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DRACO não reapareceu nas aulas até o fim da manhã de quinta-feira, quando os alunos da Sonserina e da Grifinória já estavam na metade da aula dupla de Poções. Meu primo tinha machucado o braço numa aula de Trato de Criaturas Mágicas com Hagrid e apesar de ter sido somente um arranhão, o garoto permaneceu muito tempo na ala hospitalar fazendo seu drama.
Depois da aula de Poções, tínhamos DCAT com a Grifinória mais uma vez (duas aulas com essa casa, eles só queriam que nós nos matássemos). Eu estava andando junto de Theo enquanto o resto do grupo estava mais atrás quando vi o trio de ouro andando na minha frente. Aperto os lábios, vendo a nuca de Harry Potter, e penso se ele sabe que meu pai é seu padrinho.

- Theo. - chamo - Já começaram... boatos sobre mim?

Theo franze o cenho.

- Você se refere ao fato de ser uma Black? Ainda não.

Sorrio pela escolha de palavras. Ainda.

- Certo.

- Mas o que ele é seu? - Theo pergunta - De verdade?

Olho ao redor, todos estavam distraídos demais indo para a sala para repara na nossa conversa.

- Meu pai. - admito.

Theo, como perfeito amigo que era, não teve uma reação exasperada. Ele apenas afirmou e seguimos em frente, sem fazer mais perguntas.

O Prof. Lupin não estava em sala quando eles chegaram para a primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Os alunos se sentaram, tiraram das mochilas os livros, penas e pergaminho e estavam conversando quando o professor finalmente apareceu. Lupin sorriu vagamente e colocou a velha maleta surrada na escrivaninha.
Estava malvestido como sempre mas parecia mais saudável do que no dia do trem, como se tivesse comido umas refeições reforçadas.

- Boa-tarde - cumprimentou ele. - Por favor guardem todos os livros de volta nas mochilas. Hoje teremos uma aula prática. Os senhores só vão precisar das varinhas.

Alguns alunos se entreolharam, curiosos, enquanto guardavam os livros. Nunca tinham tido uma aula prática de Defesa Contra as Artes das Trevas antes, a não ser que considerassem aquela aula inesquecível no ano anterior, em que o professor tinha trazido uma gaiola de diabretes e os soltara na sala.

- Certo, então - disse o Prof. Lupin, quando todos estavam prontos. - Queiram me seguir.

Intrigados, mas interessados, os alunos se levantaram e o seguiram para fora da sala. Ele levou os alunos por um corredor deserto e virou num canto, onde a primeira coisa que viram foi o Pirraça, o poltergeist, flutuando no ar de cabeça para baixo, e entupindo com chicles o buraco da fechadura mais próxima. Pirraça não ergueu os olhos até o professor chegar a mais ou menos meio metro; então, agitou os dedos dos pés e começou a cantar.

- Louco, lobo, Lupin - entoou ele. - Louco, lobo, Lupin...

Grosseiro e intratável como era quase sempre, Pirraça em geral demonstravaalgum respeito pelos professores. Todo mundo olhou na mesma hora para Lupin a ver qual seria a sua reação àquilo; para surpresa de todos, o professor continuou a sorrir.

- Eu tiraria o chicle do buraco da fechadura se fosse você, Pirraça - disse ele gentilmente. - O Sr. Filch não vai poder apanhar as vassouras dele.

Suspiro, impressionada, e Daphne me olha esquisita ao meu lado.

- Você está louca? - ela pergunta.

- Ele é incrível! Não posso evitar.

Filch era o zelador de Hogwarts, mal-humorado, um bruxo frustrado que travava uma guerra constante contra os estudantes e, na verdade, contra Pirraça também.
Mas o poltergeist não deu a mínima atenção às palavras do professor a não ser para respondê-las com um ruído ofensivo e alto feito com a boca.

FRIENDS [Harry J. Potter]Onde histórias criam vida. Descubra agora