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ELLADORA BLACK

Eu estava sentada na minha cama, com aproximadamente 6 anos, no quarto da Mansão Malfoy com uma foto na mão. Nela tinham dois bebês, um de olhos verdes-esmeraldas brilhantes com cabelos negros e a outra com cabelos mais negros ainda e olhos azuis, marcantes da família Black.

Ok, aquilo era suspeito.

Desci da cama alta com dificuldade devido à altura e corri para fora na ponta dos pés até o quarto de Cissy, esperando que Lucius não estivesse lá. Depois de uma oração a Merlim, abri a porta do quarto dela.
Narcisa estava deitada na cama dela, com um roupão de seda preto e bobs no cabelo, lendo um livro de romance bruxo, mas ela parou assim que me viu e sorriu.

- O que foi querida?

Corri até ela e subi na cama, mostrando-lhe a foto.

- Quem é esse?

Cissy frisou os lábios.

- Harry, Harry Potter. Seu pai e o pai dele eram melhores amigos, vocês tem exatamente um mês de diferença.

- Eram?

- Os pais dele morreram, querida.

- Ah.

Oh, pobre Harry. Eu me sentia muito familiarizada com essa foto, e ela me trazia um conforto que eu não conseguia explicar, como se eu tivesse amado este garoto.

EM UM PISCAR de olhos eu estava de volta ao salão de festa da Mansão Malfoy, em meu vestido verde claro brilhante, cabelo preso num coque e saltos pretos. Um sorriso forçado pousava em meu rosto mesmo enquanto eu viajava em memórias, eu só queria ir dormir.
Todo ano Lucius insistia em fazer baile de aniversário, um para mim e outro para Draco, e eles eram entediantes. Vinham pessoas que ela nunca viu na vida, somente ricos do Sagrado 28.

Graças à Merlim, Nott se aproximou e me puxou para a pista de dança, me salvando das conversas banais e mesquinhas dos velhos adultos.
Nott me virou e colocou a mão em minha cintura, movendo os pés no ritmo da música.

- Você parece pensativa hoje. - ele falou com sua voz calma.

- Tive memórias vindo, você sabe como é.

Minhas lembranças de criança me escapavam muitas vezes e voltavam em momentos aleatórios, então eu voava e perdia o que acontecia ao meu redor.
Deve ser algum trauma de infância.

- Onde estão Draco e Zabini? - perguntei.

- Devem estar aprontando alguma coisa, eles sempre estão aprontando alguma coisa.

Ri com o comentário na mesma hora que Theo me virou de novo.

- Você está magnífica hoje.

Sorri.
Eu estou magnífica sempre, pensei, mas não falei. Dizer coisas assim ia contra o que Cissy me ensinou sobre decoro, então a maioria das coisas que eu pensava precisava guardar pra mim mesma e isso acabava me fazendo mentir muitas vezes.

- Obrigada, você também está muito elegante.

Isso não era mentira.
Theodore Nott era um garoto lindo, de olhos verdes e cabelo escuro, mas nem um pouco parecido com Harry Potter (não que ele tivesse alguma coisa haver com a história) e hoje estava usando terno.

- Ficou sabendo que Black fugiu da prisão? - Nott pergunta, agora um pouco mais baixo.

O encaro em dúvida.
A música para e Theo segura minha mão, me puxando para a sala de estar. Lá ele vai até a mesa onde ficavam as revistas e jornais e pega o mais recente, me entregando.

BLACK AINDA FORAGIDO
Sirius Black, provavelmente o condenado de pior fama já preso na fortaleza de Azkaban, continua a escapar da polícia, confirmou hoje o Ministério da Magia."Estamos fazendo todo o possível para recapturar Black", disse o Ministro da Magia, Cornélio Fudge, ouvido esta manhã, "e pedimos à comunidade mágica que se mantenha calma."
Fudge tem sido criticado por alguns membros da Federação Internacional deBruxos por ter comunicado a crise ao primeiro-ministro dos trouxas."Bem, na realidade, eu tinha que fazer isso ou vocês não sabem?", comentou Fudge, irritado. "Black é doido. É um perigo para qualquer pessoa que o aborreça, seja bruxo ou trouxa. O primeiro-ministro me garantiu que não revelaráa verdadeira identidade de Black. E vamos admitir - quem iria acreditar se ele revelasse?"
Enquanto os trouxas foram informados apenas de que Black está armado (com uma espécie de varinha de metal que os bruxos usam para se matar uns aos outros), a comunidade mágica vive no temor de um massacre como o que ocorreu há doze anos, quando Black matou treze pessoas com um único feitiço.

Olhei bem dentro dos olhos sombrios de Sirius Black, a única parte do rosto encovado que parecia ter vida, olhos idênticos aos meus.
Ah, meu pai, um assassino foragido.

- Eu... Não sabia. - confesso, um tanto abalada.

- Tudo bem, não é como se ele fosse seu pai, tipo, você é filha de Regulus Black, certo?

A frase faz eu limpar minha garganta e entregar o jornal de volta para Theo, o olhando agradecida.

- É, acho que não tem nada com que eu me preocupar.

Escutei a porta atrás de mim se abrindo e o som invadiu meus ouvidos.

- Ella. - Draco chamou - Deixa de ser esquisita e vem, vamos cantar parabéns.

Respirei fundo e assenti.
Parabéns para mim.

FRIENDS [Harry J. Potter]Onde histórias criam vida. Descubra agora