A AMIGA ENVENENADA

41 14 13
                                    

~*~

Reviravolta no caso do advogado Atos Oniz. A polícia tem trabalhado com a hipótese de crime passional. Os sigilos bancários da vítima foram quebrados e a investigação teve acesso a várias transferências que Atos realizou para uma amiga de Victoria chamada Hanna.

Eu ouvia o noticiário enquanto colocava algumas roupas na máquina de lavar. Era um correspondente em frente a delegacia que passava informações para uma apresentadora do jornal.

— Se trata de um triângulo amoroso então? — Indagou a apresentadora.

— Exatamente. A polícia acredita que Victoria matou o advogado ao descobrir que ela hipoteticamente estaria sendo traída pelo namorado com a melhor amiga.

A apresentadora falava com o público:

— Pra o telespectador que ligou a TV agora, estamos falando do caso da morte do advogado Atos Oniz. O corpo foi encontrado semana passada no apartamento dele no Leblon. Laudos médicos apontam que o óbito deveu-se a hipoglicemia,  por elevedas doses de insulina na corrente snagúinea da vítima.

Assim que a apresentadora se despediu do repórter eu desliguei a TV. Já não aguentava mais ouvir sobre aquilo, precisava relaxar, nem que se fosse por alguns intantes. Estava sendo difícil pra mim perder a vida calma que eu levava.

Do dia para noite eu vejo minhas melhores amigas envolvidas em um crime passional. Somado a isso meu casamento estava demsoronando feito castelo de areia.

Talvez a única coisa que fosse bem naquele momento era meu trabalho. Parecia ser um alívio me preocupar com a vida dos outros e não com a minha. Me distraía com as prescrições e exames que fazia o plantão todo.

Meu celular vibrou me tirando desses pensamentos nada agradáveis . Olhei por cima da tela e vi o nome de  Márcia.

"Aura, têm amostras grátis de remédios de pressão aí pra mim? Se tiver, você poderia me trazer? Minha pressão continua uma merda e eu não quero ficar sem os medicamentos"

Fechei a porta da máquina de lavar. Apertei os botões e após  ouvir o som das pás girando eu deixei a lavanderia.

Respondi Marcia alguns minutos depois.

"Levo hoje pra você no plantão, Márcia. Beijos".

A porta da sala se abriu e inclinei a cabeça. Vi Julio passar rapidamente após jogar o jaleco sobre o sofá. Ele havia saído do plantão antes do previsto. Ainda não passavam das seis da tarde quando olhei para o relógio.

Talvez devesse verificar o que acontecera.

— Tá tudo bem com você? — Perguntei enrolando o jaleco dele e pondo no cesto perto da cômoda no nosso quarto.

— Sim, Aura. Está tudo certo. Só preciso ficar sozinho. Ok?

Mantive silêncio por alguns intantes. Júlio chorava debruçado sobre o travesseiro. As vezes soluçava.

— Talvez se me contar o que aconteceu eu possa te ajudar! — falei me aproximando.

— Não finja que estamos bem, querida, porque não  estamos. Apenas encoste a porta e me deixe, por gentileza. Somente isso que eu te peço. Pelo amor de Deus! — Júlio não ergue a cabeça para me olhar.

Sentei a beirada da cama e o beijei na testa. Decidi  atender ao pedido de Júlio e deixa-lo a sós.

Tentei entender o porquê daquela vulnerabilidade toda, mas não cheguei a uma conclusão concreta. Claro, nada para além do que envolvesse seu vaso extraconjungal.

No plantão Márcia me irritava cada vez mais. O fato de um triângulo amoroso entre Hanna, Atos e Vick cair na mídia, a fazia falar pelos cotovelos.

— Meu Deus, será que Vick matou mesmo Atos? — Sua face era de espanto — Ou então Hanna? E se foram as duas? — Aquilo soava mais divertido do que trágico para ela.

Márcia me seguia pelo corredor até o posto de enfermagem. Eu precisava checar a prescrição de um paciente da observação internado por infecção urinária refratária a tratamento ambulatorial. Mas mal conseguia raciocinar sobre o quadro, visto que Márcia não calava a boca um segundo sequer.

— Não quero que fale desse modo das minhas amigas, Márcia. Mantenha a compostura, sim? — Eu imprimi um tom amistoso, apesar de querer mandar a Márcia fechar a merda da boca dela.

Ela sorriu de forma leviana, como se me desafiasse.

— Nossa, desculpa, Aura. Mas pelo visto as traições rondam essa amizade de vocês três. — Debochava — Deus me livre! — Sua maneira insinuante me deixava nervosa.

Uma técnica me entregou a   prescrição do paciente em uma prancheta e eu checava os medicamentos item por item.

— Quer contar algo que não sei, Márcia — Indagava sem encará-la — Você sempre parece insinuar coisas mas nunca diz nada!

— Não — mentia de maneira descarada — Apenas comentando as coisas, ué! Mas vamos deixar esse assunto pra lá. Você trouxe as amostras que pedi? Os remédios de pressão?

Suspirei de cansaço.

— Não, eu me esqueci. Desculpa. Se quiser passar depois do plantão lá em casa pra pegar...

— Se não for incomodar, Aurinha, eu passo sim! Estou precisando muito dos meus remédios. Minha pressão continua alta! Não sei mais o que fazer.

— Está bem então. Te encontro no estacionamento as sete. Não demore, Márcia. A babá da Sofia precisa sair no horário!

— Pode deixar!

Márcia saiu para verificar uma ocorrência nas enfermarias do andar de baixo. Assim que ficou ausente uma das técnicas virou-se pra mim e disse:

— Depois que ela foi chamada para aquela
Comissão de auditoria, parece que a Márcia ficou com um rei na barriga. Todos estamos com preguiça dela, doutora!

Olhei para a técnica de enfermagem e minha vontade era de concordar. Porém precisava ser astuta e não dar margem para o meu nome cair em falatórios. Não precisava de mais problemas do que eu já vinha tendo.

— Quanto maior a altura, maior a queda. — Me limitei a dizer, apesar de ser um comentário ácido o suficiente para estragar o que restava da amizade que havia entre mim e Márcia, caso alguém comentasse isso com ela.

Nesse instante meu celular apitou dentro do bolso do jaleco.

Era uma mensagem da minha advogada dizendo que precisava falar comigo urgentemente!

— Meninas, preciso sair. Eu já ajeitei as prescrições dos pacientes da observação. Qualquer coisa eu estarei no descanso médico.

O que minha advogada queria aquela hora? Eu não precisava de mais surpresas!

~*~

NOTA DA AUTORA

Essa Márcia tá muito estranha pro meu gosto. Chega a dar ranço dela.

E o que será que a advogada quer??!?

Mano, as revelações vem e eu quero ver a cara de vocês. Quem será que acertou os segredos da história???? Kkkkk

Aguardem!

Obs: vocês tão curtindo o ritmo dos capítulos? Tá fácil de ler? Cansativo? Longo demais?

Deem a opinião de vocês!

Bjs

APENAS UM TRAIDOR - ALERTA! Onde histórias criam vida. Descubra agora