VILÃ OU MOCINHA?

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~*~

Nao bastava Júlio me privar de ver minha filha, para piorar tudo, a comissão a qual Márcia fazia parte caminhava a passos largos para finalmente chegarem até mim.

As coisas poderiam degringolar mais depressa ainda, caso Lourdes, uma técnica de enfermagem que trabalhava comigo,
Não me ajudasse.

Almoçava com Hanna em um restaurante próximo da Urca quando meu celular vibrou. Era Lourdes. Uma espécie de cúmplice. Em troca de me ajudar com os furtos, eu oferecia atestados médicos para Lourdes sempre que ela precisava  faltar ao trabalho no outro hosital.

"Preciso falar urgente com você, Aura. E não pode ser por mensagem, ok? Mas tem a ver com aquele nosso 'negócio'. Márcia tá pressionando geral com essa coisa de auditoria. Não demora a responder, por favor!".

— Aura? Tá tudo bem? — Hanna me encarava.

Desliguei o celular e o deixei ao lado da mesa.

— Nada demais! Apenas mais problemas que eu preciso resolver. Depois do almoço vejo isso. É matar um leão por vez, não é? — disse comuna breve sorriso.

~*~

Após o almoço com Hanna na Urca, eu peguei o destino rumo à Copacabana. Lourdes estava saindo de seu plantão e ficou de me encontrar em um quiosque na praia, precisava me contar que problema era aquele que mencionava por mensagem. Mas apenas por mencionar Márcia eu já fazia alguma ideia do que poderia ser.

Percorria todo o trajeto completamente imersa em soluções para inúmeras possibilidades a partir do que alpiste poderia me contar.

— Desculpe a demora, a minha rendição do plantão demorou, Aura — Lourdes parecia afobada e com muito calor.

— Tudo bem, Lourdes. Vai beber algo?

— Ah, poderia ser uma cervejinha gelada. Esse calor está pedindo! — Me diss se ajeitando na cadeira.

Chamei o atendente e nosso pedido foi de uma long neck qualquer para Lourdes e uma água de coco para mim.

— O que você soube de importante? Me deixou preocupada com aquela mensagem, Lourdes — Por alguma razão eu olhava ao entorno, como se meu inconsciente me alertasse para não ser vista ali com Lourdes.

Lourdes deu um belo gole em sua cerveja. Até suspirou aliviada.

— Márcia suspeita de você, Aura. Ela apontou para o conselho que acha que você tem furtado as doses de quetamina da farmácia lá do hospital — Lourdes bufou — Eu te disse que Márcia não era de confiança!

Era uma notícia nada boa. Eu já imaginava, mas ouvir que de fato era isso, me deixou extremamente preocupada.

— Tem tanta gente naquela unidade. Por que ela viria desconfiar exatamente de mim? Que inferno! — Passei a mão pelo rosto em exaustão.

— Olha, Aura, eu também não sei. Até por que vocês duas eram amigas próximas, pelo que via no hospital.

— Ah, eu não imaginava que essa vadia de quinta fosse me apunhalar assim, Lourdes! Não mesmo! Que porra!!! — Bufei — Só queria saber como ela chegou a essa conclusão!

— Talvez Márcia tenha tido informação sobre sua internação aqueles anos atrás. Naquela clínica de viciados.

A olhei com certa raiva.

— Não fale assim, Lourdes!

Ela se recompôs.

— Desculpa, Aura. Não foi minha intenção te ofender.

APENAS UM TRAIDOR - ALERTA! Onde histórias criam vida. Descubra agora