Capítulo Dezesseis

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-PoV Cosima-

Pelas próximas semanas, comecei a seguir os conselhos de Delphine sobre fazer mais coisas por mim mesma. Felix continuava trabalhando em New York, Shay estava afogada em trabalho na clínica, que sempre lota em horários não-comerciais, e Charlotte estava com o pai em Toronto pra passar o final de semana. Ou seja, era a oportunidade perfeita pra eu começar a aprender a gostar mais da minha própria companhia.

A primeira coisa que eu fiz foi a manutenção do meu cabelo. Mudei um pouco o tipo das mechas dos dreads, troquei a joia do piercing do nariz, fiz massagem, não faltei as aulas de pilates com Shay e até fiz uma nova tatuagem.

Fazer algo por você mesma é viciante e Delphine tinha toda a razão, é uma boa forma de se manter ocupada e de não sentir falta de ninguém.

Acho até que comecei a gostar disso bem mais do que eu tinha imaginado e eu quase não ficava mais em casa no meu tempo livre.

Durante essas semanas, o único contato que tive com Delphine foi em uma reunião de pais da escola pra pegar o boletim do primeiro semestre. Mas como ela estava rodeada de pessoas, nossa conversa foi muito breve e estritamente profissional.

Algumas vezes eu tive vontade de chamá-la pra fazer alguma coisa, mas como tinha sido ela mesma que havia prometido me chamar, eu não quis parecer apressada.

Quando chegou mais um dos finais de semana onde fico sozinha, fui a um salão de beleza fazer as unhas com uma manicure que a Shay me indicou. Como o atendimento era por hora marcada e o espaço ficava dentro de um shopping, fui um pouco mais cedo e aproveitei pra comprar umas coisas que normalmente eu não compraria acompanhada da Charlotte, como lingeries.

Já fazia muito tempo que eu não usava algo realmente bonito, porque eu tinha um pensamento fracassado de que não tinha ninguém pra me ver usando as peças, mas eu adoro lingerie, então nada mais justo que eu usar pra mim mesma.

Depois de terminar as compras e sair mais do que satisfeita, fui direto pra o salão. Entreguei meu nome na recepção e prontamente fui encaminhada até a pessoa que me atenderia.

Uma mulher loira e muito maquiada -talvez até de forma exagerada- me recebeu com um olhar que não deixou um fio de cabelo meu passar despercebido e depois me abraçou adicionando dois beijos rápidos de cada lado da minha bochecha.

-Cosima, certo? -ela perguntou com um sorriso largo que esbanjava felicidade.

-Isso mesmo. -respondi sem conseguir alcançar um terço de sua animação.

-Prazer, Cosima. Eu me chamo Krystal. Você já sabe o que quer pra hoje?

-Hmm, na verdade eu sempre aparo minhas unhas e passo base. Nada demais.

-Ahh, sei. Outras mulheres como você também já chegaram aqui só fazendo isso, mas eu prometo que também sei deixar unhas pequenas bem bonitas.

-Mulheres como eu? -perguntei não resistindo a curiosidade.

-Eu usei palavras ofensivas? Se sim, por favor me desculpa, eu sempre falo sem pensar direito.

-Não é isso, eu só não entendi direito.

-Você não é lésbica? Ou bi? -ela me encarou parecendo certa do que falava.

-Ah. Então, e-eu... na verdade, nossa, acho que eu... sei lá. -me enrolei completamente com as palavras e Krystal indicou que eu sentasse na cadeira enquanto mantinha um sorriso simpático.

-Acho que eu já deduzi tudo. -ela falou quase sussurrando e segurou uma de minhas mãos pra ver o estado das minhas unhas.

Eu ainda pensei em me atrever a perguntar o que ela tinha deduzido, mas sabia que ela falaria de todo jeito. Então continuei em silêncio.

Meramente Amor (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora