Clarice caminhava com firmeza pelo grande saguão, a mala grande pesando contra seu ombro direito conforme a arrastava pelo chão polido.
Devia ter escutado seu bom senso e comprado uma mala nova. Essa sua, datada da idade da pedra – lê-se anos atrás, quando chegou aos Estados Unidos para estudar – já estava com as rodinhas um pouco comprometidas e por isso pesava o dobro do que deveria.
Parou de andar e respirou fundo, rodando seu ombro dolorido e se sentindo cansada. Por que mesmo tinha inventado de colocar uma botinha com saltos para viajar? E por que diabos não tinha comprado uma mala nova?!
Outra respiração profunda, na tentativa de se acalmar. Tinha que lembrar que estava fazendo isso por Olivia, e apenas por ela.
Assentiu, concordando com seus próprios pensamentos. Mais animada, agarrou novamente a grande mala e começou a caminhar em direção ao balcão do check-in.
Sua melhor amiga, sua parceira desde a infância, uma das pessoas que mais lhe conhecia no mundo, iria se casar. Admitia que ainda não conseguia assimilar a ideia. Olivia sempre fora uma alma livre, uma mulher que não se apegava às coisas ou às pessoas. Sempre com um alto-astral inabalável, sempre autoconfiante e decidida do que queria fazer. Não era à toa que tinha convencido Clarice a se mudar para os Estados Unidos com ela, para estudarem juntas em outro país.
Mas a ruiva havia encontrado o amor. Desde que Olivia conheceu seu noivo, dois anos atrás, Clarice já sabia que algo iria acontecer. A ruiva havia, simplesmente, mudado. Não de um modo ruim, de forma alguma. Ela estava ainda mais leve, ainda mais radiante do que jamais fora. Parecia que, assim que havia se prendido a alguém, havia finalmente se libertado.
E isso deixava Clarice feliz. Poder participar de um momento tão importante da vida de Olivia a deixava radiante também.
Menos a parte em que tinha que viajar até a Itália para o casamento.
O noivo de Olivia era italiano. O casal havia se conhecido durante uma viagem de trabalho do moreno e, considerando o fato de que ele não poderia se mudar para os EUA, a ruiva havia decidido segui-lo e já morava na Europa há seis meses.
Com certeza uma grande mudança, o que no começo Clarice havia sido contra, afinal, a ruiva estava deixando tudo o que tinha construído para trás e se mudando para um país estranho, onde não teria nenhum amigo ou familiar para lhe apoiar. Mas após ver o quanto a amiga estava disposta a tudo para ficar com Luca, não podia fazer nada a não ser apoiá-la.
Distraída em seus próprios pensamentos, Clarice esbarrou em alguém. Seu ombro esquerdo reclamou pelo impacto, ao mesmo tempo que já se condenava por andar sem atenção por um lugar lotado.
– Me desculpe! – pediu imediatamente, erguendo os olhos.
Era um homem. Alto, pele clara e cabelos castanhos. Tinha uma aparência tranquila, expressão séria, e aparentava ter por volta dos cinquenta anos, considerando os poucos fios grisalhos em suas têmporas.
– Não foi nada, senhorita.
O sotaque também não deixava esconder que não era estadunidense.
Clarice assentiu, se despedindo, e então se virou, voltando a caminhar em direção ao balcão do check-in.
Tinha que ficar mais atenta, ou perderia seu voo e não conseguiria chegar a tempo para a tão esperada prova do vestido.
(...)
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Dangerous Love
Romance[CONCLUÍDA] Clarice Gouthier não imaginava que ser madrinha de casamento de sua melhor amiga lhe traria tantos problemas. Após uma série de eventos que a obrigaram a morar com um completo estranho, ela só gostaria de acordar e descobrir que tudo não...