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Passava pela revista do presídio em que Júlio estava detido até o julgamento. Por meio do advogado, Júlio exigia me ver, ameaçando contar que eu havia sido sua cumplice no assassinato de Atos.
Era um lugar realmente deplorável, cheirando a mofo. A iluminação pífia me causava arrepios.
Após terminar a revista, uma policial me deu algumas outras instruções antes de me permitir acessar a sala de visitas.
Júlio vestia um uniforme padrão da penitenciária e vinha sendo trazido por um agente. Tinha as mãos presas por algemas.
— Está melhor do que eu imaginava, Júlio! — Eu já estava sentada à mesa.
Júlio não me encarou. Mas reparei sua má vontade ao me ver.
Ele sentou-se de frente para mim, com os olhos vermelhos e fundos, olheiras enegrecidas feito carvão. Não devia estar dormindo direito.
— O que você armou contra mim, Aura? Como pode? — Sua voz não passava de um sopro, um murmúrio de alguém que fora tristemente derrotado.
Eu me fiz de desentendida.
— Deve estar delirando, querido. Alguma síndrome relacionada ao confinamento, talvez. Eles estão deixando você tomar banho do sol? É um presídio de segurança máxima! — Falei com desdém olhando ao redor.
A respiração de Júlio passou de lenta e regular para mais intensa e frenética. Ele estava nervoso.
Julio cerrou o punho, estava tremendamente iritado. O policial a nossa esquerda parecia alheio a conversa que meu marido e eu mantínhamos.
— Meu material genético foi parar embaixo da unha do Atos. Como isso aocnteceu se ele estava desacordado quando entrei no prédio? Não houve luta corporal! — Concluía e depois suspirou se sentindo patético — Você mesma o drogou antes que eu entrasse lá! Foi você, não foi? Você deixou essa evidência falsa, Aura!
Eu sorri para ele, com a presunção que sempre tive, mas que escondia par bancar a boa menina, a boa esposa. Na verdade eu sempre soube que Júlio não passava de um homem de inteligência mediana e limitado, que nunca chegaria aos meus pés.
Ele e talvez qualquer outro homem.
— Ah, eu não te contei o plano todo, Júlio? Devo ter me esquecido no dia em que armamos a emboscada para o pobre Atos. Vamos ver do que me lembro... — eu fingia tentar resgatar algo na memoria de maneira debochada — Ah é, eu coloquei material genético seu embaixo das unhas dele — um pouco de pele sua. Verdade, fiz isso! — Afirmava — Aquelas vezes que te arranhei enquanto transávamos , lembra? Que eu gemia fingindo prazer e cravava minhas unhas nas suas costas? Eu Fiz isso o que? — Eu parava para contar nos dedos — Uma três ou quatro vezes?
— Vagabunda! Piranha desgraçada!! Como não percebi o quão má você é?
Meus lábios se esticaram em um riso discreto. Eu me divertia, finalmente.
— Calma, deixa eu contar toda a história. Naquela noite em que Atos me chamou para tomar um vinho no apartamento dele foi extremamente agradável. Eu o sedei com altas doses de quetamina. E depois fiquei uns trinta minutos separando os restos de pele com o seu DNA e cuidadosamente as tratei com produtos para remover o formol antes de deposita-las embaixo das unhas dele— Minha língua estalou — Poxa, meticulosamente , eu ia ao banheiro depois que a gente terminava de transar e retirava com espátula sua pele de baixo da minha unha e guardava em um pote com pequena quantidade de formol. É bom lembrar disso!
— Maluca! Louca!
— Espera! Não me interrompa. Veja a minha perspicácia! Eu ainda tive a paciência de remover o formol, pois os peritos e médicos forenses poderiam detectar e veriam que a evidência do seu DNA fora implantada. Não é genial?
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APENAS UM TRAIDOR - ALERTA!
Mistério / SuspenseAura, Vick e Hanna são amigas de longa data. Trabalham como médicas em um hospital. As três parecem inseparáveis. Mas tudo pode mudar quando o marido de Aura passa a trai-la com alguém mais próximo do que a médica gostaria. Além de lidar com a c...