-PoV Cosima-Apesar de todas as atitudes que tomei com a Charlotte pela malcriação dela comigo e com o Felix, era horrível a sensação de saber que ela cogita a possibilidade de que eu possa deixá-la.
Eu não quero ter que passar a mão na cabeça dela pra todas essas birras, mas também é difícil achar um equilíbrio entre a educação e o apoio sentimental que ela tanto precisa.
A morte da minha mãe foi algo que deixou Charlotte muito desestabilizada e até sem dormir direito, já que na maioria dos finais de semana ela dormia na casa da avó e as duas mantinham uma relação muito próxima. Foi preciso um tempo considerável pra ela conseguir entender que a tão amada "Senhora S" não voltaria mais e quando isso aconteceu, eu cheguei no limite e acabei com meu casamento. Mas além de tudo isso, ainda houve a nossa mudança pra Ottawa, o que nos distanciou de vários amigos dela e de boa parte da nossa família.
Cidade nova, escola nova, casa nova, diversas rotinas novas dentro e fora de casa... eu tenho que entender que pra ela isso tudo é mais difícil de assimilar do que pra mim e por esse motivo, não posso simplesmente cobrá-la por não estar bem.
Mas como vou fazer isso sem atender a maioria das vontades dela? Eu só quero que Charlotte passe por essa fase sem mais traumas causados por mim mesma. Mas não sei até que ponto eu consigo segurar essa situação.
De um lado eu vivo nesses dilemas com a minha filha e tendo uma convivência cada vez mais difícil. E do outro, eu tenho Delphine, a parte mais leve da minha vida e que me traz uma felicidade tão grande, que me faz pensar não ser digna de recebê-la.
O que também sempre me faz questionar como vou conseguir me dedicar a uma relação amorosa enquanto Charlotte está aos prantos implorando pela minha atenção.
A única coisa que eu sei nessa situação, é que enquanto eu não achar um equilíbrio, eu não posso fazer muita coisa, mas preciso continuar tentando.
Nos dias seguintes, meu maior objetivo foi dar mais atenção a minha filha e tentar fazer Delphine tão inclusa no nosso dia-a-dia quanto Shay e Felix.
Isso não foi algo muito difícil de fazer acontecer, os dois torcem tanto por mim e pela Del, que eu podia sentir eles se tornando grandes amigos em poucos dias.
Charlotte ainda tem um pé atrás, ela fica um pouco birrenta na frente de Delphine e às vezes faz manha, mas a francesa consegue ganhá-la a cada dia que se passa com mais facilidade.
Na última ida de Delphine a minha casa, ela ensinou Charlotte a fazer bolo. Minha filha ficou tão feliz com o resultado e principalmente com a hora da decoração, que quando Delphine teve que ir embora, ela implorou segurando na mão da professora pra ela não ir.
Ver aquela cena me deixou tão confusa que eu não sabia ao certo como reagir. Eu tinha acabado de conseguir o que eu tanto queria, mas ao mesmo tempo, aquilo me assustou.
Claro que eu quero que minha relação com Delphine avance pra o próximo nível. Mas eu comecei a pensar em como seria SE por um acaso ela viesse a NÃO dar certo. Eu teria que afastar mais uma pessoa da vida da Charlotte?
O quão perigoso é, eu mesma fazer as duas serem tão próximas?
Se der certo, é uma grande vitória. Mas se não der, mais uma vez eu vou ser a única responsável pelo sofrimento alheio.
Minha cabeça parecia em chamas, se eu durmo quatro horas por dia é muito, mas o pior de tudo é olhar pra elas e não saber o que fazer. Eu quero tomar uma decisão que seja a melhor para nós três, mas parece que só um milagre pra isso acontecer.
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Meramente Amor (Cophine)
Hayran Kurgu[CONCLUÍDO]O amor é simples. Acontece. É preciso ser simples pra entender que as melhores coisas da vida não são ensaiadas, elas são espontâneas. O amor é transcendental. Você só precisa olhar nos olhos de alguém. E basta.