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O Porto de Livorno estava estranhamente silencioso.
O ar frio da noite era úmido por conta da maresia. Um vento gelado agitava os cabelos de Clarice conforme ela descia do grande carro blindado, o vestido prateado não fazendo muito para aquecê-la.
Automaticamente, os olhos verdes correram pelo lugar, o corpo esquecendo-se do frio enquanto procurava atenta por algum sinal de perigo. Mesmo que tivesse plena certeza de que Aidan e Luca tinham se assegurado de que o porto estava realmente retomado e seguro novamente, ela não podia deixar de querer garantir isso com os próprios olhos antes de andar por aí.
Os pelos de seus braços se arrepiaram e ela discretamente se abraçou, tentando controlar os tremores por conta da baixa temperatura.
Que horas seriam? Com certeza já passava das quatro da madrugada, considerando que tinham levado quase três horas e meia de carro para chegar até ali, mas a temperatura continuaria a cair até que o sol nascesse.
Preparou as pernas rígidas de frio para caminharem, mas antes que pudesse dar o primeiro passo, sentiu algo quente e macio ser colocado sobre seus ombros. A sensação foi comparável a um abraço aconchegante. O cheiro de Aidan logo invadiu suas narinas, relaxando seus músculos tensos.
O moreno passou ao seu lado, tomando a frente do trio e começando a caminhar com tranquilidade em direção aos fundos do porto. Tinha deixado seu paletó sobre os ombros de Clarice num movimento delicado, enfiado as mãos nos bolsos da calça e então seguido seu caminho, agora ostentando apenas a camiseta branca com as mangas arregaçadas e um suspensório, que segurava seu coldre.
Na cintura, reveladas pela falta de paletó, duas pistolas reluziam contra o brilho da lua.
Clarice quis protestar, dizer que não precisava do casaco, mas a peça estava tão quentinha... Não devolveria nem que ele pedisse.
Ajeitou-se, enfiando ambos os braços nas mangas do paletó e voltou a se abraçar, sentindo-se aquecida. Quando Luca a alcançou, ambos trocaram um olhar rápido e então começaram a caminhar lado a lado, seguindo na mesma direção que Aidan havia tomado.
Alguns homens já esperavam por eles. De longe, Clarice podia perceber o quanto pareciam cansados. Também não pôde ignorar a quantidade de sangue que ostentavam sob a pele visível e as roupas.
Tiveram o bom senso de não ignorar Aidan de forma alguma. Numa sincronia que parecia ensaiada, se curvaram para o Don, que surpreendentemente não tentou arrancar nada deles. Ao invés disso, apenas se virou em direção à Clarice e Luca, as mãos ainda enfiadas nos bolsos e a postura relaxada.
Estavam esperando por Clarice.
Ao entender isso, a morena quis abrir um sorrisinho satisfeito, mas se controlou, permanecendo com a expressão séria.
Não importava que Aidan fosse o Don da família, que fosse tão poderoso e influente. Seus homens só dariam satisfação à ela, afinal.
Percorreu o restante do percurso a passos lentos, com Luca caminhando firmemente ao seu lado. Quando finalmente parou em frente a seus homens – que, por Deus, ela nem mesmo conhecia – esperou que todos de curvassem e retornassem às suas posições – ombros eretos, mãos às costas – para começar.
– Onde ele está? – não era necessário explicar sobre quem perguntava.
Um dos homens deu um passo para frente. Tinha um corte profundo em seu supercílio, mas não pareceu se incomodar de fato com a dor.
Não quando estava na presença de Clarice.
O homem fez um sinal simples com a cabeça e então uma pequena movimentação aconteceu. Em alguns segundos, dois outros homens surgiram pelo lado esquerdo, arrastando alguém grande e pesado com dificuldade.
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Dangerous Love
Romance[CONCLUÍDA] Clarice Gouthier não imaginava que ser madrinha de casamento de sua melhor amiga lhe traria tantos problemas. Após uma série de eventos que a obrigaram a morar com um completo estranho, ela só gostaria de acordar e descobrir que tudo não...