Capítulo Onze

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[...]

Clarice caiu no chão, respirando ofegante. Os braços abertos, os membros latejantes e a cabeça pesada.

– Chega – reclamou tentando engolir saliva, apesar da boca seca – Me dá um tempo.

Ela apenas pôde observar enquanto Aidan caminhava até estar por cima dela, uma perna de cada lado de sua cintura, as mãos apoiadas nos quadris, o sorrisinho irritante adornando a cara abusada. Ele estava sem camisa, as tatuagens expostas se destacando sobre a pele bronzeada, os olhos azuis acesos transmitindo pura malícia e diversão.

Ele estava adorando torturá-la até que implorasse por compaixão.

– Lembre-se que foi você que pediu por isso – ele justificou, ainda de pé sobre ela – Não estou fazendo nada que você não queira.

Clarice bufou, virando a cara para não ser obrigada a encará-lo.

Não tinha pedido por nada disso. Não tinha pedido pelos exercícios exaustivos, pelas provocações irritantes a cada minuto, pelo tórax desnudo desfilando em sua frente e tirando sua concentração...

Não tinha pedido nada daquilo, mas estava adorando cada segundo.

Quis se socar quando o pensamento passou por sua cabeça.

Sim, tinha que admitir que Aidan sem camisa era mais uma benção do que uma maldição, mas não deixava de irritá-la, já que aquele aperto em seu baixo ventre continuava a lembrá-la de quanto poder ele tinha sobre ela.

Detestava isso.

Após passar uma noite e um dia inteiro fora, Aidan finalmente tinha voltado à mansão determinado a irritá-la até que não tivesse mais um pavio de paciência para queimar. Na verdade, a morena já estava achando que ele nem mesmo voltaria, por isso quando o viu entrar pela grande porta da mansão foi impossível impedir seu coração de dar alguns pulos no peito.

Ridiculamente idiota.

E agora estava ali, morta, exaurida após uma sessão de exercícios de quase duas horas. Entre corridas, obstáculos e polichinelos, o suor a estava deixando grudenta e ela sentia que não conseguiria dar mais nenhum passo.

Mas Aidan insistia que ela tinha pedido por aquilo.

Tinha pedido ao moreno que lhe ensinasse defesa pessoal, não que a matasse de cansaço! Se pudesse, a cada vez que aquele sorrisinho debochado aparecesse, ela gostaria de socá-lo até a morte.

Perdida em seus pensamentos assassinos, Clarice não percebeu o que acontecia logo acima de seu corpo. Só se deu conta quando sentiu a massa de músculos e tatuagens lhe cobrir dos pés à cabeça, ao mesmo tempo que o cheiro masculino tão bom invadia seus sentidos.

Virou sua cabeça para cima, percebendo que o rosto de Aidan estava a poucos centímetros do seu.

– O que pensa que está fazendo? – perguntou irritada.

Ele alargou ainda mais o sorrisinho debochado.

– Tive a impressão de que estava pensando seriamente em me matar.

– Ah, você nem imagina, chér.

– Por isso, resolvi distrair você para que desista, já que, obviamente, eu não teria nenhuma chance contra sua fúria assassina.

O fato de que ele estava sendo tão irônico bem em sua cara fazia o sangue de Clarice ferver, e não era de um jeito bom.

Mas o moreno estava subestimando-a, e isso era uma vantagem. Ele não sabia, mas já tinha feito algumas poucas aulas de defesa pessoal no colégio.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora