alguma olhava pra mim.

Um casal com uma criança parou bem na nossa frente e era nítido que os dois adultos mal se olhavam, eles pareciam estar embarcando em alguma viagem de família, mas não havia nenhum sinal de felicidade, era só mais uma rotina que eles estavam cumprindo. A única pessoa ali com um mínimo de alegria no olhar era a criança.

-Eu costumava ser igual a eles. -comentei reparando na total semelhança comigo e com o Scott quando éramos casados.

-O quê? Hétero? -Delphine respondeu mais uma vez com sarcasmo, mas não ousei reclamar, eu merecia aquilo. -Você nunca foi igual a eles, Cosima. -ela continuou um pouco mais leve. -Você só tava perdida.

Meramente Amor (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora