Capítulo Dez

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-PoV Cosima-

Enquanto eu me arrumava pra ir na escola da Charlotte falar com Delphine, eu não parava de pensar na pergunta do meu irmão, "O que você quer?".

No fundo eu queria que ele estivesse certo sobre aquela carta ser só uma desculpa de Delphine pra falar comigo, ao mesmo tempo que eu achava uma atitude irresponsável e até anti-profissional. Mas eu queria tanto conversar com ela mais um pouco que eu não me importaria se fosse verdade.

Desde que eu a conheci naquela sala de professores e resolvemos nosso mal entendido, ela vem sendo uma caixinha de surpresas pra mim, primeiro com sua beleza, depois com sua inteligência, depois com sua gentileza e por último, com sua simpatia.

Mas tem outra coisa que me faz querer ficar perto dela e que agora eu entendo bem melhor. Delphine desperta desejos em mim que pela primeira vez estou tendo desde que me separei. Não é necessariamente um desejo sexual, é o desejo de conhecer melhor, de tá perto, de conversar sobre qualquer coisa. E por isso eu me pergunto se realmente não é apenas amizade e se eu não fico com essa dúvida só por saber que ela gosta de mulheres e que pode em algum momento se interessar por mim.

Talvez seja só o meu ego que me faz querer ser desejada por alguém. Mas eu espero que não.

Quando cheguei na escola, havia um mar de crianças no horário do intervalo e apesar da loucura, foi bom ver a Charlotte na biblioteca pelo vidro da porta parecendo devorar uma história.

Desde que Delphine lhe apresentou alguns livros que ela não para mais e vem até escrevendo melhor e se expressando melhor também.

Como ela não me viu chegar, passei direto pra procurar Delphine e poder conversar antes do intervalo acabar.

Depois de andar por quase todos os corredores eu passei na frente de uma porta que estava aberta e vi os cabelos loiros que vivem em cachos, totalmente estirados.

Por um segundo eu me perguntei porque ela tinha cometido um crime daquele e logo depois eu entendi, quando ela olhou pra mim afastando uma mecha da frente de seu rosto.

Delphine estava simplesmente esplêndida, ela usava uma roupa social preta com blazer e a blusinha de dentro era um rosa bebê tão claro que lembrava mais um tom de creme.

-Oi, Cosima. Você veio rápido. -ela disse levantando da mesa em que estava e pediu pra eu entrar.

A sala tinha pelo menos umas quarenta mini carteiras todas ocupadas por alguma mochila e me deu uma agonia só de pensar naquela sala cheia de crianças, por sorte ainda era o intervalo. Ser professor realmente é pra quem tem dom.

-Oi, tudo bem? Eu fiquei preocupada com aquele bilhete, vim assim que pude. -respondi.

-Se todos os pais fossem como você, os problemas se resolveriam muito mais facilmente. Mas a maioria deles só deixam pra fazer alguma coisa quando não tem mais solução. -Delphine dizia parecendo desabafar e eu não contive minha decepção.

-Ah. Então realmente tem algum problema?

-Claro. Não foi por isso que eu te chamei? -ela perguntou parecendo confusa.

-Sim, sim. Claro. É só que... sabe como é, Charlotte jurou não ter feito nada.

-E o pior é que esse é o grande problema. Ela não fez nada.

-Agora eu não sei se entendi.

Vi a francesa sentar novamente em sua mesa e começar a procurar algo em uma pasta até achar e ela se levantar mais uma vez só pra me passar uma prova da Charlotte que estava completamente em branco.

Meramente Amor (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora