~*~
— Temos novas informações sobre o caso da morte do advogado Atos Oniz? — A correspondente falava com um âncora que quase sempre estava em frente a delegacia durante as transmissões de TV.
— Sim, Milena. O resultado do DNA do filho que a médica Hanna Muniz espera saiu nesse início de tarde. Trazemos todas as informações a respeito!
— E você teve acesso aos resultados, Álvaro? Acredito que o público de casa esteja bem curioso. A nossa audiência subiu muito desde quando iniciamos a cobertura do caso. Um caso horrível, por sinal. Digno de cinema.
— Tive acesso aos resultados sim, Milena. Os exames vieram positivos e constatam que o filho que a médica espera é, de fato, do advogado Atos Oniz. Mais uma peça nesse quebra cabeça do suposto homicídio do jovem advogado!
Nesse momento eu me ergui do sofá. Pretendia ir ao quarto checar se Sofia dormia bem. Júlio estava concentrado em seu computador na mesa da sala de jantar, vestindo um pijama.
Ele não percebia que eu fazia ideia sobre a redação que redija, de um depoimento para o advogado dele, envolvendo a guarda da nossa filha. Aquelas coisas que ele digitava em seu computador era um lindo golpe parar tomar Sofia de mim.
Passei por ele sem dizer nada.
Após checar que estava tudo bem com Sofia, fechei as janelas do quarto que ainda estavam abertas. Dei um beijo nela e fiquei por um breve instante me perguntando de onde viera todo o amor que sentia por Sofia. Chegava a doer de tão intenso.
De volta à sala, eu me sentava no sofá enquanto abria um pacote de snacks. Ficava trocando de canal até achar algo interessante, mas todos os meus pensamentos estavam sob Júlio sentado à mesa planejando me dar um golpe pelas costas, depois de tudo o que fiz por ele. Não me parecia nada justo. Não depois do que acordamos.
Ele achou mesmo que ia me iludir com a noite de sexo que tivemos dois dias antes?
Se me conhecesse bem, Júlio saberia que não.
Foi no dia em que estávamos bebados de vinho, como dois adolescentes inconsequentes. Júlio me mordeu, enforcou e me penetrou como se eu fosse a melhor vadia que ele já tivesse comido em toda sua vida.
E eu gritava, mas não era de prazer.
— Só não me arranha, Aura, por quê da última vez você fez isso até sair sangue das minhas costas!— Me pedia enquanto beijava meu pescoço todo alvoroçado.
E eu não sentia absolutamente nada. Era apenas ódio naquela última vez. Mas queria que Júlio fizesse com mais força, que penetrasse até me machucar.
Quando terminamos eu olhei meu pescoço no espelho do banheiro e havia marcas dos dedos dele tatuadas na pele. Olhei para minhas pernas e escorria um pouco de sangue.
Homens! Pensei enquanto tomava banho para me limpar nesse dia.
Volta e meia eu passava por perto de Júlio, indo em direção a cozinha, e Júlio sorria, como se estivesse redjindo uma carta de alforria em seu computador, um manifesto para sua liberdade. E eu continuava o jogo de "mulher-sonsa", a que não sabia nada sobre o que ele escrevia sem parar. Apenas o observava despretensiosamente e retribuía o gesto amistoso que Júlio me lançava.
Vamos ver quem ganha a batalha, meu bem!
~*~
No dia seguinte eu não estava de plantão, então me levantei cedo para fazer a lancheira de Sofia e levá-la à escola.
VOCÊ ESTÁ LENDO
APENAS UM TRAIDOR - ALERTA!
Mistero / ThrillerAura, Vick e Hanna são amigas de longa data. Trabalham como médicas em um hospital. As três parecem inseparáveis. Mas tudo pode mudar quando o marido de Aura passa a trai-la com alguém mais próximo do que a médica gostaria. Além de lidar com a c...