Capítulo Nove

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[...]

– Quero falar com você – anunciou Clarice assim que cruzou com Aidan em um dos corredores.

Eram as primeiras horas da manhã do dia seguinte e, após um banho e um café da manhã reforçado, a morena se sentia melhor, apesar de um pouco dolorida.

O treino na noite anterior tinha invadido a madrugada, durando horas, e toda a irritação de Aidan pareceu ter sido convertida em talento para sugar todas as suas energias.

Mas tinha sido bom. Após sua pequena provocação o moreno tinha se emendado, ensinando-a algumas coisas sobre defesa pessoal e o que poderia fazer em alguma possível situação de risco.

Mas não podia ignorar o fato de que ainda podia sentir o beijo que haviam trocado em seus lábios, assim como o fantasma das mãos dele passeando por seu corpo.

O moreno parou, virando para ela com uma expressão de poucos amigos. Estava bem vestido, visivelmente pronto para o trabalho, mesmo que ainda fosse tão cedo que o sol mal apontava no horizonte.

Ele tinha dormido na mansão? Mas e o apartamento?

– O que foi? – ele praticamente resmungou.

A morena nada disse, apenas parou em frente a ele e estendeu uma das mãos.

– O que é isso? – ele voltou a perguntar.

– Isso significa: quero dinheiro.

O moreno franziu sua testa.

– Como é?

Clarice bufou, revirando os olhos, e então baixou seu braço.

– Você não se lembra? Olivia me ligou ontem e insistiu para sairmos juntas hoje. Ela vai passar aqui às dez.

– E o que isso tem a ver comigo?

A morena quis socar aquela expressão arrogante que ele ostentava enquanto arrumava aquele maldito botão na manga da camisa, mas em vez disso, apenas ergueu seu dedo indicador e o enfiou com força no peito do moreno, sentindo sua unha cutucar o tecido nobre.

– Já que grande porcentagem da culpa por isso tudo é sua, pensei: "nada mais justo do que ele bancar minha estadia aqui. Posso dar algum prejuízo como vingança pelo que está me fazendo passar".

– E para que, exatamente, você precisa de dinheiro?

– Eu preciso de roupas, Aidan, e de shampoo. Não posso continuar usando sabonete para lavar o meu cabelo e não posso continuar usando as suas roupas.

O moreno passeou os olhos pelo corpo da morena, abrindo um sorrisinho debochado.

– Eu não me importo – ele revelou, os olhos azuis se acendendo.

– Mas eu me importo – contrapôs a morena, irritada – Olha, eu odeio pedir dinheiro para os outros e você sabe disso, mas considerando que tudo o que era meu ficou em Atlanta, eu-

A morena interrompeu sua fala agitada quando Aidan agarrou seu antebraço e o puxou para cima. Com a mão livre, ele enfiou um cartão em sua mão.

Um blackcard.

– Use como quiser.

Clarice sorriu sapeca, apertando o cartão em suas mãos um dedo de cada vez.

– Não tem medo de ficar pobre, cher? Posso fazer um estrago na sua conta.

Aidan enfiou ambas as mãos nos bolsos da calça, parecendo tranquilo.

– Nem se comprar todas as roupas da Itália vai me deixar pobre, ragazza.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora