A MELHOR AMIGA

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~*~

Mal havíamos colocado os pés na areia e Sofia disparou em direção ao mar, muito eufórica com a água.

— Não vá para regiões fundas, Sofia! — Gritei mas acho que não fui ouvida.

O sol era escaldante e sentia meus pés queimarem na areia enquanto alcançava o pessoal do trabalho.

— Finalmente você chegou! — Fui recebida com entusiasmo por Hanna que levantou-se da espreguiçadeira.

Nos abraçamos e em seguida ela cumprimentou Júlio com um simples aperto de mão.

Eu fiquei os observando discretamente, enquanto se cumprimentavam, tentando pescar algum deslize que denunciasse algo entre os dois. Mas não aconteceu nada. Por enquanto, o único dado que eu tinha era a bendita mensagem com o emoji.

Logo Hanna voltou-se para mim com a mesma animação inicial.

— Seu maiô é lindo! — Disse me reparando dos pés a cabeça.

— Obrigada, amiga! Júlio que me deu! — respondi  — Mas acho que ficaria muito melhor em você do que em mim!

Hanna realmente tinha um físico invejável, resultado de muitas horas por semana que passava com o personal na academia. Fazia por merecer, não era falsidade minha. Todos os homens pareciam deseja-la.

O maiô talvez se parecesse mais com ela do que comigo.

Eu realmente não queria ficar paranoica, mas não pude deixar de pensar que Júlio comprara aquela peça na tentativa de me fazer ficar parecida com Hanna.

Enquanto Júlio partia em direção a um dos quiosques para comprar água de coco, aproveitei para cumprimentar o restante do pessoal.

— Eu ainda não credito que você organizou tudo em tão pouco tempo, Aura! — Disse Márcia se referindo a pousada em Búzios depois de me dar um beijo.

Márcia era uma mulher de quarenta anos rechonchuda e simpática — As vezes até demais —, era enfermeira e trabalhava com a gente há um tempo lá no hospital.

— Foi simples, Márcia. As vezes vocês me dão um mérito que eu não mereço! — Respondi.

De fato não era falsa modéstia. Era completamente prazeroso para mim que as coisas ficassem organizadas. Imprevisto era um fator que procurava evitar, ainda mais depois de ser mãe.

— Victoria está na pousada? — Perguntei a Hanna enquanto caminhávamos pela faixa de areia. Eu ia monitorar Sofia na água brincando com as outras crianças.

— Ela acabou de me responder... — Hanna estava olhando para o celular — Parece que o novo ficante da Vick vai se atrasar no trabalho. Devem chegar ao anoitecer.

Victória era a mais introvertida de nós três e a mais insegura também. Por isso as vezes me preocupava mais com ela. O sobrepeso sempre a incomodou. Não importava o que disséssemos para animá-la, Victoria insistia em se diminuir.

Hanna e ela formavam antíteses perfeitas.

Se Vick era tímida, Hanna compensava sendo chamativa e extravagante. E eu gostava desse equilíbrio, o quanto as duas eram capazes de me fazer bem — cada uma a sua maneira.

Quanto a mim... Talvez minha personalidade fosse uma mistura da Hanna e Vick.

— Até Vick parece que vai namorar e você não,  Hanna! — Iniciei o assunto.

Estávamos sentadas na areia de frente para o mar.

— Acho que não nasci para o compromisso, amiga, você sabe bem! Eu sou... "piranha" — Disse de maneira debochada, com um modo que somente Hanna saberia fazer soar leve algo tão deplorável.

Eu gargalhei.

— Talvez não tenha achado o homem certo ainda. Também pensava  que não iria chegar a um casamento, hoje tenho Sofia e um marido para cuidar. Não me vejo tendo outra vida — Falava enquanto prestava atenção em Sofi na água.

Hanna se chacoalhou perto de mim, como se algo a tivesse pinicado.

— Nossa, não sei como você aguenta essa dupla jornada de esposa e médica, Aura.

— Não é tão ruim quanto parece, vai? Eu gosto, poxa!

— Pois é, cada louco com a sua mania. Mas não me vejo cuidando de um homem adulto. Não mesmo! As vezes parece que Todas as coisas dependem de você. Já sabe o que penso! — Disse Hanna.

Ela se referia a Júlio. Tanto ela quanto Vick sempre me disseram que eu o tratava como se Júlio fosse meu filho.

Em parte elas tinham razão, mas muito disso se justificava pelo fato de que Julio não era ligado em organização e tarefas domésticas. Ele até oferecia ajuda, mas eu negava para evitar me aborrecer, — como quando ele deu remédio para piolho em vez de antitérmico para Sofia.

— Mas você tem ficado com alguém, Hanna? Ou tá sozinha? — Perguntei.

Ela sorriu semicerrando os olhos por causa do sol.

— Sozinha eu nunca fico, você sabe! Eu adoro homens. E sim, eu tô saindo com um fisioterapeuta da outra clínica que trabalho. Mas acho que vou dar um tempo dele.

— O que aconteceu? Se cansou?

— Mais ou menos... Ele não tem pegada, sabe? Gosto de homem com atitude! — Hanna aproximou-se e baixou o tom de voz — Gosto de um sexo mais selvagem, tapa na cara. Essas coisas meio malucas que acho que já te falei. Mas ele não gosta, apesar de eu pedir — finalizou revirando os olhos.

Foi instantâneo lembrar da última vez que Júlio e eu transamos. Júlio nunca me deu um tapa enquanto mantínhamos relações e me assustei no dia em que ele espalmou minha bunda. Eu perguntei o que era aquilo e Júlio me disse que estava experimentando algo novo para apimentar a nossa intimidade.

— Mãe, mãe, estou com sede! Quero água — Sofia voltava encharcada interrompendo minha conversa com Hanna — Oi, tia Hanna! Como você está bonita!

Sofia abraçou Hanna e Hanna a beijou na testa.

— Obrigada, florzinha! Você que está uma verdadeira princesa. Você nada muito bem, sabia?

— É que a tia não me viu com a fantasia de sereia ainda. Eu fico parecendo uma sereia de verdade, não é, mãe?

Eu sorri pelo jeitinho de Sofi dizer as coisas.

— Sim. Fica idêntica, filha!

Pedi licença a Hanna e fui até Júlio pegar a água que Sofia pedia. Ele estava sentado na espreguiçadeira olhando a movimentação na praia. Sofia saltou em seu colo e Júlio a beijou.

Enquanto procurava uma toalha para secar Sofia, olhei para o mar. Hanna mergulhava e emergia da água feito uma obra de arte, tingida por um bronze sensual e refletindo gotículas de água de sua pele. Os seios desenhados sob o biquíni preto. As curvas do corpo serpenteando até formar um quadril esculpido. E quando virou-se de costas para um novo mergulho, me vi um pouco constrangida por achá-la tão perfeita, com seu bumbum invejável.

Desviei meus olhos para Júlio e ele parecia hipnotizado olhando Hanna brincando na água. Eu podia jurar que um sorria para o outro, mesmo tão distantes.

Talvez eu fosse ficar maluca com toda a situação.

~*~

NOTA DA AUTORA

O que acharam da Hanna?????

Meu Deus, eu não tenho sangue frio da Aura não. Eu já ia botar geral contra a parede kkkkk. Eu ia falar: "Que que tá aconteceno aqui????" 🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬

A Sofia parece tão fofa, né? Um respiro de alívio para Aura, talvez!🥺🥺🥺🥺

Como prometido, tá aí o capítulo! Desfrutem e comentem!!!

Quem sabe eu não volte mais tarde com surpresas?

Gente, se puderem divulgar!!!!

Vamos conseguir mais leitoras para tornar nossa interação aqui divertida.

APENAS UM TRAIDOR - ALERTA! Onde histórias criam vida. Descubra agora