NEMHUMA DE NÓS É CULPADA!

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Ele quer realmente ficar com a guarda da Sofia, Aura. — Dizia minha advogada.

— Você tem certeza disso, Silvana? — Eu mantinha o celular entre o ouvido e o ombro enquanto higienizava minhas mãos para fazer uma punção venosa.

— Eu tenho as minhas fontes. Gostaria de não revelá-las. Mas até onde soube, Júlio está de fato levantando argumentos de que é mais apto a manter a guarda da menina caso haja um divórcio entre vocês.

Nada parecia ir bem naquele dia. Que droga!

— Acho pouco provável que consiga. Eu tenho mais dinheiro que ele, Silvana. Minha família tem nome. E eu sou uma ótima mãe... Ele não conseguirá isso!!! — Um desespero começava a tomar conta de mim.

Eu sorria , mas no fundo me preocupava com a remota possibilidade de me tirarem Sofia.

— Bem, Aura. Júlio tem trabalhado bastante pelo que me contou. Talvez seja para manter alguma reserva e provar que é financeiramente capaz de ficar com a filha. E fora isso, dizem que a mãe dele seria testemunha da sua negligência, deixando a garota a todo momento na casa dela. Pedindo que ela fosse buscar Sofia no colégio e coisas do tipo.

Eu não acreditava no que ouvia.

— Isso não é verdade. Apenas pedi ajuda a Hilda! Que absurdo! Júlio não tem esse direito! — Eu fui para um canto da sala em que pudesse me debruçar na parede e chorar — Eu gerei Sofia dentro de mim, Silvana. Ninguém pode me tirar o meu bem mais precioso...

Apenas ouvia a respiração da minha advogada pelo outro lado da linha. Acho que Silvana procurava palavras naquele momento delicado.

— Calma, Aura. Eu apenas estou dizendo que são boatos de corredores, que um advogado conta para o outro. Apenas precisamos ficar alertas, nos prepararmos. Sem pânico, ok?? — Silvana suspirou — E se puder não comentar isso com ninguém... Pode me prejudicar nos escritórios.

Sequei uma lágrima no rosto e me recompus.

— Fica tranquila, meu bem. Ficará tudo entre nós.

— Obrigada, Aura! Em breve marcamos uma reunião presencial para discutir sobre isso. Você ainda quer o divórcio?

Estava consumida por aqueles dias. Júlio além de ser um traidor ainda queria tirar minha filha de mim.

— Não sei, Silvana. Não consegui pensar direito. E depois do que me disse, eu fico mais apreensiva. Vamos deixar esse assunto pra nossa reuniao presencial, tudo bem?

— Está certo. Qualquer coisa me ligue e fique bem.

— Obrigada, querida. Tchau.

O restante das horas de plantão foram arrastadas. Apenas conseguia pensar  em Sofia e como seria um pesadelo ficar longe dela. Eu fazia de tudo pela minha filha e não suportaria perdê-la.

Senti um alívio quando deu o horário de sair. Márcia pegou carona comigo até em casa e entreguei os remédios para ela. Evitei qualquer conversa por que não estava com cabeça para escutar as lorotas que ela estava falando.

Tão logo Márcia partiu, eu me preparava para tomar banho e relaxar. Mas Hanna me mandou mensagem perguntando se poderia passar em casa. Estava agoniada e precisava conversar comigo.

Apesar de cansada e mentalmente abalada, eu permiti que ela viesse. Pedi apenas que esperasse eu terminar de ajudar Sofia a fazer a lição de casa do dia. E então estaria livre para recebê-la.

As oito em ponto Hanna estacionava seu fox prata no meu portão.

A recebi com um abraço caloroso e pedi que entrasse.

APENAS UM TRAIDOR - ALERTA! Onde histórias criam vida. Descubra agora