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"A mim pertence a vingança e a retribuição.
No devido tempo os pés deles escorregarão;
o dia da sua desgraça está chegando e o seu próprio destino se apressa sobre eles."Deuteronômio 32:35
➰ SEGUNDA PARTE ➰
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SEIS MESES DEPOIS
— Aura, está aí? Eu tô muito desesperada!
Liguei o abajur e o relógio de cabeceira apontava pouco mais de quatro horas da manhã. O celular barulhento me fez despertar sob um grande susto.
— Vick, o que houve, meu bem? Aconteceu algo ?
Como Júlio estava de plantão aquela madrugada, pude falar a vontade.
— Eu acho que o Atos está morto! Morto! — Dizia num misto de choro e pânico — Eu não sei o que fazer!!!! Pelo amor de Deus!!!!
— Espera, explica isso direito. Onde você está?? — Me sentei na cama.
— Eu tô no apartamento dele aqui no Leblon. Eu o encontrei caído no chão desacordado. Fui checar pulso central e não senti nada! Nada!! — Chorava em completo desespero.
A notícia caiu como uma bomba e eu despertei rapidamente. Atos era um homem jovem demais para morrer.
— Ok, ok! Mantenha a calma! Não saia daí, Vick. Eu vou socorrer você!!! — Calçava as pantufas com pressa — Me manda o endereço no WhatsApp, por favor.
Com o coração pesado, eu despertei Sofia e ajeitei as coisas da escola dela. Enquanto a colocava no banco de trás do carro , ligava para minha sogra, já que a babá estava viajando.
— Hilda, sou eu, Aura. Desculpa te acordar assim. Uma amiga minha não está bem e eu preciso vê-la. Voocê pode ficar com a Sofia até a hora da escola? E se puder levá-la ao colégio eu ficaria grata — Dava ré no carro para sair com ele da garagem.
Hilda e eu não estávamos tão bem aqueles meses. Não sabia o que Júlio falava de mim para ela, porém Hilda agia diferente comigo. E ficava cada vez pior ao passo em que meu marido também se distanciava.
Minha intenção era pedir para a babá de Sofia olhá-la, mas a moça não atendeu as ligações.
Hilda, apesar de tudo, amava a neta. Não hesitou em aceitar o meu pedido, apesar de querer evitar deixar Sofia com ela e Hilda contaminar a cabeça da garota contra mim.
— Obrigada. Em cinco minutos eu passo aí! Nem sei como agradecer, Hilda!
Joguei o aparelho para o banco ao lado.
— Vou ver a vovó, mamãe?
— Sim, Sofi. Vai ver a vovó.
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Subi as escadas do prédio com muita pressa. Apesar de ser no Leblon, era um prédio antigo, que não tinha elevador. De um aspecto bem cuidado, mas simples para os padrões do bairro.
— Vick, meu bem! Como você está? — disse a abraçando com força.
A encontrei encolhida num canto próximo a copa. O corpo de Atos estava caído bem próximo a Vick.
— Mal, amiga! Já chamei por socorro, mas ainda não chegaram! — Vick estava derramada em lágrimas.
— Você tentou fazer massagem cardíaca? Tentou reanimá-lo? — Perguntava.
Nesse momento ela arregalou os olhos, como se tivesse esquecido de algo importante.
— Nossa, com esse pânico todo eu nem me lembrei disso!!! Que grande médica de merda eu sou! — Ela se jogou no sofá e continuou a chorar — Que merda!!!!
Fui até o corpo que já parecia estar morto há horas e chequei pulso carotídeo e respiração. Não havia nada. Estava em parada cardíaca.
Ele estava deitado de lado , e quando tentei puxá-lo para que ficasse de barriga para cima e começasse as maobras de reanimação, o corpo estava rígido. Era uma verdadeira pedra, não foi possível posicioná-lo.
Eu não era médica forense ou coisa do tipo, mas provavelmente estava morto há mais de duas horas, e pelo estado de rigidez, provável que havia mais de seis horas desde o óbito.
Não havia muito mais o que fazer pelo Atos. A vida havia acabado para ele ali.
— Vamos precisar chamar a polícia, Vick! — Conclui olhando para o cadáver.
Vick ficou instável repentinamente. Trêmula.
— Para quê? — Seus olhos aterrorizados percorriam o corpo de Atos.
Eu olhei ao redor, e o apartamento era muito bem decorado. Não havia sinais de luta, mas eu também não poderia afirma se haviam furtado algum objeto da casa ou não. Latrocínio seria uma bela hipótese para a polícia.
— Amiga, Atos era jovem demais para morrer de causas naturais. A polícia vai pensar o que??
Não disse a Vick minhas conclusões. Pelo contrário, tentava acalma-la.
— Respira, amiga. Mantenha a calma ! — Dizia.
— Mas não há sinais de violência no corpo, há? Viu algo? — Vick se atropelava em cima das palavras — Ele não tô há inimigos. Não faz sentido!
— Não, não há nenhum ferimento, querida. Mas mesmo assim, parece ser uma morte suspeita. Se quiser, podemos esperar os médicos da ambulância chegarem, e depois vemos o que eles decidem! O que acha?
Vick ainda chorava, agora completamente nervosa.
— Está bem! Está bem — Em seguida inclinou-se sobre o corpo do namorado — Atos, meu Deus! Quem pode ter feito isso!!! Quem??
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Cerca de meia hora depois, o resgate chegou. O médico deles atestou o mesmo que eu, que a morte havia sido há horas e que manobras de ressucitação eram inúteis naquele instante. Atos era um rapaz morto.
Após algumas perguntas a nós duas, ele decidiu chamar a polícia. Via-se que era um médico jovem e inexperiente e que não teria coragem de atestar uma morte suspeita como aquela, ainda mais pelo fato de Atos ser um homem rico.
— Vou acionar a polícia, meninas. Não posso atestar o óbito formalmente! — Disse o jovem médico pegando seu celular.
— Você teria algum ansiolítico aí? Rivotril? Clonazepam? — Me dirigia ao médico da ambulância — Minha amiga está muito nervosa!
O médico olhou para o enfermeiro auxiliar que o acompanhava.
— Temos sim! Vou buscar na ambulância. Já volto! — Disse o enfermeiro.
Vick permanecia quase que inconsolável. Eu mantinha sua cabeça sobre meu ombro e acariciava seus cabelos, tentando acalma-la.
— Vai ficar tudo bem, Vick. Fica tranquila. Eu estou aqui! O que pode acontecer?
Vick se afundou em um lamento fúnebre.
NOTA DA AUTORA
Manooo, seis meses se passaram. Como assim o namorado gostoso e rico da Vick morreu???! O que será que provocou isso?
Vou acionar todas vocês para serem detetives e desvendarem esse mistério!!! Leiam com atenção e peguem as referências. Todo gesto e fala dita são importantes.
Segura aí, que agora o jogo começou de verdade!!!!!
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APENAS UM TRAIDOR - ALERTA!
Mistério / SuspenseAura, Vick e Hanna são amigas de longa data. Trabalham como médicas em um hospital. As três parecem inseparáveis. Mas tudo pode mudar quando o marido de Aura passa a trai-la com alguém mais próximo do que a médica gostaria. Além de lidar com a c...