Capítulo Quatorze

32 8 0
                                    



-PoV Cosima-

Delphine entrou no quarto dela acendendo a lâmpada e depois ficou esperando que eu entrasse também.

O local estava perfeitamente arrumado e tinha uma decoração clássica com lençóis e vários travesseiros nas cores branca e marfim.

A janela parecia ser enorme e era disposta pra área da piscina, mas uma enorme cortina de voil bloqueava a vista e deixava o ambiente bem reservado e aconchegante.

-Pode ficar à vontade. -Delphine disse fechando a porta e depois começou a tirar sua bota.

Resolvi fazer o mesmo pra não correr o risco de sujar aquele quarto que parecia impecável e fiquei descalça também.

Os cachos de Delphine se perderam entre os travesseiros quando ela se jogou na cama e parecia até que ela estava numa piscina de bolinhas.

Achei engraçado a forma como ela mesma parecia não entender aquela quantidade enorme de travesseiros e almofadas e então empurrou alguns no chão antes de me olhar e dar umas batidinhas com a mão no espaço vago ao seu lado.

-Como você tá? -perguntei sentando na cama onde Delphine me indicou e ela respirou fundo olhando pra o teto.

-Péssima. Acho que hoje eu conheci o fundo do poço.

-Você gosta mesmo da Marion, né? -perguntei já sabendo a resposta.

-Eu acho que o que importa agora é que eu não quero gostar dela. Eu ainda tenho vinte e três anos e existem milhares de mulheres no mundo que são gays, que podem gostar de mim e que não sejam malucas. Eu preciso parar de me contentar com pessoas que só me fazem mal. Toda vez é isso.

-Olha pelo lado positivo, você não precisou passar quase dez anos com uma pessoa pra só então perceber que não a ama de verdade. -falei entre um longo suspiro e pensando no tanto de coisas que eu precisei aguentar durante esses anos todos.

-Uau, dez anos. -Delphine repetiu. -Acho que eu nunca tive um relacionamento que durou mais de seis meses. Como é passar tanto tempo com alguém?

-Hmm, tem muita coisa boa, eu particularmente gostava da vida a dois, ter alguém pra compartilhar as alegrias, as conquistas e principalmente os momentos difíceis. Ter companhia pra um simples cinema, pra um jantar à noite pra comer algo diferente... enfim, são situações agradáveis. Mas quando você não ama a pessoa parece que tudo o que ela faz te irrita, mesmo que sejam coisas pra te agradar. Porque você se sente culpada por não poder retribuir na mesma intensidade. Mas enfim, eu tô muito melhor hoje, só preciso aprender a gostar mais da minha própria companhia.

-Entendi. Sabe o que eu faço? Quando eu tô sozinha nos momentos que eu costumava estar com a Marion?

-O quê?

-Eu faço algo pra mim. Tipo, ir no salão alisar o cabelo, comprar roupas novas, fazer uma tatuagem...

-Você tem tatuagem? -eu a cortei achando aquela informação incrível.

-Então, eu fui até o Studio fazer uma, mas você já reparou quantos sinais eu tenho pelo corpo? Quando cheguei lá e me olhei no espelho eu reparei que eu já nasci tatuada, então fui fazer outra coisa.

-Ah, verdade. E seus sinais são mesmo lindos. -elogiei ganhando um sorriso doce da francesa.

-Uma vez Sarah contou quantos eu tenho nas costas, são mais de quarenta. -Delphine jogou aquela informação aleatória graças a quatro garrafas de cervejas que foram viradas uma atrás da outra e eu ri.

-Caramba, são muitos mesmo. -respondi.

-Pois é. Mas enfim, parece ser uma atitude fútil, mas dá certo. No começo é difícil se acostumar a fazer as coisas só, mas você pega o jeito. Se algum dia precisar de uma indicação de manicure, salão, SPA... qualquer coisa, é só me pedir.

Meramente Amor (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora